11/09/15

Literacia e educação


Na terça-feira passada, 8 de Setembro, comemorou-se o Dia Internacional da Literacia, criado pela ONU e UNESCO em Novembro de 1965 (1967?). O tema para 2015 “Literacia e Sociedades Sustentáveis”, considera que a literacia é essencial para o desenvolvimento sustentável das sociedades.” Com este dia pretende-se destacar a importância da literacia para as pessoas e sociedades.
Também este ano, a ELINET (European Literacya Policy Network), criou a Semana da Literacia como forma de alertar para a necessidade de tomar medidas que permitam aumentar os níveis de literacia. De 8 a 17 de Setembro, decorre por toda a Europa a “Semana da Literacia 2015″. 

De acordo com o UIS (UNESCO Institute for Statistics), 757 milhões de adultos em todo o mundo (1), dois terços dos quais são mulheres, ainda carecem de habilidades básicas de alfabetização. O número de crianças e adolescentes fora da escola está em ascensão, situando-se em 124 milhões, e cerca de 250 milhões de crianças em idade escolar primária não estão a dominar habilidades básicas de alfabetização, mesmo enquanto estão na escola. 
Para haver sucesso pessoal e social não é suficiente saber ler e escrever (2), é necessário que se entenda o que se lê o que levará ao desenvolvimento de competências na vida das pessoas: o consumo, estilos de vida saudáveis e sustentáveis, ecologia e ambiente, redução da pobreza, participação cívica...
Dominar a leitura escrita e cálculo liberta da ignorância, dá poder e autonomia aos indivíduos de forma que possam ser sujeitos críticos, tomar decisões mais acertadas e controlar melhor a sua própria vida.

De acordo com relatório recente da ONU, cerca de 84% da população mundial já pode ser considerada alfabetizada. (3)
O problema é que é necessário que se atinja um nível de literacia mínimo, isto é, que se atinja um nível de leitura funcional, tendo em conta que a literacia é a capacidade de processamento, na vida diária (social, profissional, e pessoal) de informação escrita de uso corrente contida em vários materiais impressos (textos, documentos, gráficos). Este conceito tem dois aspectos:
. permite a análise da capacidade efectiva de utilização na vida quotidiana das competências de leitura escrita e calculo
. remete para um continuo de competências que se traduzem em níveis de literacia com graus de dificuldade distintos 

Num estudo feito em Portugal (4), com população entre os 15 e os 64 anos, sobre os níveis de literacia, a avaliação feita com uma escala de seis pontos (5) manifestou que 79,4 % se encontravam abaixo do nível mínimo para se responder aos desafios diários ( nível 0, um e dois).

Apesar destes resultados, há muitos sinais positivos conseguidos ao longo dos anos:.
. Primeiro, creio que já todos aprendemos que estas coisas da educação funcionam a longo prazo. Foram necessários mais de 100 anos para que a ideia generosa da 1ª república de luta contra o analfabetismo, atingisse objectivo de uma sociedade escolarizada e, mesmo assim, ainda não conseguido na totalidade. 
. Segundo o censo de 2011, há 5,2 % de portugueses que continuam sem saber ler nem escrever, ou seja, mais ou menos 5 em cada 100 portugueses, continuando as mulheres mais penalizadas (mulheres 6,8%; homens 3,5 %).

. A alfabetização e literacia vão deixando de ser campo de disputa político-partidária (como as campanhas de dinamização cultural do MFA da famosa 5ª divisão, em 74-75; ou o programa “novas oportunidades” ).
. A inclusão de todos os alunos na escola tem vindo a ser cada vez mais efectiva de forma a que também os níveis de literacia sejam mais elevados. Por isso, há que dar oportunidades agora a todos os alunos que frequentam a escola estatal ou privada.
____________________________
1) De acordo com o CIA World Factbook, quase 75% dos 775 milhões de analfabetos no mundo estão concentrados em dez países (em ordem decrescente: Índia, China, Paquistão, Bangladesh, Nigéria, Etiópia, Egito, Brasil, Indonésia e a República Democrática do Congo). 
2) agora mesmo ! Grupo de peritos de alto nível sobre literacia da UE, Síntese, Setembro de 2012.
3) Alguns países tem 100% da população alfabetizada o que, certamente, não corresponde à realidade.
4) Benavente, Rosa, Costa e Ávila, A literacia em Portugal. Resultados de uma pesquisa Extensiva e Monográfica (1996).
5)  O UIS desenvolveu uma Avaliação da Literacia e Programa de Monitorização (LAMP) para fornecer as informações de diagnóstico necessárias para monitorizar e melhorar as competências de literacia.

Sem comentários:

Enviar um comentário