29/07/20

Hoje é dia de ouvir R. Schumann


Schumann - 8/Junho/1810 - 29/Julho/1856
Robert Schumann - Kinderszenen Op. 15, "Scenes From Childhood", 1838. 
Vladimir Horowitz in Vienna, 1987
00:38 Scene No.1 | Von fremden Ländern und Menschen (Of Foreign Lands and Peoples) 
02:09 Scene No.2 | Kuriose Geschichte (A Curious Story) 
03:15 Scene No.3 | Hasche-Mann (Blind Man's Bluff)
03:48 Scene No.4 | Bittendes Kind (Pleading Child)
04:38 Scene No.5 | Glückes genug (Happy Enough)
05:17 Scene No.6 | Wichtige Begebenheit (An Important Event)
06:09 Scene No.7 | Träumerei (Dreaming) 
08:43 Scene No.8 | Am Kamin (At the Fireside)
10:02 Scene No.9 | Ritter vom Steckenpferd (Knight of the Hobbyhorse)
10:43 Scene No.10 | Fast zu ernst (Almost Too Serious)
12:12 Scene No.11 | Fürchtenmachen (Frightening)
13:52 Scene No.12 | Kind im Einschlummern (Child Falling Asleep)
15:31 Scene No.13 | Der Dichter spricht (The Poet Speaks)

O papel dos avós na sociedade actual





1. Quero terminar mais este ano de crónicas a falar dos avós. Da sua importância na família, do seu papel relevante na educação dos netos, do seu papel simbólico, daquilo que são e das expectativas que criam e também do que não devem ser. 
A pandemia trouxe muitas dificuldades às famílias e os avós foram dos mais sacrificados neste contexto porque durante alguns meses não puderam estar com os netos e desempenhar o seu papel habitual no seio da família.
Também porque domingo passado, dia 26, foi comemorado o dia dos avós que tem origem na tradição católica.
E, finalmente, porque, mais uma vez, tive a felicidade de ser avô.


2. Muitas vezes há uma visão estereotipada, embora simpática, das relações com os avós: os avós são considerados e representados com uma imagem de bonzinhos, velhinhos, ambos são gordinhos, têm sempre o cabelo branco, ou  o avô geralmente é careca e com bigode, ambos usam óculos, vestem roupa fora de moda... 

3. Françoise Dolto, médica pediatra e psicanalista, há cerca de 70 anos, escreveu de forma relevante sobre o papel dos avós na educação das crianças.
Para Dolto, as interacções dos avós na família têm que ser vistas nesta dupla perspectiva: pais-filhos da primeira geração, pais-filhos da segunda geração.
Nesta perspectiva, mais ajustada e realista, os avós podem ter dificuldades psicológicas  que vêm do seu desenvolvimento psicológico: sentimentos de inferioridade, de culpabilidade, de insegurança...
Nem todos os avós têm competências para educarem os netos e “longe de responderem às necessidades dos pais perante os filhos apenas acrescentam muitas vezes a essas dificuldades as dificuldades que eles também conheceram outrora como crianças, e depois como pais.” (p. 75)

4. Dolto explica-nos o que os pais esperam dos avós e o que a criança espera dos avós.
Os pais esperam dos avós, vivam longe ou perto, coabitem ou não: segurança, autoridade, que vejam os pais como adultos e os deixem evoluir livremente como tal, e que não aliciem as crianças. 
Por outro lado, a necessidade de segurança da criança não pode ser “enfraquecida ou contrariada pelo facto dos seus avós considerarem os seus pais como crianças, e os seus pais ficarem ofendidos com esse juízo, ansiosos, feridos, como desequilibrados”. (p.78)

 “O papel verdadeiro e social dos avós é o que os torna importantes, papel do fundamento genético da família... sem eles nada existiria porque foi por eles que o bem indispensável mais precioso foi dado: a vida”  (p. 79)
 “O papel simbólico que desempenham os avós, vivos ou mortos, é muito importante para a criança...
... quando uma criança dos 4 aos 5 anos fala dos seus avós, não se trata de modo nenhum do avô ou da avó reais que existem ou existiram. Trata-se ao mesmo tempo deles e dela própria, uma ela própria da qual não tem consciência ou recordação...”  (p. 81)

5. As crianças não vêm com livro de instruções. Os avós também não. É uma aprendizagem e descoberta constantes da família, em que a sabedoria de F. Dolto pode ajudar.

Boas férias, com muita saúde. 

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"Os Avós", Françoise Dolto, L' École des Parents, Dez/1950. Texto que integra o livro referido: A criança e a família - Desenvolvimento emocional e ambiente familiar, Cap.6.









22/07/20

Currículo e ideologia




Artur Guimarães é pai de seis filhos, cinco rapazes e uma rapariga. Os mais novos frequentaram, este ano, o 7º e 9 ano de escolaridade. Os filhos têm sido alunos brilhantes, com média de 5.
Por decisão do pai e da mãe, encarregados de educação, os filhos não frequentaram a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, disciplina essa criada em 2018-19.
Por não terem frequentado esta disciplina, o sr secretário de estado da educação João Costa, fez um despacho em que decidiu que os alunos ficariam retidos dois anos, e voltavam ao 5º ano e 7º ano, respectivamente, levando a anular a acta do conselho de turma de 2018/19 e este ano não tiveram nota na pauta.

Para este pai e esta mãe, esta disciplina “condiciona a consciência e invade o nosso espaço educativo, invade o espaço de consciência” e, acrescenta, “esta disciplina aponta para a "percepção do mundo, do que é o homem, do comportamento do homem".
Este pai "já luta sozinho nesta batalha desde 2008, altura em que usou o seu direito de objeção de consciência para não autorizar os seus filhos a frequentarem esta disciplina (Educação Sexual)”, baseando-se no “ Artigo 36 da Constituição Portuguesa que diz que “os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos.” (Julie Machado, "Alunos de Quadro de Honra chumbados", Observador)

Sabemos que um currículo também é baseado na ideologia. Refere José A. Pacheco (Currículo: teoria e práxis, Porto Editora): “Enquanto projecto cultural, social e politico, o currículo só pode ser construído na base de ideologias ou de sistemas de ideias, valores, atitudes, crenças tudo isto partilhado por um grupo de pessoas com um peso significativo na sua elaboração.
Com o advento do estado moderno, o currículo torna-se um instrumento ideológico com diferentes orientações (Eisner, 1992) que regula as relações entre a sociedade e a escolarização. Por isso, esclarece Kemmis (1988), o currículo é do interesse do Estado e a escolarização é um assunto público, enredada em enormes sistemas burocráticos para controlar todo o sistema educativo porque os professores numa escola de massas, já não seriam facilmente controlados como acontecia numa escola de elites.” (pags. 57-58)
Portanto, a ideologia está presente na elaboração do currículo e é também por isso que os currículos são revistos, reorganizados, alterados e devem ser contestados pelos agentes de educação como professores e famílias...

Por outro lado, o Estado/Governo também deve cumprir as leis, desde logo a Constituição que determina que incumbe ao Estado, para proteção da família, cooperar com os pais na educação dos seus filhos (Artº 67 da Constituição). Ou seja, “a escola está para ajudar a família no que for preciso para a educação (procura da Verdade) das crianças, e não para ultrapassar os seus limites e coagir pelo medo à frequência duma disciplina que vai contra a consciência dos pais.” (J. Machado)
A liberdade de educação inscrita na Constituição, no artº 43 refere:
1. É garantida a liberdade de aprender e ensinar. 
2. O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.
"Também a lei de bases do sistema educativo (LBSE)  refere que o Estado deve: “assegurar o direito à diferença, mercê do respeito pelas personalidades e pelos projectos individuais de existência, bem como da consideração e valorização dos diferentes saberes e culturas”... (J. Pacheco, pag.58-59)

Artur Guimarães teve a coragem de confrontar o Ministério da Educação para defender valores e princípios legais e éticos. Porque o Estado não é dono das consciências. 



Até para a semana com muita saúde.





15/07/20

Minimalismo digital


Numa autoavaliação do consumo de internet e redes sociais direi que sou um utilizador moderado, Apesar disso, não sei se ainda serei capaz de controlar o meu comportamento na utilização dos dispositivos digitais.

O desordenador (G. Elgozy), livro escrito em tempo anterior às redes sociais, já nos alertava para os perigos da informática apesar dos benefícios que também nos trazia.
Porém, estávamos longe de pensar no desenvolvimento das redes sociais e da força que elas têm para modificar os nossos comportamentos que resulta da força do condicionamento operante.

As redes sociais capturam a nossa atenção e o nosso tempo. Os engenheiros das várias empresas e plataformas digitais estão interessados em que cada pessoa deixe de ter vontade própria e passe a depender delas. Quer dizer, estamos perante a programação das pessoas e a alienação digital.

Trata-se, efetivamente, de dependência, isto é, de vício que vai dos comportamentos graves de adição como o jogo altamente viciante  que destrói personalidades e famílias, às manipulações políticas em processos eleitorais que leva à perturbação social nesses países. 

Para além da gravidade de instaurar a censura e de limitar a liberdade de expressão, as redes sociais, apresentam outros graves problemas que afectam milhões de pessoas de que apenas algumas se vão apercebendo: o problema de nos deixarem sem tempo para as coisas importantes da vida por captarem a nossa atenção de forma quase permanente.

Em 2018, a média de tempo gasto em frente aos écrans e monitores, a nível mundial, é de 7,7 horas por dia. O uso da internet, cresceu mais de 209% nos últimos oito anos. (Leah Ryder, 31/07/2018)

Os riscos para a saúde física e mental existem e à medida que mais apps vão surgindo mais pessoas ficam expostas a esses riscos:
Há estudos científicos que concluem que quanto mais uma pessoa usa as redes sociais mais insatisfeita se pode sentir;
O exagero do tempo gasto com dispositivos digitais pode causar danos aos olhos, insónia etc.;
O desenvolvimento social das crianças pode ter dificultados;
Ficamos condicionados e actuamos de modo ansioso e compulsivo devido às notificações constantes nos telemóveis.

Face a esta invasão da nossa personalidade alguns autores tentam alertar-nos para este grave problema e persuadir-nos a viver melhor com menos tecnologia que Cal Newport descreveu como minimalismo digital.

Tristan Harris


Cal Newport

A pandemia veio mostrar, por um lado, a importância e os benefícios das novas tecnologias em todos a áreas da vida humana mas também a nossa dependência da internet, a "manipulação dos espíritos".

É, por isso, necessário reforçar a ideia de que há necessidade de auto-regulação do uso da internet e das redes sociais e de adopção de comportamentos de proximidade do ser humano, da comunicação face a face, dos toques afectivos, de nos olharmos olhos nos olhos e vermos as emoções impressas no rosto do outro. 

Até para a semana com muita saúde.







10/07/20

Respect - Otis Redding ou Aretta Franklin ?







A história de respect. É isto que  falta nas interacções humanas. Aprende-se em casa, na escola, na educação formal e informal. O respeito tem em conta a tolerância mas está para além dela. 
A democracia exige que o respeito comece pelo poder: "dar-se ao respeito" é o móbil de toda a intervenção política e social. É o sentimento que me torna igual em direitos e deveres face aos outros, os mais poderosos ou os mais frágeis. Às vezes é tratar diferente o que é igual e igual o que é diferente porque a igualdade pode não ser justiça. É estar do lado das vítimas tenham elas as características que tiverem. 





Monitorização dos discursos de ódio na internet - a nova censura


Quase sem darmos por isso surgem novas formas de controlar o pensamento, de controlar a liberdade de expressão e de punir quem não pensa da forma que o poder quer.
Recentemente surgiu a notícia de que este governo vai monitorizar o discurso de ódio na internet”. A srª ministra, Mariana Vieira da Silva, disse “estar em preparação um barómetro mensal para acompanhar o discurso de ódio que existe online em Portugal”.

A legislação em relação ao discurso de ódio difere de país para país. Em Portugal segundo a Constituição, “Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual”. (Artigo 13º da Constituição portuguesa) 
Ora isto era mais do que suficiente para que as instituições judiciais funcionassem no caso de alguém desrespeitar. 

Podemos então perguntar: Na realidade o que está em jogo neste projecto ? Sem dúvida a liberdade dos cidadãos e em particular a liberdade de expressão.

O que é monitorizar para o governo?
Segunda a srª ministra : "O Governo está “em vias” de dar início à contratação pública de um projecto que deverá traduzir-se num barómetro mensal de acompanhamento e identificação de sites onde esse discurso de ódio existe, numa tentativa de perceber quais as plataformas visadas, que mensagens são essas, quem as publica e como decorrem os processos de queixas." (Negrito meu)

O que é um discurso de ódio ?
A definição de discurso de ódio do dicionário, diz-nos que é o discurso público que expressa ódio ou encoraja a violência contra uma pessoa ou grupo baseado em algo como raça, religião, sexo ou orientação sexual (o facto de ser gay, etc.).
Tudo isto está na Constituição portuguesa.

Quais são os critérios para classificar um discurso como discurso de ódio, e quem são os avaliadores desses critérios? 
Não sabemos... mas desconfio que será tudo o que é definido como populismo, extrema direita ou mesmo direita...pelos antifas, okupas, anarquistas, black bloc, mascarados e encapuçados das manifestações, brigadas revolucionárias, grupos armados da américa latina, movimentos anti-globalização, radicais das alterações climáticas, os manipuladores da orientação de consumos, do que bebemos ao que comemos... Os que discursam contra Portugal e a sua história, que querem mudar, o achincalhamento da bandeira nacional, o discurso sobre a europa culpada por ser colonizadora e desenvolvida? 
Ou seja, critérios de uma subjectividade ímpar e de um enorme facciosismo antidemocrático.

Por que interessa apenas monitorizar a internet ?
Não sabemos porque não acontece o mesmo com os discursos dos comícios, das manifestações, da imprensa e das televisões. 
Mas talvez pela promiscuidade entre comunicação social e poder... o alvo preferencial seja a internet porque é o único meio que não controlam.
A internet e as redes sociais podem trazer muita sujeira à mistura mas em democracia é sempre preferível que essa sujeira possa exprimir-se sem se ser punido por isso.**

Até para a semana com muita saúde.


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* Alberto Gonçalves, "Monitorizar" o ódio não é amor, é censura,  Observador.
** Compete aos tribunais e ao sistema de justiça avaliar e punir quem não respeita a Constituição, de forma independente e imparcial.








02/07/20

Robinson Crusoé e a nova censura

Título de edição original: The Life and Strange Adventures of Robinson Crusoe, of York, Mariner.
Versão portuguesa seundo a tradução do séc. XiX, de Pinheiro Chagas, condensada e actualizada pelos serviços Editoriais da Editorial Verbo.
Capa e ilustrações de Augusto Trigo.



1. Em 1 de Fevereiro de 1709, Alexander Selkirk foi resgatado numa ilha deserta depois de um naufrágio. A sua história serviu de inspiração a Daniel Defoe para escrever o livro Robinson Crusoe.
O livro Robinson Crusoé fez 300 anos em 2019. Foi publicado originalmente em 1719 no Reino Unido.
Faz parte do Plano Nacional de Leitura, e é aconselhado ao 6.º ano, o que "demonstra a importância e universalidade da sua prosa, que tem resistido ao desgaste do tempo e das teorias literárias." (F. Ribeiro)
O livro tem inúmeras edições, foram realizados diversos filmes sobre o tema. Continua a ser de leitura generalizada, a surgirem as versões mais diversas no cinema....
Interessa-me principalmente como livro didáctico e exemplo de sobrevivência.

2. Em resumo, Robinson Crusoé era um jovem inglês, que tinha o sonho de ser marinheiro, partir num navio e visitar vários países. Apesar de ser contrariado pelos pais que queriam que ele fosse advogado, um dia resolve embarcar.
O seu navio é apanhado por uma tempestade, naufraga e fica encalhado numa ilha. Toda a tripulação morre excepto o jovem Crusoé. Começa por ir buscar mantimentos ao navio naufragado. Constrói uma cabana de madeira, fez carvão, plantou cereais a partir de grãos que havia no navio, construiu barcas, fez ferramentas, mesa, cadeira e tudo o que mais precisava para o seu uso. Um dia descobriu uma tribo de canibais, e destes canibais, ele conseguiu educar um. Deu-lhe o nome de Sexta-Feira (assim chamado em razão do dia da semana que foi salvo). A princípio, trata-o como escravo mas aos poucos encontra um amigo. Robinson, depois de cerca de vinte e oito anos, e após a chegada de um navio inglês, ele e Sexta-Feira, rumaram a Inglaterra. (Wikipedia)

3. Aquilo que podia ser uma efeméride normal, passou a ser mais um assunto do quadro actual de controvérsia que surgem sobre tudo o que não seja considerado sem mácula pela ideologia dos patrulheiros do politicamente correcto
Uma censura terrível tomou conta da sociedade que não é capaz de tomar medidas contra os revisionistas da história. A passividade com que tudo isto é aceite deixa-nos uma grande apreensão.
Tivemos um "pequeno" exemplo na vandalização de algumas estátuas* que pouco ou nada tinham a ver com aquilo que dizem defender: o antirracismo.

4. Fernando Ribeiro, do grupo musical  Moonspell define bem a actual situação no texto "Deixem o Robinson em paz!", (9 mai 2019): "O livro Robinson Crusoé faz 300 anos. Parabéns a você. É um dos meus livros de cabeceira. Li-o quando era jovem, e reli-o inúmeras vezes já adulto, em outros contextos e alturas."
Cada um de nós poderá dizer o mesmo dos livros de que gostou** e que o espírito revisionista que inunda as redes sociais e a comunicação social classifica de racista, colonialista, etc., e é necessário colocar as coisas no tempo e no modo em que tudo sempre aconteceu e acontece, sem apagamentos, silêncios, revisionismo da história e das estórias.***


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* Churchill, P. António Vieira...
**  Como o clássico "E tudo o vento levou", retirado da plataforma de streaming HBO.
*** Por exemplo a censura de género no beijo salvador d 'A Bela Adormecida ou a escola Tàber de Barcelona que retirou cerca de 200 livros – um terço do acervo, entre eles “O Capuchinho Vermelho” e “A Bela Adormecida” – por achar que transmitem valores “tóxicos” às crianças.




   

01/07/20

Amália


Amália da Piedade Rebordão Rodrigues (Fundão, 1/7/1920 – Lisboa6/10/1999

Letra e Música: Alberto Janes 
Guitarra Portuguesa: Raul Nery / Viola: Santos Moreira 
(1952) 
Valentim de Carvalho.