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09/10/13

Magia na diferença


Jamie Oliver, devido à dislexia, leu o primeiro livro aos 38 anos. Teve muitas dificuldades de aprendizagem e não completou nenhum curso regular.
É bem o exemplo de "não sei fazer isto mas sei fazer aquilo".
Jamie Oliver é responsável por muitos jovens terem começado a cozinhar, fazendo as suas próprias refeições de forma mais saudável.

A educação alimentar, dispersa no currículo de ciências, podia ter mais espaço nos projectos da escola e, certamente, com sucesso.  Esta é também uma forma de educação positiva.



“If we can get gardens growing, food education in the classroom and better school dinners; if we can teach communities to cook and give young unemployed people the skills to succeed, we've got a really powerful, inspirational catalyst for change, both now and for generations to come. We all have the opportunity to come together and do something that really makes a difference.” Jamie Oliver

15/12/11

Quando as letras fazem sentido


A avaliação dos alunos, no final do 1º período, é um momento de reflexão para a escola, professores, pais e encarregados de educação.
A avaliação, para além dos grandes números das estatísticas, deve ter em conta os alunos em concreto.
Um particular cuidado deve ser posto em relação aos alunos que entraram para o primeiro ciclo porque é fundamental, nesta altura, saber se a criança se adaptou bem e se começou a fazer as aquisições da leitura escrita e cálculo.
Com frequência, é quando os pais se confrontam pela primeira vez com algumas dificuldades de comportamento ou de aprendizagem dos filhos, podendo surgir alguma desilusão face às expectativas dos pais.
Os problemas escolares são multifactoriais. Dependem da própria criança e de tudo o que está à sua volta: a comunidade em que vive, a família, a escola os professores.
A culpabilização ou a vitimização são uma simplificação. Temos pais que se culpam a si próprios ou culpam imediatamte a escola ou o professor.
Mas tudo na escola é muito mais complexo: a relação pedagógica é a interacção de duas pessoas que estão em desenvolvimento, o aluno e o professor, que trazem para a escola a narrativa familiar.
Por outro lado, alguns problemas escolares ainda não são compreendidos ou esclarecidos pela ciência e ainda não é fácil fazer o diagnóstico.
A ligeireza das avaliações pode fazer pensar que todo o problema se deve ao desinteresse do aluno pela escola ou que é preguiçoso, infantil e imaturo.
Está, certamente envolvida a responsabilidade do aluno, mas há que evitar tomar medidas à sorte que geram alguns dramas familiares:
O mais à mão, e o mais pernicioso, passa pela punição física,
As punições mais soft que hoje em dia são: retirar à criança a quinquilharia electrónica: computador, playstation, telemóvel, video…
A punição "pedagógica": horas intermináveis de “estudo” que levam ao desespero dos pais e da criança, transformam  o problema escolar no centro da vida familiar.
Ou então retirar actividades de que a criança gosta particularmente como praticar um determinado desporto ou outra actividade física, estar com os amigos, ir ao cinema
Já sabemos que estas atitudes não resolvem nem melhoram o problema e, por vezes, até o agravam.
Por isso, é preferível ir à raiz do problema.
A experiência diz-nos que nem todas os alunos aprendem da mesma maneira mas a metodologia é a mesma para todos. Por isso, convém saber se os métodos que estão a ser usados com aquela criança concreta são para ela os mais adequados ou não.
Quando se muda de método, podemos ficar perante uma criança motivada para quem as letras podem começar a fazer sentido e as coisas de que falamos podem estar simbolizadas num conjunto de letras, as coisas grandes em poucas letras e as coisas muito pequenas e invisíveis em palavras maiores.
Quando uma pessoa tem um problema de saúde ou outro qualquer o que é que fazemos? Ajudamos. Com as crianças não é assim. Com as crianças que têm um problema, castigamos.
É por isso que devemos mudar de método e de atitude. A família deve então cumprir o seu papel e agir ao contrário daquilo que é costume: ajudar em vez de castigar.

26/03/11

Dislexia ou dislexias ?

Esquema proposto pela Neuropsicologia Cognitiva para interpretar as
diferentes etapas do tratamento da informação durante a leitura (C. Caldas)

As dificuldades escolares das crianças têm gerado alguma confusão no que se refere a situações mais complexas da aprendizagem. É o que se passa com a dislexia.
Nem sempre a informação que se encontra na internet é esclarecedora. Mas também nem todas as pessoas que falam destes assuntos nos esclarecem.
Isto tem alguma explicação para ser assim. No estado actual dos nossos conhecimentos há diversas teorias explicativas e nem todas são coincidentes.
Apesar de estar definida nas perturbações da aprendizagem, trata-se de um conceito não estabilizado.
Para efeitos práticos, um dos cuidados a ter neste assunto como nos assuntos da psicologia diz respeito ao profissional consultado.
Os pais devem saber se se trata de um psicólogo, isto é, dito de outra forma, se se encontra inscrito na Ordem dos Psicólogos, condição para se poder exercer a psicologia.
Não é uma mera questão corporativa. Trata-se de garantir uma avaliação rigorosa e fidedigna.
Depois é necessário saber se o psicólogo faz avaliações e intervenções nesse campo.
Mesmo assim podemos estar perante relatórios de psicólogos que seguem diagnósticos diferentes e propõem soluções diferentes. Porque não usamos os mesmos instrumentos de avaliação porque partimos de concepções teóricas diferentes.Muitos destes relatórios levantam imensas dúvidas e levam a suspeitar que quem avaliou as crianças não teve em consideração todos, os critérios necessários, ou, pelo menos, os mais importantes, para que o diagnóstico seja efectivamente rigoroso.
Sabemos que há determinados modelos teóricos que levam a que a criança seja caracterizada como disléxica quando não cumpre rigorosamente alguns critérios para que isso aconteça.
Há no entanto alguns consensos a que podemos chegar. Já referimos  aqui  alguns critérios fundamentais.
A dislexia é um problema neurológico em que se pode atenuar a dificuldade da leitura mas vai permanecer ao longo da vida. É uma dificuldade específica de aprendizagem.

Para além da teoria fonológica que parece ser a mais consensual, actualmente, não se pode concluir por um défice fonológico em todos os disléxicos mas concluir-se que existem várias dislexias.
S. Casalis, e A. Padioleau (1),  referem as teorias seguintes:
 - Fonológica - parece ser esta capacidade a mais severamente atingida nos disléxicos e parece estar em jogo mais a linguagem oral do que a visão. Ora descobriu-se, nos disléxicos anomalias anatómicas em certas regiões do córtex implicadas na linguagem. O postulado da teoria fonológica é então o seguinte: Os problemas da leitura nos disléxicos poderiam vir duma má representação ou dum tratamento inadequado dos fonemas.
- Visual – mantém-se hoje esta perspectiva. Parece que alguns disléxicos têm uma visão menos sensível aos contrastes. E quando se lhes pede para seguirem um alvo em movimento, fazem-no com dificuldade. A sua visão periférica parece estar afectada com défices na persistência visual. É, no entanto, difícil saber se estes problemas estão na origem das dificuldades de leitura.
- Temporal (P. Tallal) – esta perspectiva chama a atenção para a dificuldade em distinguir os sons que se sucedem rapidamente. Os disléxicos não seriam capazes de perceber as variações rápidas na palavra.. Não há, no entanto, consenso relativamente a esta teoria.
- Motora - esta perspectiva (R. Nicholson) defende que é ao nível do cerebelo que está a origem dos problemas de dislexia e os disléxicos têm performances reduzidas a nível do equilíbrio, da sincronização e dos automatismos.
Em conclusão, continua a investigação acerca deste assunto, embora a perspectiva fonológica seja a que merece maior consenso.
 Quando as dificuldades são muito graves deve analisar com o director de turma ou com o professor titular de turma se o aluno deve ou não ser incluído nas necessidades educativas especiais.
Esta inclusão deve ser feita até final do 6º ano, a fim de que o aluno possa beneficiar das adequações especiais de avaliação nos exames nacionais.
Caso contrário, não poderá beneficiar dessa situação.
A avaliação completa será efectuada pelo psicólogo, em equipa com professor e os pais para poderem responder às necessidades da criança.
Às vezes, as crianças não aprendem porque não querem; às vezes não aprendem porque não podem e elas são as primeiras a sofrer com isso. Quando isso acontece, merecem todo o nosso apoio.

(1) S. Casalis, e A. Padioleau (2003), «Dyslexies plurielles», Science et Vie, nº 222, pag. 108-113.

10/11/10

Dislexia


Um dos problema escolares que mais preocupa os educadores, pais e professores, é, no início da escolaridade, a aprendizagem da leitura e escrita.
Os pais são confrontados pela primeira vez com as dificuldades que os filhos apresentam na escola. Uma dessas dificuldades diz respeito à dislexia
Ao contrário do que parece, porque com alguma facilidade se fala de dislexia em relação a um aluno que encontra dificuldades de leitura, convém dizer que não há consenso sobre este assunto da dislexia. Nem quanto à sua etiologia nem quanto ao seu tratamento.
É um problema grave que atinge percentagens de 5 a 10% na população escolar.
Alguns consensos no entanto têm sido encontrados. Trata-se de uma questão genética.
Os pais de crianças disléxicas sempre tiveram consciência de que, ao aprender a ler, os filhos passam pelas mesmas dificuldades que eles próprios experimentaram na sua fase escolar.
Há estudos que indicaram o cromossoma 6 e o cromossoma 15 como o foco do problema.
Por outro lado, sabemos que, nos vários estudos realizados há uma grande desproporção entre rapazes e raparigas disléxicas, 70 a 80% dos sujeitos diagnosticados com perturbação da leitura são do sexo masculino, ou seja, uma proporção de 8 a 9 rapazes para uma rapariga.
A dislexia é «uma dificuldade específica de aprendizagem de origem neurobiológica. É caracterizada por dificuldades na correcção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de um défice fonológico, inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais»(Associação Internacional de Dislexia, 2003).
tendo em conta esta , ou outra, definição, deve ser feita a avaliação da dislexia com base num protocolo rigoroso.
A criança deve apresentar determinadas características e sintomas de que destaco os mais importantes:
- A criança deve ter oito anos ou mais.
- Ter atraso na leitura de dois ou mais anos em relação às crianças da mesma idade.
- Velocidade na leitura ser inferior a 50/60 palavras por minuto.
- Cometer erros frequentes na leitura (omissões, substituições, inversões de fonemas).
- Compreensão do texto muito pobre
- Ter uma inteligência normal (ou superior).
- Não apresentar perturbação sensorial (problemas de audição ou de visão).
Perante um aluno que apresenta uma situação destas, a primeira coisa a fazer é que a família estabeleça relações com a escola de forma transparente, no sentido em que os pais devem fornecer à escola elementos sobre o desenvolvimento dos filhos.
As dificuldades só podem ser compreendidas, tratadas e se, for possível, ultrapassadas se a informação entre escola e família funcionar.
Se no 4º ano de escolaridade identificar é muito tarde para identificar uma dislexia,  não devemos entrar em ansiedade quando, no início da escolaridade, encontramos alunos que têm dificuldade em se adaptar à escola e a essa grande tarefa que é aprender a ler.