30/07/19

A palavra e a coisa

Excerpto de uma entrevista do filósofo Michel Onfray publicada no número de 30/05/2019 da revista Marianne.
La novlangue se caractérise par une simplification lexicale et syntaxique de la langue. Entre l’écriture inclusive, la féminisation et l’apparition de nouvelles « phobies », n’assistons-nous pas au contraire à une complexification du langage ?
L’écriture inclusive est une des modalités du parler bébé. C’est une écriture illisible au sens étymologique : on ne peut la rendre à l’oral. C’est un jeu avec les mots, un jeu de mots, du genre de ceux qu’effectue un enfant entre 12 et 16 mois, quand il découvre le langage et croit que les mots lui donnent du pouvoir sur les choses et qu’en changeant les premiers il change les secondes.
Ce sont les mêmes nigauds qui, jadis, ont interdit le mot «clochard » en croyant que l’abolition du mot entraînerait de facto l’abolition de la chose et que, de ce fait, il n’y aurait plus de clochards. En effet, il n’y eu plus que des « sans domiciles fixe », avant qu’ils ne deviennent  des « SDF » ou des victimes du « mal-logement »…
Plus d’aveugles mais des « mal-voyants », plus de handicapés, mais des « personnes en situation de handicap », etc. Les mêmes ont pensé qu’en abolissant le mot « race » on supprimerait le racisme, tout en pouvant continuer cependant à être antiraciste – c’est-à-dire à s’opposer à une discrimination entre des choses qui n’existent pas. Croire qu’agir sur les mots, c’est agir sur les choses ne relève pas d’une complexification du langage, mais, bien au contraire, d’une régression du langage vers ses premiers moments. Cette fausse politisation de la langue travaille à une vraie dépolitisation de la société.

Também aqui, pelo José do «Porta da Loja» -  a ditadura está entre nós.

13/07/19

"As três bençãos"


Temos aqui falado da psicologia positiva criada pelo psicólogo Martin Seligman e da teoria do bem-estar que integra, entre outras medidas, as emoções positivas.
Temos tendência a dar relevo ao que de errado acontece na nossa vida e no meio social em que vivemos. O que atrai mais a curiosidade das pessoas, nos eventos sociais e políticos descritos pela comunicação social, são essencialmente os assuntos negativos e as notícias com maiores audiências são acidentes, desastres naturais, todo o tipo de violência, conflitos políticos, guerras ...
Por outro lado, a nível pessoal, na avaliação que fazemos dos nossos comportamentos, em geral, temos tendência a dar mais relevo ao que fizemos errado e a quem nos fez mal; vamos para a cama e não conseguimos dormir porque algo aconteceu que foi perturbador durante o dia e ficamos ali a ruminar nesses pensamentos negativos.

Seligman, tem vindo a estudar o que é a felicidade e o bem-estar. O bem-estar tem cinco elementos básicos:
1) a emoção positiva, da qual a felicidade e a satisfação com a vida são dois aspectos;  2) o envolvimento; 3) as boas relações ; 4) o significado; 5) realização pessoal.

O que é necessário para ser feliz ou ter uma vida boa? O triângulo ser rico, ter poder e sucesso social é talvez o que move muita gente. Porém, podemos perguntar quantos milhões de euros são necessários para fazerem a nossa felicidade, ou a que preço fica o poder ou o sucesso. Os dias de hoje são elucidativos quando a corrupção de milhões, todos os dias com novos casos, nos deixa estupefactos sobre a indignidade e também fragilidade do ser humano, face a estas três situações.
Ou, pelo contrário, a felicidade será ser capaz de desenvolver e atingir o potencial humano sentindo-nos desta forma mais felizes… e o bem-estar está em aumentar as nossas emoções positivas, as relações positivas e a autorrealização? Esta perspectiva psicológica - a psicologia positiva - é mais enriquecedora do que a perspectiva psicopatológica do disfunconamento mental.

O trabalho de procurar o funcionamento positivo da nossa mente pode ser desenvolvido com crianças, adolescentes e adultos. Com base na perspectiva de Seligman, trabalhava com os meus alunos, sobre as forças positivas que cada um de nós tem, tentando descobrir aquelas que são os pontos fortes da sua personalidade. Era interessante verificar como, por vezes, ficavam surpreendidos com as suas forças positivas que eles desconheciam de uma forma estruturada.
A gratidão é uma dessas forças. Já aqui falámos várias vezes sobre ela.

Hoje queria falar de outro exercício proposto por Seligman. (pag. 47)
A dor e a perda que mais tarde ou mas cedo perpassa pela nossa vida transformam-nos e podem conduzir a estados depressivos ou a sentimentos mais profundos de compreensão do que somos na realidade interior e na relação com os outros.
E, embora possam ter os seus pontos mais perturbadores em determinados momentos, todos os dias nos confrontamos com estes sentimentos, com a nossa cultura de preocupação e de ansiedade.
Seligman propõe o exercício das "três bênçãos", que consiste no seguinte:
Durante a próxima semana, antes de ir dormir, em 10 minutos, escreva três situações que correram bem durante um dia, considerando-se o porquê de isso ter acontecido.
Podem ser acontecimentos importantes mas também os mais simples do nosso quotidiano.
No princípio poderá parecer estranho mas o mais provável é que daqui a seis meses esteja menos deprimido, mais feliz e viciados neste exercício.

Neste período de férias que se vai seguir queria deixar uma nota positiva para o bem-estar de cada um. Às vezes as ideias simples e positivas são as mais eficazes. Gostava de despertar em si este sentimento de que é uma pessoa abençoada.
Boas férias.

06/07/19

"Mitos climáticos" 13


Clima, narcisismo e educação parental

O narcisismo está presente na nossa vida, faz parte do nosso desenvolvimento e quando equilibrado dá-nos uma imagem positiva através dos outros. Mas em excesso ele é perturbador.

Freeman Dyson, físico famoso, citado por Rentes de Carvalho, refere, em entrevista, o seguinte
- É interessante notar – diz o jornalista – que muitos (cientistas) cépticos acerca do aquecimento global são pessoas idosas. Porque será?
Dyson permanece calado alguns segundos, o seu olhar preso no do interlocutor:
- Os cientistas idosos são financeiramente independentes e podem falar com toda a liberdade… Fora de dúvida existe um lobby do clima. Há um vasto número de cientistas que ganha dinheiro assustando o público. Não digo que o façam conscientemente, mas é facto que muitos rendimentos provêm desse medo.
O presidente Eisenhower disse um dia que o poder dos militares em determinado momento se torna perigoso, pois é tão grande. O mesmo se constata com o lobby do clima: com o poder de que dispõe torna-se perigoso
Esta separação entre idosos cépticos e jovens defensores do aquecimento global parece ter associadas a culpabilização dos pais e antepassados, por terem estragado o planeta que vão deixar aos vindouros, um planeta em ruínas e sem conserto, e a autoflagelação, dado que os jovens são o ideal que esperávamos de nós próprios, eles são a consciência que nos faltou. Não fomos capazes de lhes transmitir uma sociedade perfeita, uma educação perfeita, um clima perfeito e somos culpados de produzir CO2 em excesso...
Fazemos tudo para que nada lhes falte, das necessidades mais básicas à gestão de expectativas de patamares de excelência nas suas profissões que nós não conseguimos para nós próprios.
Toleramos ou apoiamos as manifestações e as faltas às aulas porque eles estão a lutar contra as nossas falhas na educação parental.
Permitimos que faltem ao respeito aos professores e que exerçam bullying e ciberbullying contra os colegas.
Não compreendem nem lhes importa saber como foi possível terem o nível e a qualidade de vida que têm, neste momento, na Europa. Usam a electricidade, o frigorífico, o automóvel, a climatização, as autoestradas, os transportes... como se isso não existisse para o ambiente. *
Não têm qualquer gratidão aos mais velhos que conseguiram uma vida melhor, pelo sofrimento que tiveram com várias guerras, com a criação da Europa como a zona democrática do mundo onde melhor se vive actualmente. **

E nós os mais velhos perguntamos onde é que errámos? O que se passa com os nossos "príncipes" e "princesas" ?
De facto, errámos e erramos quando não lhes dizemos:
Que educação não se faz sem sofrimento, real e simbólico, através da integração na comunidade, de que a linguagem aproxima mas também afasta dos outros;
Que a educação se faz de forma a terem que lidar com limites e também com a frustração;
Que é necessário, por vezes, dizer não;
Quando não se pode diluir a responsabilização individual em relação a droga, álcool e outros comportamentos aditivos, na ideia de que  “não são todos assim ?";
Quando apagamos as relações hierárquicas no interior da família e não respeitamos os lugares e funções diferenciadas de cada um no grupo familiar;
Quando não lhes damos oportunidade de serem críticos das falsas verdades oficiais em que vivemos, como a das alterações climáticas por acção do homem.

___________________
* Usam computadores, telemóveis sofisticados... desde que o lítio venha de outros países...  
** São descartáveis e são um problema social...


02/07/19

"Mitos climáticos" 12


"Alterações climáticas" - Blog "Corta-Fitas", por  Henrique Pereira dos Santos...


«...Hoje, muito mais que declarações de emergência climática por parte de parlamentos (sobre as quais manifesto o mesmo desinteresse que por Greta Thundberg), interessam-me as opções dos consumidores que obrigam as empresas a mudar os seus modelos de negócio, interessam-me as empresas que por opção interna olham seriamente para as melhorias de eficiência do processo produtivo e investem na inovação que responde às necessidades sociais, incluindo as necessidades de mitigação e adaptação climática.
Os Estados, com certeza, têm um papel nesse processo, por exemplo, quando resolvem taxar o trabalho e o capital em detrimento do consumo, ou quando resolvem apoiar a produção em vez de colmatarem falhas de mercado, ou quando confiam ou não confiam nos seus cidadãos.
Na verdade o potencial para os Estados intervirem negativamente na sociedade é muito grande (logo à cabeça, na limitação da liberdade, por terem o monopólio da violência legal, como é bem visível no triste episódio do prédio Coutinho, em que o Estado pretende resolver coercivamente um erro seu, em vez de o resolver por via negocial), mas o potencial para criarem riqueza e soluções novas é muito limitado, muito menor que o potencial da multidão criar riqueza, novidade e soluções, desde que tenha liberdade para empreender e falhar, por sua conta e risco.
A segunda coisa que me distingue de boa parte dos meus amigos é que eu acho normal que pensem de forma diferente da minha e aceito isso, mas muitos deles recusam-se simplesmente a discutir esta divergência essencial, preferindo eliminá-la para não atrasar a transformação social que acham urgente.
E eu acho essa atitude um erro que se pagará caro, se for a atitude dominante sobre o assunto.»

 
"O Verdete da esquerda" -  Blog "Porta da Loja"


«A ecologia é o último refúgio da esquerda totalitária. O trend, a brand destes tempos é a ecologia orientada para a modificação do mundo, desiderato de sempre desse totalitarismo.
A maioria esmagadora dos media segue a onda, a marca, ao ponto de dar crédito a uma rapariguinha de 16 anos cuja formação científica é incipiente e despreza os cientistas experimentados que não seguem a cartilha.
A denúncia deste novo totalitarismo é apresentada no número desta semana da revista francesa Valeurs Actuelles.»
...

 

"Mitos climáticos" 11

Com a devida vénia transcrevo do "Tempo Contado" , blog de J. Rentes de Carvalho, Bilhetes (44).
«Porque continua e continuará pertinente fica aqui mais uma vez um texto publicado no TC em 21.12.2010 com o título 'Rebeldia'.
Aprecio os rebeldes inteligentes e consequentes. Freeman Dyson (1923) é desses. Físico  famoso e respeitado, trabalhou com Niels Bohr, Oppenheimer, Bethe, Teller, Feynman, ocupou a cátedra de Física na Cornell University e no Institute for Advanced Studies de  Princeton. O politicamente correcto não é com ele. Em recente  entrevista com o semanário neerlandês Elsevier toca, entre mais, estes interessantes pontos que a seguir traduzo:
"Os efeitos do aquecimento global, segundo Dyson, serão mais vantajosos que prejudiciais. Os seus cálculos sobre o dióxido de carbono levam-no a concluir que: Muitos leigos crêem que esse gás na atmosfera resultará em séculos de desastre. Nada menos verdade. Uma molécula de CO2 permanece apenas sete anos na atmosfera, sendo depois absorvida pelos oceanos ou pela vegetação. É um equilíbrio muito dinâmico e totalmente ignorado pelo público.
Um facto matemático que também deveria ser mais conhecido, acha Dyson, é existir uma função logarítmica nos efeitos físicos do CO2. O que significa que quanto maior for o volume desse gás na atmosfera, mais diminuirão os seus efeitos. Do ponto de vista da sociedade isso é extremamente tranquilizante.
- É interessante  notar – diz o jornalista – que muitos (cientistas) cépticos acerca do aquecimento global são pessoas idosas. Porque será?
Dyson permanece calado alguns segundos, o seu olhar preso no do interlocutor:
- Os cientistas idosos são financeiramente independentes e podem falar com toda a liberdade… Fora de dúvida existe um lobby do clima. Há um vasto número de cientistas que ganha dinheiro assustando o público. Não digo que o façam conscientemente, mas é facto que muitos rendimentos provêm desse medo.
O presidente Eisenhower disse um dia que o poder dos militares em determinado momento se torna  perigoso, pois é tão grande. O mesmo se constata com o lobby do clima: com o poder de que dispõe torna-se perigoso."»

01/07/19

"Mitos climáticos" 10


"Estamos condenados? o prazo para salvar a terra termina em 2030".
O catastrofismo da verdade oficial vai "descobrindo" novas datas, nem 2029 nem 2031, mas 2030, que sejam suficientemente assustadoras a curto prazo.
Os "profetas" do fim do mundo continuam a sua avassaladora maré. A coisa está a dar embora já reconheça que a coisa sempre existiu mas... agora é mais rápida. 

"O que são as alterações climáticas e como sabemos que a culpa é da atividade humana?

É certo que o clima tem vindo a alterar-se ao longo de diferentes eras geológicas, mas nunca tão rápido como nos últimos 100 anos devido à atividade humana, o que tem implicações na estabilidade do clima na Terra.
Desde 1880 até agora, as concentrações de gases de efeito de estufa na atmosfera quase duplicaram, tendo passado de 290 partes por milhão (ppm) para 405 ppm em 2016. “A última vez em que o mundo assistiu a concentrações equivalentes de CO2 na atmosfera foi há 3 milhões a 5 milhões de anos, quando o nível médio do mar estava 10 a 20 metros mais alto”, explicou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
Com o período de glaciação há dois milhões de anos, as concentrações de CO2 baixaram. E só voltaram a disparar após a Revolução Industrial - desde então, a sua multiplicação tem sido 10 vezes mais rápida. Paralelamente, as temperaturas médias globais seguem a mesma linha ascendente. Desde finais do século XIX, a temperatura média da atmosfera da Terra subiu cerca de 1°C.
“As alterações climáticas estão a avançar mais rapidamente do que nós [estamos a agir para travá-las]”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres."   Expresso


Então e há 3 milhões de anos, ou lá quantos são, a "culpa" foi de quem?
 

"Mitos climáticos" 9

Com a devida vénia ao Alberto Gonçalves, As crianças que lutam por um mundo pior

"Acima de tudo, ou exactamente abaixo, há a segunda “greve climática estudantil”. Não sei se a adesão foi maior ou menor do que a primeira, realizada em Março. Sei que desta vez as nossas crianças (salvo seja) não precisaram de seguir uma modelo sueca (salvo seja), a divertida “activista” Greta. Em dois meses, o empreendedorismo pátrio conseguiu produzir “activistas” próprios, e logo em dose dupla: Alice Gato e Gil Ubaldo. A menina Alice e o menino Gil concederam uma entrevista à Renascença e ao Público, e a entrevista é um primor.

Para começar, uma das jornalistas parece falar com a menina Alice e com o menino Gil como se falasse com a pequenita Maria Armanda à época em que “Eu Vi Um Sapo” venceu o Sequim D’Ouro. Para continuar, a menina Alice e o menino Gil falam com as jornalistas como se fossem a pequenita Maria Armanda – mas sob os efeitos de uma educação deficitária em juízo e pródiga em clichés.

Exemplos? Vamos a eles: “O 15 de Março foi o início de uma luta e o 24 de Maio é para demonstrar que não nos vamos embora até essa luta ter alguma resposta”; “Para sermos rebeldes e agirmos contra o sistema, temos de começar na juventude. Temos reivindicações sérias e vamos sair à rua para mostrar isso até ao fim”; “Nós até temos crianças da primária a irem às nossas manifestações. E há um grande envolvimento dos professores e dos pais”; “Sim, é verdade, nós faltamos às aulas. A greve estimula muita gente a ter uma acção diária. Faltar às aulas é o menor do nosso problema. Não vale a pena estarmos a ir a uma aula, quando o nosso sistema de ensino não nos incentiva a agir por aquilo que nós acreditamos”; “É como a Greta diz: Nós não conseguimos mudar o clima sem mudar o sistema”; “A nossa luta é transversal e, enquanto lutamos pelo clima, não podemos deixar para trás a luta laboral. Além disso, reivindicamos o melhoramento eficaz da rede de transportes públicos, de modo a reduzir o uso do transporte particular”. E a minha atoarda favorita, a propósito dos objectivos do “movimento”: “Termos 100% de energias renováveis até 2030 e a proibição da exploração de energias fósseis em Portugal”.

Só não é impossível compilar resma comparável de ignorância, criancice, ócio mental e sintomas da desgraça em que estão o ensino e a paternidade actuais na medida em que existe o esquerda.net. Suponho, aliás, que, para a menina Alice e o menino Gil, o site constitua leitura de referência e referência profissional: não faltam carreiras disponíveis para quem, munido de uma “visão” para o “futuro” e fé cega, decide enveredar pelo encantador caminho das “causas”.
Se eu soubesse, teria aproveitado a oportunidade. Na idade da menina Alice e do menino Gil, fiz diversas greves à escola a pretexto do clima: mal o sol aquecia, trocava as aulas pela praia. Faltou-me ser entrevistado pelos “media”. E faltaram-me as “redes sociais” para divulgar o que talvez passasse por uma “ideia”. E faltaram-me os telemóveis e os computadores para multiplicar os parceiros de “luta”. E faltaram-me a lembrança e a lata de transformar a preguiça num modo de vida. E faltaram-me familiares que acolhessem as gazetas, perdão, as greves com orgulho e não com uma sova. Hoje, falta-me a paciência para explicar à menina Alice e ao menino Gil que o “sistema” que “combatem” é justamente aquele que lhes tolera, aceita e, nos momentos de masoquismo, aplaude esse “combate”. Se calhar eles já sabem."

Acção psicológica

A acção psicológica é relacionada normalmente com situações de guerra e,embora fosse desenvolvida a partir da 1ª guerra mundial e principalmente da segunda, sempre foi usada desde tempos remotos.
A acção psicológica envolve duas correntes principais uma com origem nos Estados Unidos e outra na ex-União Soviética, actualmente Rússia. A primeira era sobretudo feita com recurso à publicidade e a segunda à política. As novas potências regionais provavelmente não estarão esquecidas deste instrumento determinante da sua intervenção no mundo.*
Para que a acção psicológica siga o seu caminho é necessário que haja um doutrina, um programa de acção definido, e uma ideia força baseada em slogans, símbolos e estribilhos (hoje diríamos soundbites e palavras de ordem…)
O símbolo é mais simplificado que o soundbite. Deve ser simples, sugestivo não se prestar a transformações fáceis.
A doutrina tem origem nas chefias, define-se num programa de acção e finalmente transforma-se num símbolo para o povo.
A acção psicológica é feita através da propaganda que se destina a influenciar a atitude, o comportamento e o pensamento das pessoas e procura impor uma determinada ideia.
A acção psicológica obedece aos seguintes princípios: não mentir, não exagerar, não ofender a moral, as tradições a que a propaganda se destina.
Quanto à sua origem, a propaganda pode ser branca - quando não se pretende dissimular a sua origem; cinzenta - quando se procura manter na duvida a origem e negra - quando a origem se faz diferente daquela que é.
A propaganda utiliza várias técnicas: aceitação, surpresa, simplificação, repetição e orquestração, ou seja, variação na apresentação…
A propaganda assenta nos reflexos condicionados e nos impulsos instintivos , naturais, do homem, na argumentação, ampliação, derivação ou transfusão....
O que acabei de referir faz parte do caderno de apontamentos de acção psicólogica da minha instrução militar como oficial miliciano, como era vista nos anos 70.

Para quem esteve na guerra do ultramar não é novidade que
“Os planos de acção psicológica diferenciavam quatro grandes grupos-alvo: oficiais, sargentos, praças e população civil…
Como acções que contribuíam para o êxito destes planos eram incluídas as visitas de artistas, figuras conhecidas, altas entidades, comandantes, jornalistas, com as quais se pretendia reforçar no combatente a convicção de estar a lutar por um objectivo comum a toda a sua comunidade.
As acções mais visíveis deste esforço de envolvimento ideológico dos militares foram as realizadas pelo Movimento Nacional Feminino e a Cruz Vermelha Portuguesa, que utilizavam a figura da mulher para fortalecimento do moral dos militares mobilizados e incluíam actividades como o Natal do Soldado, a angariação de madrinhas de guerra, a visita a feridos, a oferta de lembranças aos contingentes mobilizados no momento da despedida e o envio de artigos de desporto e lazer às unidades em África, desde bolas de futebol, a isqueiros, discos, livros e revistas. “

Mais tarde percebi melhor como funciona o condicionamento clássico e o condicionamento operante
Livros como A tirania psicológica, de Andrea Devoto ou A manipulação dos espíritos, de vários autores, tentam mostrar até que ponto nós somos ou não livres de decidir sobre as nossas acções, o culto da personalidade e dos símbolos...
Tudo isto se passa actualmente não só relativamente às guerras que vão acontecendo local ou regionalmente mas também a uma guerra global a guerra psicológica, que está presente nos casos da imigração na Europa ou nos Estados Unidos, ou na alterações climáticas devido à acção do homem, de acções de movimentos ecologistas e animalistas.
A acção psicológica está presente nas informações, noticias, debates… a manipulação dos espíritos faz parte não de uma guerra declarada mas da guerra psicológica...
Quem pode dizer que está a decidir em consciência e livremente? Quem tem a certeza de que não está a ser manipulado, instrumentalizado pela publicidade, pela propaganda, pela acção psicológica ?
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* ..." como se ensinava aos futuros chefes da guerrilha na escola de estado-maior da China, na guerra revolucionária "deve atacar-se com 70 por cento de propaganda e 30 por cento de esforço militar". (Daqui)




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