Mostrar mensagens com a etiqueta MÚSICA. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta MÚSICA. Mostrar todas as mensagens

04/05/25

Para todas as mães


Conversa de mãe 

Olhem só para o meu lindo filho! 
Com suas franjas douradas de cabelo, 
Olhos azuis, bochechas vermelhas! 
Bem, pessoal, vocês têm um filho assim?
Não, pessoal, vocês não têm!
...


Para todas as mães.



24/03/25

Chuva... Chuva...


O tempo é assim. Imprevisível apesar das previsões. Excessivo ou com moderação. Ameno ou de tempestade. Inspirador pela doçura ou pelo medo. 
As barragens voltaram a encher contra os que diziam que não haveria mais água para isso. A neve cobriu a Serra da Estrela contra os que diziam que não ia cair.
Periodicamente, é o que acontece. Como em 2018. São estas as alterações do clima que nos fazem pensar na mudança: "mudam-se os tempos mudam-se as vontades" como cantava Camões.  E, após um mês de chuva, hoje começou a Primavera com alguns dias de atraso.
Apesar dos contratempos que causa,  a chuva, desde sempre, em todas os lugares e culturas, é música para os nossos ouvidos. 





Maurice Ravel - Jeux d'eau (orchestral version)


R. Strauss - Sinfonia Alpina


Preludio - Gota d´água - Chopin


Young People's Chorus of New York City/USA: Três Cantos Nativos dos Índios Kraó, EJCF Basel 2014





17/03/25

O bom da partida é o regresso


Cipriano de Rore - Ancor che col partire


Ancor che col partire

Io mi sento morire
Partir vorrei ogn' hor, ogni momento:
Tant' il piacer ch'io sento
De la vita ch'acquisto nel ritorno:
Et cosi mill' e mille volt' il giorno
Partir da voi vorrei:
Tanto son dolci gli ritorni miei







08/02/25

A cultura portuguesa


Há uma frase de Chesterton que diz: "Chegará o dia em que temos que provar ao mundo que a grama é verde".  Creio que ultrapassámos esse dia há muito: Há quem não saiba o que é uma mulher. E quem não queira saber que há dois sexos
Há também quem ache que a cultura portuguesa não interessa. (1)
Em relação à cultura, fiquei sem saber se se trata de uma questão honesta sobre a complexidade do que é a cultura, que reflecte o que significa a cultura nos dias de hoje, se é uma dúvida sobre a cultura portuguesa  ou se é, apenas, mais um absurdo do wokismo, mais uma forma de negacionismo da cultura portuguesa e, no fundo, da cultura. 
Se se tratar desta última possibilidade, ficamos a entender melhor o que se tem andado a (des)conversar sobre os brasões do Jardim da Praça do Império, sobre o Padrão dos descobrimentos, sobre Camões, ou o P. António Vieira...
Se, ao contrário, se pretende compreender e questionar o que é a cultura, temos aqui uma oportunidade para debater o tratamento que, nos últimos tempos, temos dado à cultura.

Para Mario Vargas Llosa (A civilização do espetáculo)  “Ao longo da história a noção de cultura teve diferentes significados e matizes... Mas apesar dessas variantes e até à nossa época, cultura sempre significou um conjunto de factores e disciplinas que, segundo amplo consenso social, a constituíam e ela implicava: a reivindicação de um património de ideias, valores e obras de arte, de conhecimentos históricos, religiosos, filosóficos e científicos em constante evolução, o fomento da exploração de novas formas artísticas e literárias e da investigação em todos os campos do saber.” (p. 61) (2)

O antropólogo Jorge Dias, em O essencial sobre os elementos fundamentais da cultura portuguesa, (Imprensa Nacional-Casa da Moeda), explicou que as várias maneiras de ver o português, mais cultas ou mais populares, são o exemplo da cultura do povo português. (3)
Jorge Dias chama-lhe “as constantes culturais deste povo já velho de tantos séculos.... ou a sua personalidade de base". Assim:
- O Português é um misto de sonhador e de homem de acção, ou, melhor, é um sonhador activo...
- Há no Português uma enorme capacidade de adaptação a todas as coisas, ideias e seres sem que isso implique perda de carácter...
- A saudade do português é um estranho sentimento de ansiedade...
- A saudade toma uma forma especial, em que o espírito se alimenta morbidamente das glórias passadas e cai no fatalismo do tipo oriental, que tem como expressão magnífica o fado...
- Uma das características mais importantes da saudade é precisamente essa fixidez da imaginação, que, por intensidade se pode tornar em ideia motora e conduzir à acção. É esta obstinação que encontramos na arte, na musica, nas canções corais alentejanas e minhotas... 

- O Português é sobretudo profundamente humano, sensível, amoroso e bondoso, sem ser fraco. Não gosta de fazer sofrer e evita conflitos, mas, ferido no seu orgulho pode ser violento e cruel.

- A capacidade de adaptação é uma das constantes de alguma portuguesa. “o português adapta-se a climas, profissões, a culturas, idiomas e a gente de maneira verdadeiramente excecional”... 

- “Outra constante da cultura portuguesa é o profundo sentimento humano, que assenta no temperamento afectivo, amoroso e bondoso. Para  o português o coração é a medida de todas as coisas.”


Também Eduardo Lourenço escreve sobre a saudade em O labirinto da saudade - Psicanálise mítica do destino Português (Publicações D. Quixote) 
Somos irrealistas, vivemos de sonhos? “Somos um povo de pobres com mentalidade de ricos” ? 
Há muito para repensar. Mas também era tempo de conhecer melhor a nossa terra, a nossa gente, a nossa cultura e também de apreciar a arquitectura, a literatura, a música, a arte... e de ter orgulho da cultura portuguesa. 


Até para a semana.



Rádio Castelo Branco



________________________________

(1) Reacção de uma eurodeputada, Ana Catarina Mendes (do PS), à posição do líder do seu partido, Pedro Nuno Santos, que, num momento de lucidez, referiu que deve haver  adaptação dos imigrantes à cultura do país que os acolhe (aculturação). 


(2) Para Vargas Llosa, a cultura estabeleceu sempre categorias sociais entre aqueles que a cultivavam e aqueles que a desprezavam ou ignoravam ou dela eram excluídas por razões sociais e económicas. Em  todas as épocas havia pessoas cultas e incultas e entre os dois extremos pessoas mais ou menos cultas ou pessoas mais ou menos incultas. Mas no nosso tempo tudo isso mudou, toda a gente é culta, e há uma cultura para todos os disparates...

E isto já é outra coisa!

 

(3) Alguns trabalhos, mais eruditos ou mais populares, sobre a cultura portuguesa que têm  passado nos media, como, por exemplo: "O Tempo e a Alma", com José Hermano Saraiva; "Visita Guiada", com Paula Moura Pinheiro; "Primeira Pessoa", com Fátima Campos Ferreira; "Terra Nossa", com César Mourão, "A nossa cultura" - Observador; "Portugal fenomenal", com Tiago Góes Ferreira... mostram algumas das várias vertentes de abordagem da cultura portuguesa.

 




15/01/25

Ideias que curam


Factors-that-Impact-Health



Procuramos a felicidade. Tudo o que fazemos na nossa vida  são meios para atingir a felicidade e o bem-estar.

No entanto, a experiência da tristeza e de outras emoções negativas fazem parte desta procura. Ela é mais marcante  em datas e momentos especiais em que  tudo o que acontece merece uma maior valorização: as festas, as datas  comemorativas, os dias de aniversário são acompanhados de tristeza, exactamente porque neles nos recordamos dos ausentes. (Reacções de aniversário) 

Há momentos, como o Natal, tempo de amor e de paz, em que essas memórias são particularmente dolorosas, como as expectativas não concretizadas de uma reunião familiar, como foi o caso este ano, devido às guerras, à falta de saúde, à gripe e outros vírus, à solidão da velhice e tantas ausências que nos fazem sentir ainda mais  a fragilidade do nosso bem-estar.


Para além dos comprimidos e xaropes prescritos para contrariar  a maldita gripe, se houver vontade, que falta muito quando estamos doentes, podemos encontrar lenitivo na prática que ajuda a superar pensamentos, sentimentos e emoções negativas e desajustadas. 

 

O filósofo William B. Irvine (referido por Marianna Pogosyan, "5 Ancient Ideas That Can Help You Flourish Today", Psychology Today ) recorda-nos algumas “ideias antigas” que podem ajudar o nosso bem-estar.

 

1. Visualização negativa de gratidão.

Face ao sofrimento, por mais sombrio que possa parecer, podemos usar a “visualização negativa para despertar um profundo apreço pela vida”, como faziam os filósofos estóicos. 

Afinal, há tantas pessoas em situações piores do que as nossas que, só por isso, já vale a pena estarmos felizes.


2. Enquadramento para reduzir emoções negativas.

Como nas molduras das pinturas ou fotografias, “as molduras psicológicas que pomos à volta dos acontecimentos da vida podem influenciar as nossas reações emocionais .” Ou seja, o sofrimento devido a algo externo não se deve “ à coisa em si, mas à avaliação que fazemos dela; e isso podemos terminar a qualquer momento.” Podemos experimentar diferentes molduras para vermos perspectivas diferentes, podemos até reagir com humor...  


3. A meditação da “última vez”.

Haverá sempre uma última vez para tudo o que fazemos. Pode ser apenas um momento de recordar como fomos felizes ou pensar que a felicidade está a acontecer agora e aproveitar o tempo para amarmos ainda mais quem merece o nosso amor. E, afinal, ainda podemos ir além do que estava previsto (última vez+1). 

4. Conhecer tudo para cultivar o prazer. 

Podemos tornar-nos conhecedores de arte, música, natureza, culinária... Porque ao sermos conhecedores do mundo em que vivemos, podemos aproveitar plenamente as nossas vidas e perceber que vivemos num “jardim prazeroso”. 


5. Meditação antes de dormir.

 Na hora de dormir podemos avaliar os nossos comportamentos e atitudes durante o dia para termos mais autoconsciência: se fui gentil, fui curioso, fiquei chateado por algo insignificante,  se fui capaz de manter a calma face aos contratempos, ou se experimentei alegria e prazer.


Em resumo, perante as adversidades e contrariedades da vida, falhas de expectativas e mudanças de planos, temos várias prescrições de terapias, a nível da saúde e também a nível psico-social, que nos podem ajudar a remover essas pedras indesejadas do nosso caminho de bem-estar.

 

 

Até para a semana.

 

  



Rádio Castelo Branco






08/01/25

Eça e Offenbach




"Sim, Offenbach, com a tua mão espirituosa deste nesta burguesia oficial — uma bofetada? Não! Uma palmada na pança, ao alegre compasso dos cancans, numa gargalhada europeia.
Offenbach é uma filosofia cantada."

(As Farpas, Coord. de M. F. Mónica, Principia, p. 29)

11/12/24

Um hino à alegria


Gostava de terminar este ano a falar da alegria. Essa emoção extraordinária que nos enche de satisfação, plenitude e confiança, com vontade de seguir em frente, de realizar novos projectos e, se necessário, de mudarmos para sermos melhores pessoas. 
Mesmo quando os motivos que vêm da sociedade e as desavenças exteriores magoam e deixam sobressair a tristeza em que tantas pessoas vivem actualmente. 
Ainda assim, é tempo de Hino à alegria, o 4° andamento da 9ª Sinfonia de Beethoven que foi inspirado num poema de Friedrich Schiller (1785). (1)
De facto, a poesia e a música são a melhor forma de expressão das nossas emoções em especial a emoção da alegria que para Schiller é de origem divina, a alegria é o abraço do amigo que encontra o amigo.

É natural e normal sentir emoções. Elas tornam-nos verdadeiramente humanos e o seu reconhecimento pode ajudar-nos a saber lidar com os acontecimentos da nossa vida e com os pensamentos, agradáveis ou desagradáveis, sobre esses acontecimentos. Elas permitem adaptar-nos aos acontecimentos desestabilizadores expressando-os através do corpo...

Podemos dizer que existem três tipos de emoções: as primárias, as secundárias e as de fundo.
As primárias facilmente perceptíveis pelas pessoas, como: a alegria, expressão do êxito e da partilha; a tristeza, suscitada pela perda de alguém ou de alguma coisa; o medo, reacção face a um perigo; cólera, como resposta muitas vezes a uma injustiça; nojo, que provoca repugnância.
As emoções primárias são completadas por diversas emoções secundárias, mais complexas, implicando outras pessoas, e por isso são chamadas emoções sociais, como a vergonha ,o orgulho, a culpa, o ciúme, a inveja, a gratidão, a compaixão, o embaraço... (A. Damásio, Ao encontro de Espinosa - As Emoções Sociais e a Neurologia do Sentir, Círculo de Leitores, p. 47)
As emoções de fundo: são as não perceptíveis, como a calma ou fadiga. Elas são difíceis de serem percebidas porque são emoções que resultam de processos regulatórios do mundo interno do indivíduo. “O nosso bem-estar ou mal-estar resulta desta calda imensa de interações regulatórias” (A. Damásio, idem, p. 46) 

A alegria é considerada como a emoção mais positiva, funciona como uma recompensa, uma satisfação. Ficamos alegres quando lutamos por algo que acabamos por conseguir ou quando temos um projecto que nos permite ser mais criativos, fortemente motivados e autoconfiantes...

Uma maneira interessante de perceber as emoções será ver, talvez mais uma vez, o filme Inside-Out. Partindo da sua experiência pessoal e da vivência de sua filha de 11 anos, Pete Docter, imaginou o que acontece na complexa mente humana, quando as emoções falam mais alto e, de acordo com as emoções principais identificadas pelo psicólogo Paul Ekman (raiva, medo, tristeza, nojo, alegria) (2), Docter criou Inside-out ou, em português, Divertida-mente. (3)

Neste final de ano, “mudemos então de tom”. Celebremos a alegria, que está na verdadeira amizade, no amor entre as pessoas. É minha sugestão para as festas deste ano, à semelhança do que acontece noutras culturas, como na Alemanha ou no Japão, ouvir o Hino à Alegria de Beethoven.


Bom Natal e bom Ano Novo.

 



_______________________________________ 


Alegria, sois Divina
filha de Elísio
tornais ébria a Poesia
inspirais Dionísio

Nem costumes ou tradição
Vos reduzem o Encanto
criais-nos um mundo irmão
insuflais nosso Canto

Feliz de quem alcançou
ser-se amigo dum amigo
Quem doce dama ganhou
jubile-se comigo

Quem um só ente conquistou
seja citado no mundo
mas se na Alegria falhou
ficai só moribundo!

(2) Optou por cinco emoções uma vez que considerou a surpresa e medo muito semelhantes.

(3) Sinopse: Riley é uma menina divertida de 11 anos de idade, que deve enfrentar mudanças importantes na sua vida. Dentro do cérebro de Riley, convivem várias emoções diferentes, como a Alegria, o Medo, a Raiva, o Nojo e a Tristeza. A líder delas é Alegria, que se esforça bastante para fazer com que a vida de Riley seja sempre feliz. Entretanto, uma confusão na sala de controle faz com que ela e Tristeza sejam expelidas para fora do local. Agora, elas precisam percorrer as várias ilhas existentes nos pensamentos de Riley para que possam retornar à sala de controle - e, enquanto isto não acontece, a vida da menina muda radicalmente.



Rádio Castelo Branco





03/11/24

"Q"



Frank Sinatra - After You've Gone (2024 Mix) com Quincy Jones

Quincy Delight Jones Jr. (14/3/1933 - 3/11/2024)





25/10/24

17/10/24

Pedro e o lobo: a actualidade de Esopo

M. - 5 anos


Uma das famosas fábulas de Esopo é "O Pastor mentiroso e o Lobo". 
"Era uma vez um jovem pastor que levava suas ovelhas para pastar na serra. Para se divertir e ter companhia, ele gritava "Lobo! Lobo!" na direção da aldeia, fazendo os camponeses irem até ele. Mas não era verdade, era apenas uma brincadeira. O pastor repetiu essa brincadeira várias vezes.
Depois de alguns dias, um lobo realmente apareceu e atacou o rebanho. O pastor pediu ajuda gritando "Lobo! Lobo!" ainda mais alto, mas os camponeses não acreditaram nele, pensando que era mais uma brincadeira. O lobo pôde atacar as ovelhas à vontade, pois ninguém veio ajudar. Quando o pastor voltou para a aldeia, reclamou amargamente. O homem mais velho e sábio da aldeia respondeu: "Quem mente constantemente não será acreditado quando falar a verdade."

Pedro e o Lobo, na versão da Disney, narra a história de Pedro e o Lobo, por meio da música, como em Prokofiev. Pedro não é mentiroso. É apenas um caçador que vai para a floresta à procura do lobo. Quando os caçadores da aldeia surgem já Pedro com a ajuda de Ivan, o gato, tinham preso o lobo. Pedro é então o herói da aldeia. Todos estavam felizes menos o lobo, claro !

A história “Pedro e o Lobo” do compositor Sergei Prokofiev foi composta em 1936 com o objectivo pedagógico de mostrar às crianças as sonoridades dos diversos instrumentos musicais. Em "O Pedro e o Lobo" é utilizada uma Orquestra Sinfónica em que cada personagem é representado por um instrumento ou naipe da orquestra e possui um tema musical: O Pedro: Instrumentos de cordas; o Lobo: Trompas; o Avô: Fagote; O Pato: Oboé; O Gato: Clarinete; O Pássaro: Flauta Transversal; Os Caçadores: pelos Tímpanos e pelo Bombo.

A fábula de Esopo e a história de Prokofiev apenas têm em comum o nome, “Pedro e o Lobo”, porque quanto ao resto são completamente diferentes. 
A moral da história de Esopo: Se mentirmos muitas vezes, tornamo-nos pessoas que não são dignas de confiança e os outros deixam de acreditar em nós, mesmo quando falamos a verdade.

A moral da história de Prokofiev, como, por ex., na versão de Suzie Templeton, mostra que a coragem pode ajudar a superar medos que atrapalham, e com a ajuda de um pássaro louco e de um pato sonhador, capturam o lobo.

O destino do lobo é diferente consoante as histórias: vai para o zoo, ou, na versão da Disney não sabemos o que acontece ao lobo, no caso da versão de ST, é solto e regressa à floresta.






01/09/24

Hoje apetece-me ouvir



1. Hoje é o Dia Nacional das Bandas Filarmónicas. 

"As estimativas apontam para a existência de mais de 600 bandas em Portugal e, de acordo com um inquérito feito em 2001 pela Direção Regional de Cultura do Centro, esta designação engloba agrupamentos de 17 a 83 músicos. As bandas apresentam-se geralmente com uniformes personalizados e reconhecíveis, incluindo chapéu, e muitas vezes usando insígnias para distinguir e identificar a comunidade à qual pertencem. Os músicos são quase todos amadores, no sentido em que a música não é a sua carreira, não obstante o facto de, ao longo dos últimos 30 anos, um número crescente de músicos destas bandas procurar formação musical em escolas oficiais de música, elevando assim a sua qualidade técnica e o potencial musical de uma forma bastante notória." (Bandas Filarmónicas: 200 Anos de Música em Comunidade)
Um trabalho extraordinário. Parabéns.

2. Em 1 de Setembro de 1610, a obra musical Vespro della Beata Vergine de Claudio Monteverdi é publicada pela primeira vez, impressa em Veneza e dedicada ao Papa Paulo V.

Monteverdi - Vespro della Beata Vergine - Gardiner





01/07/24

"Lembra-me um sonho lindo"


Fausto - 1948-2024


"É o cantautor mais carismático da música popular portuguesa. A sua obra maior canta as Viagens dos Portugueses ao longo dos séculos. As desventuras anónimas, a diáspora e o trilho da nação." (RTP - Primeira Pessoa)


Fausto: O barco vai de saída, outra vez

26/03/24

Mãe e Filho: uma relação única

Sinfonietta de Castelo Branco


1. Stabat Mater dolorosa iuxta crucem lacrimosa dum pendebat Filius
    Em pé, a Mãe dolorosa, chorando junto à cruz da qual pendia seu Filho.
...
5. Quis est homo qui non fleret Matri Christi si videret in tanto supplicio?
    Que homem não choraria se visse a Mãe de Cristo em tamanho suplício?

6. Quis non posset contristari Matrem Christi contemplari dolentum cum filio. 
    Quem não se entristeceria ao contemplar a Mãe de Cristo, condoída com seu
    filho?
...


Pergolesi - Stabat mater (soprano e alto) - Les Talens Lyriques








10/03/24

Em Quem confio


COMO DE VÓS...
À memória do Papa Pio XII que quis ouvir, moribundo,
                o "Alegretto" da Sétima Sinfonia de Beethoven



Como de Vós, meu Deus, me fio em tudo,
mesmo no mal que consentis que eu faça,
por ser-Vos indiferente, ou não ser mal,
ou ser convosco um bem que eu não conheço,

importa pouco ou nada que em Vós creia,
que Vos invente ou não a fé que eu tenha,
que a própria fé não prove que existis,
ou que existir não seja a Vossa excelência.

Não de existir sois feito, e também não
de ser pensado por quem só confia
em quem lhe fale, em quem o escute ou veja. 

Humildemente sei que em Vós confio,
e mesmo isto o sei pouco ou quase esqueço,
pois que de Vós, meu Deus, me fio em tudo.

11/10/1958
Jorge de Sena, Antologia Poética, Guimarães, p. 111









29/02/24

Meditar à minha maneira




Cada um de nós pode encontrar a sua maneira de meditar. Às vezes a solução está debaixo dos nossos olhos e nem sempre nos apercebemos de que essa é uma forma de meditação excelente para nós.

Por esta altura da Quaresma acontecem actividades várias um pouco por todo o País  que outra coisa não são que formas de meditação profunda. 

Na nossa cultura, o tempo pede essa reflexão sobre nós próprios, requer a concentração na vida efémera, no sofrimento que nos atormenta mas, por mais atroz que possa ser, também se oferece como forma de superação.

Este é o tempo, quando pensamos nesta vida, que nos traz momentos de felicidade mas que nos alerta para todo o background que marca a nossa existência, a começar pelo sofrimento psíquico, medo, tristeza, stress,  irritações e injustiças...

 

Então é possível procurar momentos de serenidade,  paz,  segurança, o conforto comigo próprio, que se não for felicidade não deixa de ser um estado verdadeiramente tranquilo em que "nada me perturba, nada me espanta" (Sta Teresa D' Ávila), nada interfere na minha vida .  

Os benefícios da meditação são verificáveis na medida em que as pessoas que a praticam são mais felizes e vivem mais satisfeitas do que a média. E isto é muito importante para a sua saúde:

- Reduz as perturbações  mentais como a ansiedade, a depressão e a irritabilidade

- Melhora as relações interpessoais

- Ajuda no impacto que podem ter doenças graves na nossa vida como a dor crónica... etc.

 

É necessário desfazer alguns mitos:

- A meditação não é uma religião embora muitas pessoas que a praticam possam ser  religiosas

- Podemos meditar em qualquer lado e em qualquer posição. Para praticar, não é necessário sentar-se numa posição especial ou respirar de maneira específica.

- E, muito importante, “a meditação não é  aceitar o inaceitável. É ver o mundo com maior clareza permitindo-lhe agir de forma mais sábia e fundamentada e mudar aquilo que precisa de ser mudado.”(Williams, M. e Penman, D. - Mindfulness - Atenção plena, Lua de papel, p.16)

 

A “Ladainha” e o “Terço cantado” são manifestações de meditação que se realizam em S. Miguel d’ Acha e que são levadas a efeito todas as 5.as e 6.as feiras da Quaresma. *

Rezar e meditar não são a mesma coisa mas têm uma ligação muito forte, podendo até ser assimiladas uma à outra.

Podemos dar a esta forma de meditar a designação de Meditação  guiada ou Meditação cantada. O mantra “Rogai por nós” ou a repetição do "Pai nosso", p.ex., levam-nos, como refere John Main, para “um modo de oração profunda que nos encaminhará para a experiência da união, longe das distracções superficiais e da autocomiseração.“

 

“O fundamental é exercitar a focalização da mente num ponto, num objeto, pensamento ou atividade em particular, visando alcançar um estado de clareza mental e emocional.“  (Meditação cristã: como surgiu e como praticar)

Como tal, também o fundamento da meditação cristã é contemplar diferentes aspectos da vida de um Ser exemplar que se oferece como modelo para a nossa vida. 

Esta possibilidade está à disposição de quem quiser meditar durante 30 minutos às 5.as feiras e durante uma 1H30 às 6.as feiras durante o tempo da Quaresma.

 

 

Até para a semana.

 

 



Rádio Castelo Branco 

11/01/24

"As cantigas são tantas, que a mim até se mudam"


As cantigas são tantas, que a mim até se mudam - 
Ensaio sobre a paisagem,  Filipe Faria.

1. "As  cantigas são tantas, que a mim até se mudam", é o nome da exposição de Filipe Faria inaugurada no dia 18/11/2023, no Centro Cultural Raiano, com a participação musical de Fátima Torrado Milheiro. O evento integra o Programa "Fora do lugar".

A exposição "Som Sobre Fotografia" integra cantigas e fotografias de São Miguel de Acha. É uma exposição sobre os sons que estão dentro dos lugares e das pessoas de S. Miguel de Acha a que dá voz Fátima Torrado Milheiro. É uma exposição sobre a existência e a importância dos sons nos eventos da vida.

2. É também um livro com as fotografias da exposição de Filipe Faria e uma longa entrevista a Fátima T. Milheiro. 

Como é referido por Filipe Faria no belo livro sobre o evento, é possível que o som nunca se extinga e se tivéssemos uma máquina que o captasse - como dizem que dizia Marconi - podíamos  ouvir  esse som sempre que quiséssemos.

"Podíamos ouvir tudo. Ouvir a primeira inspiração dos nossos filhos e dos nossos pais. Ouvir o primeiro grito da Humanidade, cada sermão, conselho sábio ou riso de todas as gerações. Ouvir o som grave da primeira erupção ou o canto agudo daquela ave que escapou para longe. Todos nós podíamos ouvir tudo. Ouvir tudo, para sempre. 
Depois de produzido, o som não morria mas perdia poder, enfraquecia. Estas ondas sonoras, fracas, sem destino preciso, permaneciam eternamente a flutuar. Qualquer som podia, em teoria, ser recuperado. Ouvido pela primeira ou pela enésima vez. Qualquer som de qualquer lugar ou tempo passado. O primeiro e o último. Um som perdido podia ser ouvido, novamente, com o equipamento certo. Um equipamento poderoso. Um que conseguisse ouvir e escolher. Um por inventar. 
Todos os sons são sons perdidos… "

Como não há máquina que os possa captar, temos, felizmente, outro dispositivo altamente sofisticado, chamado memória. Uma memória que preserva tudo o que foi a nossa vida ao longo do tempo, que gravou, seleccionou e é capaz de reproduzir todos os acontecimentos que vivemos. Foi isso que Filipe Faria levou a efeito na exposição/canto em que o som se liga aos lugares, casas, ruas, pedras, equilíbrios arquitectónicos, paisagens, caminhos, os lugares que "ouviram" as canções de roda, os lugares altaneiros, as torres onde aconteceu e acontece "a encomendação das almas".
O som anda por aí, pelas ruas, se nos pusermos à escuta, profundamente, descobrimos esse som em cada pessoa de S. Miguel ou em cada imagem das pedras, das janelas, das coisas mais organizadas ou desorganizadas.

Alguns sons são especiais. Podemos lembrar o som da fala da mãe, do pai, dos irmãos, dos amigos, dos que nos amam muito e também dos que não gostam de nós. Há um som particularmente importante: O som do meu nome. O nosso nome, o nome de uma pessoa é o som mais importante e doce de qualquer linguagem. (Dale Carnegie, Como fazer amigos e influenciar pessoas)

O som pode ser ruído, experiência desagradável, e ferir, literalmente, os nossos sentidos. De resto, o som ajuda no equilíbrio da mente. É dessa forma que os bebés pacificam, com uma canção de embalar, e não só os bebés, basta ouvir, por ex., Lullaby, de Brahms, para nos acontecer a mesma serenidade. Sobre a origem da angústia infantil, escreve Freud sobre um pequeno rapaz de três anos: "Um dia em que ele se encontrava num quarto sem luz, ouvi-o gritar: 'Tia diz-me qualquer coisa, tenho medo porque está muito escuro.' A tia respondeu-lhe: 'De que é que isso te serve se não me podes ver?' 'Isso não tem importância', respondeu a criança; 'desde que alguém me fale, há luz.' ". (Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, Ed. "Livros do Brasil", Lisboa, p. 166)

3. As memórias destes sons fazem parte desta história e são elas que dão colorido aos registos que permanecem connosco por gerações. 
E que bela memória nos apresenta Fátima T. Milheiro para nos transmitir, cantando, as melodias que nos estão no ouvido mas que só ela sabe interpretar com a mestria que lhe reconhecemos.
Felizmente, ficam também aqui registadas e podem ser acedidas pelo QR Code que remete para o site "arte das musas", para as histórias e as músicas cantadas pela Fátima.

4. A exposição esteve patente ao público até final de Dezembro. Era bom que conforme então se perspectivava, na Primavera de 2024, a exposição pudesse ser visitada no local onde estes sons nasceram - S. Miguel d'Acha.



08/01/24

"Vão sem mim que eu vou lá ter"


 Movimento perpétuo associativo - Deolinda


Andamos nisto: um movimento perpétuo. Ainda não sairam de todo do governo e já prometem: "agora sim damos a volta a isto"...  

Pois é. "Vão sem mim que eu vou lá ter".