26/01/21

"Sol ! Sol ! Não sustenido ! Magnífico"

Edvard Grieg - Concerto para piano e orquestra em lá menor, opus 16.
hr-Sinfonieorchester – Frankfurt Radio Symphony dirigida por Andrés Orozco-Estrada; Alice Sara Ott, piano.
I. Allegro molto moderato
II. Adagio
III. Allegro moderato molto e marcato

Talvez aqui.

Khatia Buniatishvili, piano;
Orchestre National du Capitole de Toulouse, dirigida por Tugan Sokhiev.


Hoje, em confinamento pandémico e sem vislumbre de Sol, sensibilizou-me em especial o Adágio. E também dois episódios da biografia de Grieg. 

"O pai de Grieg era um homem culto e melómano; e a mãe possuía notáveis aptidões musicais - chegou a actuar como solista em concertos com a orquestra de Bergen. Foi dela que, aos seis anos de idade, Edvard recebeu as primeiras lições de piano, instrumento que viria a ocupar um lugar privilegiado na sua carreira. Nessa altura, o rapaz mostrava especial predilecção pelas obras de Mozart, Chopin e Weber. Na escola, a sua sensibilidade expunha-o à zombaria dos colegas e professores. Não surpreende que, por essa razão, Edvard obtivesse resultados fracos nas disciplinas académicas e passasse horas inteiras a estudar piano. Aos 12 anos, começou a compor. Para Grieg, concluir a escola representou um verdadeiro alívio. Tinha então 14 anos." (p. 11-12)

"Numa carta a um amigo, Grieg referiu: "Vou relatar-te um episódio fantástico, que nunca poderei esquecer. No final do último andamento, o tema secundário repete-se em "tremolo" fortíssimo. Nos últimos compassos, quando a orquestra altera a primeira nota das tercinas iniciais, passando do Sol sustenido para o Sol, enquanto o piano percorre impetuosamente o teclado de extremo a extremo numa passagem vertiginosa, Liszt deteve-se de repente, pôs-se de pé e, abandonando o piano, atravessou com energia o amplo recinto conventual, entoando o tema a viva voz. Ao chegar à nota em questão - Sol - abriu os braços num gesto imperioso e exclamou: "Sol ! Sol ! Não sustenido! Magnifico!" Voltou a sentar-se ao piano, repetiu toda a passagem e concluiu a interpretação." (p. 21)

Edvard Grieg, Grandes compositores 13, Expresso, Editorial SOL 90.