01/07/19

Acção psicológica

A acção psicológica é relacionada normalmente com situações de guerra e,embora fosse desenvolvida a partir da 1ª guerra mundial e principalmente da segunda, sempre foi usada desde tempos remotos.
A acção psicológica envolve duas correntes principais uma com origem nos Estados Unidos e outra na ex-União Soviética, actualmente Rússia. A primeira era sobretudo feita com recurso à publicidade e a segunda à política. As novas potências regionais provavelmente não estarão esquecidas deste instrumento determinante da sua intervenção no mundo.*
Para que a acção psicológica siga o seu caminho é necessário que haja um doutrina, um programa de acção definido, e uma ideia força baseada em slogans, símbolos e estribilhos (hoje diríamos soundbites e palavras de ordem…)
O símbolo é mais simplificado que o soundbite. Deve ser simples, sugestivo não se prestar a transformações fáceis.
A doutrina tem origem nas chefias, define-se num programa de acção e finalmente transforma-se num símbolo para o povo.
A acção psicológica é feita através da propaganda que se destina a influenciar a atitude, o comportamento e o pensamento das pessoas e procura impor uma determinada ideia.
A acção psicológica obedece aos seguintes princípios: não mentir, não exagerar, não ofender a moral, as tradições a que a propaganda se destina.
Quanto à sua origem, a propaganda pode ser branca - quando não se pretende dissimular a sua origem; cinzenta - quando se procura manter na duvida a origem e negra - quando a origem se faz diferente daquela que é.
A propaganda utiliza várias técnicas: aceitação, surpresa, simplificação, repetição e orquestração, ou seja, variação na apresentação…
A propaganda assenta nos reflexos condicionados e nos impulsos instintivos , naturais, do homem, na argumentação, ampliação, derivação ou transfusão....
O que acabei de referir faz parte do caderno de apontamentos de acção psicólogica da minha instrução militar como oficial miliciano, como era vista nos anos 70.

Para quem esteve na guerra do ultramar não é novidade que
“Os planos de acção psicológica diferenciavam quatro grandes grupos-alvo: oficiais, sargentos, praças e população civil…
Como acções que contribuíam para o êxito destes planos eram incluídas as visitas de artistas, figuras conhecidas, altas entidades, comandantes, jornalistas, com as quais se pretendia reforçar no combatente a convicção de estar a lutar por um objectivo comum a toda a sua comunidade.
As acções mais visíveis deste esforço de envolvimento ideológico dos militares foram as realizadas pelo Movimento Nacional Feminino e a Cruz Vermelha Portuguesa, que utilizavam a figura da mulher para fortalecimento do moral dos militares mobilizados e incluíam actividades como o Natal do Soldado, a angariação de madrinhas de guerra, a visita a feridos, a oferta de lembranças aos contingentes mobilizados no momento da despedida e o envio de artigos de desporto e lazer às unidades em África, desde bolas de futebol, a isqueiros, discos, livros e revistas. “

Mais tarde percebi melhor como funciona o condicionamento clássico e o condicionamento operante
Livros como A tirania psicológica, de Andrea Devoto ou A manipulação dos espíritos, de vários autores, tentam mostrar até que ponto nós somos ou não livres de decidir sobre as nossas acções, o culto da personalidade e dos símbolos...
Tudo isto se passa actualmente não só relativamente às guerras que vão acontecendo local ou regionalmente mas também a uma guerra global a guerra psicológica, que está presente nos casos da imigração na Europa ou nos Estados Unidos, ou na alterações climáticas devido à acção do homem, de acções de movimentos ecologistas e animalistas.
A acção psicológica está presente nas informações, noticias, debates… a manipulação dos espíritos faz parte não de uma guerra declarada mas da guerra psicológica...
Quem pode dizer que está a decidir em consciência e livremente? Quem tem a certeza de que não está a ser manipulado, instrumentalizado pela publicidade, pela propaganda, pela acção psicológica ?
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* ..." como se ensinava aos futuros chefes da guerrilha na escola de estado-maior da China, na guerra revolucionária "deve atacar-se com 70 por cento de propaganda e 30 por cento de esforço militar". (Daqui)




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