02/07/20

Robinson Crusoé e a nova censura

Título de edição original: The Life and Strange Adventures of Robinson Crusoe, of York, Mariner.
Versão portuguesa seundo a tradução do séc. XiX, de Pinheiro Chagas, condensada e actualizada pelos serviços Editoriais da Editorial Verbo.
Capa e ilustrações de Augusto Trigo.



1. Em 1 de Fevereiro de 1709, Alexander Selkirk foi resgatado numa ilha deserta depois de um naufrágio. A sua história serviu de inspiração a Daniel Defoe para escrever o livro Robinson Crusoe.
O livro Robinson Crusoé fez 300 anos em 2019. Foi publicado originalmente em 1719 no Reino Unido.
Faz parte do Plano Nacional de Leitura, e é aconselhado ao 6.º ano, o que "demonstra a importância e universalidade da sua prosa, que tem resistido ao desgaste do tempo e das teorias literárias." (F. Ribeiro)
O livro tem inúmeras edições, foram realizados diversos filmes sobre o tema. Continua a ser de leitura generalizada, a surgirem as versões mais diversas no cinema....
Interessa-me principalmente como livro didáctico e exemplo de sobrevivência.

2. Em resumo, Robinson Crusoé era um jovem inglês, que tinha o sonho de ser marinheiro, partir num navio e visitar vários países. Apesar de ser contrariado pelos pais que queriam que ele fosse advogado, um dia resolve embarcar.
O seu navio é apanhado por uma tempestade, naufraga e fica encalhado numa ilha. Toda a tripulação morre excepto o jovem Crusoé. Começa por ir buscar mantimentos ao navio naufragado. Constrói uma cabana de madeira, fez carvão, plantou cereais a partir de grãos que havia no navio, construiu barcas, fez ferramentas, mesa, cadeira e tudo o que mais precisava para o seu uso. Um dia descobriu uma tribo de canibais, e destes canibais, ele conseguiu educar um. Deu-lhe o nome de Sexta-Feira (assim chamado em razão do dia da semana que foi salvo). A princípio, trata-o como escravo mas aos poucos encontra um amigo. Robinson, depois de cerca de vinte e oito anos, e após a chegada de um navio inglês, ele e Sexta-Feira, rumaram a Inglaterra. (Wikipedia)

3. Aquilo que podia ser uma efeméride normal, passou a ser mais um assunto do quadro actual de controvérsia que surgem sobre tudo o que não seja considerado sem mácula pela ideologia dos patrulheiros do politicamente correcto
Uma censura terrível tomou conta da sociedade que não é capaz de tomar medidas contra os revisionistas da história. A passividade com que tudo isto é aceite deixa-nos uma grande apreensão.
Tivemos um "pequeno" exemplo na vandalização de algumas estátuas* que pouco ou nada tinham a ver com aquilo que dizem defender: o antirracismo.

4. Fernando Ribeiro, do grupo musical  Moonspell define bem a actual situação no texto "Deixem o Robinson em paz!", (9 mai 2019): "O livro Robinson Crusoé faz 300 anos. Parabéns a você. É um dos meus livros de cabeceira. Li-o quando era jovem, e reli-o inúmeras vezes já adulto, em outros contextos e alturas."
Cada um de nós poderá dizer o mesmo dos livros de que gostou** e que o espírito revisionista que inunda as redes sociais e a comunicação social classifica de racista, colonialista, etc., e é necessário colocar as coisas no tempo e no modo em que tudo sempre aconteceu e acontece, sem apagamentos, silêncios, revisionismo da história e das estórias.***


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* Churchill, P. António Vieira...
**  Como o clássico "E tudo o vento levou", retirado da plataforma de streaming HBO.
*** Por exemplo a censura de género no beijo salvador d 'A Bela Adormecida ou a escola Tàber de Barcelona que retirou cerca de 200 livros – um terço do acervo, entre eles “O Capuchinho Vermelho” e “A Bela Adormecida” – por achar que transmitem valores “tóxicos” às crianças.




   

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