(1) Marta Rebelo, "Precisamos de um Ministério da Solidão?" Visão, 10.03.2021 ; "Há países que já têm um Ministério da Solidão. E Portugal?" Agência Lusa , CM.
26/06/25
Olá, solidão!
(1) Marta Rebelo, "Precisamos de um Ministério da Solidão?" Visão, 10.03.2021 ; "Há países que já têm um Ministério da Solidão. E Portugal?" Agência Lusa , CM.
20/06/25
“Mal-estar na civilização”
24/03/23
Respeitar os idosos
21/11/22
“É preciso acabar com os professores com a casa às costas”
"Apesar do realismo destas medidas nada há a esperar em matéria de reformismo do actual Ministério da educação, ou deste governo, durante o resto do mandato mas a esperança é a árvore frágil que tenta sobreviver a tudo, é "essa menina, que arrasta tudo consigo". (Péguy).
3. Estabilização dos recursos humanosNegociar com os sindicatos de professores o tempo de serviço de 9 A 4 M 2 D: as formas possíveis de gestão deste tempo efectuado pelos professores e que de forma nenhuma lhes pode ser sonegado.Alterar o sistema de recrutamento e selecção de professores: terminar com a centralização dos concursos, com benefício para a redução da deslocação de professores, contra o centralismo educativo saloio e provinciano do ministério da educação: concursos de professores, parque escolar...Número limite de turmas/professor. Não faz sentido que um professor possa leccionar 500 alunos, como um professor de TIC, por exemplo, uma vez por semana...Técnicos especializados: psicólogos, terapeutas da fala, intérpretes de LGP, formadores/prof de LGP - eliminação da precariedade e entrada no quadro após 3 anos de serviço efectivo.A gestão estratégica dos recursos humanos da educação passa por um "Programa de rejuvenescimento do corpo docente", proposto por António Costa Silva, com o qual estou de acordo (Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030)
Aqui fica a notícia da Lusa/ Público com foto e tudo...
“Não há nenhuma razão para que isto aconteça”, frisou António Costa a propósito de os professores nunca saberem se vão ficar perto ou longe de casa.
Lusa, 19 de Novembro de 2022, 15:27
20/05/21
Fringe benefits
Os fringe benefits (benefícios sociais, acção social complementar ou benefícios adicionais) (1) são um subsistema de apoio social das organizações que visa complementar necessidades permanentes ou de emergência ou, ainda, uma regalia dos seus trabalhadores.
São muitas vezes uma maneira de complementar, em espécie ou com subsídios, os salários dos trabalhadores (remuneração indirecta). (2)
Têm como objectivos fundamentais:
- esbater as diferenças salariais dos trabalhadores, na medida em que todos têm acesso aos serviços e prestações sociais concedidas.
- motivar para o trabalho e manter a motivação na organização.
- contribuir para a estabilidade familiar dado que os apoios se verificam em relação a pessoas mais frágeis, crianças, idosos, famílias com carência económica.
- proteger as franjas menos remuneradas e mais carenciadas dos profissionais da organização.
- diferenciar e prestigiar a organização e servir de atractividade no recrutamento de pessoal e manter a continuidade dos trabalhadores na empresa.
- contribuir para o bem-estar dos trabalhadores através de actividades culturais, desportivas, de férias e lazer...
Os benefícios sociais existem em praticamente todas as empresas e organizações (3), privadas ou estatais, como instrumento da gestão para melhorar o desempenho e a motivação e dessa forma aumentar a produtividade.
O estado é a maior organização empresarial do país. Como tal criou serviços de acção social complementar para os trabalhadores nos vários ministérios governamentais.
Os actuais serviços sociais da administração pública (SSAP) são o resultado da fusão de vários de serviços sociais de vários ministérios, como os serviços sociais da presidência do conselho de ministros, do ministério da saúde, da educação ....
Também nas empresas privadas foram criados benefícios sociais como seguros de saúde, actividades de animação sócio-cultural e desportiva como os CCD (Centros de cultura e desporto), para além de serviços públicos de acção social complementar como o Inatel, as pousadas de juventude ...
Muitos destes serviços sociais são também responsáveis pela assistência na saúde como os SAMS dos bancários ou os serviços sociais da CGD, das forças armadas, forças de segurança, de muitas empresas...
A responsável do governo para a Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, foi pouco sensata ao querer criar uma residência para alunos do ensino superior, em Lisboa. Certamente a ministra podia fazê-lo, se se entendesse que este apoio correspondia a uma necessidade dos beneficiários. E corresponde. Porém não teve em conta o timing, a situação real das necessidades de todas as famílias portuguesas com alunos que têm de se deslocar para estudarem na universidade, numa área em que há imensas carências de residências para estudantes. Por outro lado, nesta área há alternativas para esta necessidade como o subsídio de estudos.
Claro que por tudo isto, a governante foi contestada e nem se esperava outra coisa. Pena é que a contestação seja aproveitada para atacar os chamados privilégios dos funcionários públicos...
Apesar do que disse sobre a necessidade e importância dos benefícios sociais, que os justificam, são, de facto, um privilégio. Mas é da sua natureza serem um privilégio.
Assim, há que ser claro. Ou eles existem nas organizações como contributo para a melhoria da qualidade de vida dos seus trabalhadores e com vantagens para as organizações ou, então, imponham limites ao seu âmbito de actuação ou, finalmente, acabem com eles mas assumam essa responsabilidade pelas consequências daí resultantes. *
Até para a semana.
__________________________
(1) Idalberto Chiavenato, Administração de recursos humanos, vol. 3, Ed. Atlas, 1985, cap. 2 - Planos de benefícios sociais, pags 100-112.
(2) Normalmente estes serviços são sustentados com verbas do orçamento do estado mas também são comparticipados pelos beneficiários. Aliás nenhum serviço deve ser gratuito (I. Chiavenato, pag. 110).
* Nota - Tenho uma visão muito positiva dos fringe benefits. Fui e sou beneficiário de alguns serviços sociais. Trabalhei como técnico superior (psicólogo) nos Serviços Sociais da Presidência do Conselho de Ministros (SSPCM) de 1987 a 1991.
26/11/15
SPO - Psicologia escolar

O texto de Lisa Friedmann (le cercle psy) sobre "como trabalham os psicólogos escolares?", em França, podia servir também como uma boa informação sobre como trabalham os psicólogos escolares em Portugal.
No que diz respeito aos fins dos serviços de psicologia e orientação estamos mais ou menos de acordo quanto às semelhanças entre o que se passa em outros países e o que se passou e passa entre nós. Ser psicólogo em contexto escolar era, em 2001, como se pode verificar na revista Psychologica *. Nessa avaliação colocavam-se alguns dos problemas que ainda se mantêm. A avaliação positiva, as expectativas optimistas e as condições, parece-me que não se alteraram muito desde então. O problema das condições de trabalho é recorrente. Mesmo assim esta é uma profissão fascinante. E o mais importante é o trabalho que tem sido feito no terreno, no trabalho concreto com os alunos, escola e família.
Como se pode melhorar? O que está a fazer falta na psicologia escolar, em Portugal ? Alguns aspectos, principalmente a nível dos meios, podem e devem ser melhorados na prática dos SPO, com a vantagem de que alguns não necessitam de recursos financeiros.
1. Estabelecer uma rede de SPO suficiente e coerente em todo o país. Para isso, há necessidade de reorganização dos SPO de forma a que se convertam em serviços que respondam às necessidades de cuidados psicológicos que, obedecendo a um rácio definido, possam constituir a rede básica de apoio psicológico a que os alunos devem poder aceder.
Esta rede básica seria complementada, conforme as necessidades pontuais, e apenas para estas, com psicólogos contratados.
Haveria, assim, uma rede de SPO coerente em que os alunos de todas as escolas estariam em situação de equidade.
2. Esta rede de SPO implica terminar com as situações, outros tipos de respostas, criadas dentro ou fora do sistema educativo, por IPSS ou associações que dependem igualmente de dinheiros públicos, e são muitas vezes uma maneira indirecta de gastar o dinheiro dos contribuintes mas sem passar pelo crivo das exigências da função pública, que são com frequência sobrepostas, descoordenadas, à margem dos SPO. Assim, seria necessário definir os campos de actuação de cada subsistema, público ou privado, para evitar sobreposição e desperdício de recursos humanos e financeiros que é o que tem acontecido até agora.
3. Coordenação dos vários serviços de psicologia. Embora os pais tenham sempre direito a uma segunda opinião ou outras opiniões e seja importante respeitar a vontade dos pais que desejam ter outras opiniões, não faz sentido que os alunos sejam sujeitos a avaliações e acompanhamentos psicológicos cumulativos, em diversos serviços públicos e muitas vezes em consultas psicológicas privadas. Mas o que acontece é que chegam relatórios de vários serviços do estado e privados nem sempre com diagnósticos e/ou propostas de intervenção consensuais.
Como é óbvio, no sector educativo, o SPO, em conjunto com os Serviços Especializados de Apoio Educativo e o Conselho de Turma, face a estas situações, deve ter sempre a última palavra, tendo em conta, necessariamente, os vários relatórios que vêm de outras instituições.
A menos que sejam criadas equipas multidisciplinares interdepartamentais que funcionem baseadas em regras de articulação entre serviços, com encaminhamentos desburocratizados para o serviço mais indicado, seja da saúde seja da educação.
4. Os serviços de psicologia escolar podiam ficar integrados na estrutura orgânica dos Municípios mas com gestão técnica do Ministério de Educação.
Há vantagens importantes como a articulação com os serviços sociais da Câmara Municipal que seria benéfica dado o conhecimento que esta já tem das famílias, do RSI, CPCJ, das situações habitacionais, já está envolvida na acção social escolar dos jardins de infância e primeiro ciclo...
Muitos psicólogos foram integrados nos quadros das Câmaras Municipais. Se não houve vantagens para o o psicólogo ou para o SPO também não houve inconvenientes porque essa integração foi meramente a nível de gestão dos recursos humanos e nesse sentido nada adianta ou atrasa que os psicólogos dependam tecnicamente do ME e administrativamente da Câmara Municipal. A importância resulta do facto de a sua integração orgânica poder facilitar a articulação e a constituição de um serviço que pudesse dar origem a uma equipa multidisciplinar (psicólogo, tec. serviço social, terapeutas,...), embora a responsabilidade técnica fosse do ME.
5. A reorganização dos serviços devia ser feita de forma a que a sua distribuição pelas escolas pudesse atingir um número idêntico de alunos por psicólogo; que não houvesse furos na rede de forma a deixar a descoberto muitos alunos e às vezes os que mais precisam e organizar equipas que pudessem integrar os novos psicólogos, apoiar os que têm experiência, supervisão, avaliação, formação, carreira, etc.
6. O recrutamento e selecção teria de ser sempre realizado pelas escolas/agrupamentos de acordo com o que está estabelecido para concursos públicos.
7. O local de atendimento dos alunos seria nas respectivas escolas, em gabinetes devidamente equipados para efectuarem esse trabalho, como aliás já acontece nas diversas escolas dos actuais agrupamentos, embora deficitários no que se refere ao equipamento.
8. Criar uma rede informática do sistema em duas áreas: gestão dos casos e instrumentos de trabalho. O processo mais vantajoso estaria na utilização de plataformas já existentes do tipo "programa alunos", em que haveria a possibilidade de consultar e recolher a informação familiar e educativa que já consta nessa plataforma, embora o ficheiro de alunos com apoio no SPO fosse de acesso exclusivo dos SPO. Isto é, já existe uma plataforma no sistema educativo, tratava-se apenas de alargá-la aos SPO.
Em segundo lugar dispor de um um conjunto de Instrumentos de trabalho actualizados e informatizados, com possibilidade de aferição desses instrumentos de trabalho automaticamente criando, assim, normas para as escolas portuguesas, que seria muito importante para a consulta psicológica e, particularmente, a nível da orientação escolar e profissional (OEP).
Não seria necessário nada de semelhante ao que existe na Saúde.
9. Esta proposta daria a possibilidade da criação de equipas de trabalho com vários psicólogos, como, aliás, sempre estiveram previstas, desde a criação dos SPO, e permitiria a existência de coordenação do serviço e de supervisão administrativa e técnica.
A passagem da informação, de conhecimento adquirido não estaria sujeita a "começar, anualmente, tudo de novo".
Esse acervo de conhecimento ao longo dos muitos anos de existência dos SPO teria, assim, continuidade, não se perderia de ano para ano com novas contratações e a passagem à reforma dos profissionais não seria o apagamento de um saber e saber fazer de tantos anos de dedicação.
10. Uma politica de gestão dos SPO e dos psicólogos feita a olho e com horários de meio tempo ou seja lá o que for não faz sentido.
São, certamente, necessários mais psicólogos para se atingir o rácio de 1:1000. Haveria mais qualidade do serviço se o rácio baixasse ainda mais, porque, acima de tudo, haveria melhor qualidade de resposta aos alunos.
11. O estabelecimento de protocolos, inexistentes até agora, sobre a avaliação psicológica e critérios para o estabelecimento de diagnósticos, como é o caso da PHDA e dislexia, por exemplo, o que permitiria, se continuar a ser usada a CIF, o perfil de funcionalidade do roteiro de avaliação, de contrário fica margem para cada um fazer o que entende... com prejuízo para os alunos, famílias e articulação dos serviços interdepartamentais e, pior ainda, em caso de mudança de estabelecimento de ensino ...
12. Quanto à contratação de psicólogos clínicos ou de outras áreas, sempre defendi que não deve haver exclusão. No entanto, para além dos parâmetros concursais previstos para a admissão de psicólogos no sistema educativo, deveria ser exigido ou estágio da OPP na área da educação, ou, pelo menos, um período de adaptação à função a desempenhar nas escolas.
13. O que falta é uma verdadeira reforma em que sejam ouvidas as organizações dos profissionais, OPP e Sindicatos, mas também e, em primeiro lugar, os profissionais dos SPO.
Para a Psicologia Escolar, o protocolo assinado entre a OPP e o MEC, pode ser um instrumento de trabalho interessante para melhorar a qualidade destes serviços. Espero que os novos inquilinos da 5 de Outubro não o remetam para o caixote do lixo.
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** Mendes, S. A., Abreu-Lima, I., & Almeida, L. S. (2013). Psicólogos escolares em Portugal: Contributo para a sua caracterização profissional, Psicologia, Educação e Cultura, 17(1). 190-208.
25/02/15
Um "bom exemplo" do pior do outsourcing
A organização do trabalho mudou. Para C. Dejours, nas organizações mudaram principalmente três coisas: a introdução de novos métodos de avaliação do trabalho, em particular a avaliação individual do desempenho; a introdução de técnicas ligadas à chamada “qualidade total”; e o outsourcing que tornou o trabalho mais precário...