21/07/21

A força da liberdade


Celia Cruz - Burundanga

O ditador gostava de ouvir burundanga quando estava na Sierra Maestra. O ditador queria que ela cantasse para ele. Ela nunca lhe foi reverente nem  se curvou e cantava o seu programa. O ditador não permitiu que ela fosse ao funeral de sua mãe. Ela nunca mais voltou a Cuba.

"Por si acaso no regreso", como aconteceu, ficou  a liberdade  e liberdade de expressão que nenhuma "revolução" conseguiu ou consegue  amordaçar.



02/07/21

Reformar e investir em educação 1





A  “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal”, de António Costa Silva * sublinha a importância estratégica do sector de educação e apresenta três temas da maior importância: a qualificação de adultos, o apoio social, o rejuvenescimento e formação de professores.

Os temas referidos no relatório relevam a melhoria das condições para a aprendizagem  como a acção social e os equipamentos ...  

 

Não podemos continuar com políticas de remendos levadas a cabo pelos diversos ministérios de educação, de várias cores políticas, ao sabor de projectos envoltos em controvérsia do ponto de vista das estratégias dos seus criadores e promotores. ** Pelo contrário, devemos estabelecer prioridades.  

Dito de outra forma, um programa estratégico do sector de educação deve dar relevo a três aspectos fundamentais: Educar para a inclusão, Educar para o bem-estar (M. Seligman), Educar para um mundo melhor (B. Spock)

 

1. A inclusão não é apenas o direito de todos à igualdade de educação é também o direito a uma igualdade que seja justa, sendo necessário que a máxima “todos diferentes todos iguais” possa ser aplicada a todos os alunos, de acordo com os pais e encarregados de educação, no acesso às escolas, aos cursos, às aprendizagens o que por vezes significa a necessidade de ser desigual nas estratégias, nos currículos, nos apoios educativos. Implica ainda uma articulação de todas as respostas educativas, das várias escolas, estatais, privadas, ipss, cooperativas, que respondam melhor às necessidades educativas de cada criança.   

 

2. O bem-estar (Seligman). A escola deve dar a cada aluno os instrumentos  pessoais e culturais necessários a uma vida boa  que valha a pena viver. Podemos conhecer as nossas forças e virtudes, construir relações profundas e duradouras com os outros e sermos pessoas positivas e felizes.

 

3. Educar para um mundo melhor (B. Spock)Mesmo que hoje pareça que se desmoronam  os valores da família, da escola, da sociedade, não só é possível acreditar na construção de um mundo melhor para os nossos filhos, como é, pela educação dos e para os valores, a única via para conseguir esse mundo melhor....

 

Por onde começar? Antes de tomar outras medidas, igualmente necessárias, e de que havemos de falar a seguir, há duas que deviam ter uma intervenção imediata e definitiva:

- Acabar, de uma vez por todas, com o amianto nas escolas.

- Instalar sistemas de climatização nas escolas para acabar com o frio e calor excessivos permitindo condições de trabalho na sala de  aula. Não é razoável, todos os anos, vermos alunos e professores, no Inverno,  enregelados por falta de aquecimento nas salas onde, no Verão,  é impossível permanecer com o calor que se faz sentir. Este problema é mais premente nas regiões do interior onde as amplitudes térmicas são mais extremas.

 

A importância estratégica do investimento em  educação reflecte-se no desenvolvimento   individual mas também social. Mais e melhor educação significa mais e melhor produção, mais produtividade, melhor ambiente social e convivência social, menos criminalidade, mais qualidade de vida.

 

Boas férias e até Setembro. 

 


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* Segundo a Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, pag 79-80, "Face a tudo isto e também a algumas fragilidades que o sistema de ensino e de investigação nacional ainda tem, é importante o Plano de Recuperação Económica considerar os seguintes investimentos
Programa de qualificação de adultos
Reforço dos programas de qualificação de adultos visando generalizar o nível secundário, nas dimensões escolar e profissional e alargar a formação profissional pós-secundária, promovendo a articulação entre escolas, instituições do ensino superior, centros de formação profissional, empresas e administração pública central e local.
Programa de apoio social a estudantes em todos os graus de ensino
Aumentar o investimento nos programas de ação social para os ensinos básico, secundário e superior, para estimular e assegurar o acesso ao ensino das crianças e jovens de famílias mais carenciadas, e contrariar a tendência para o abandono e diminuição de estudantes que se revela em cada crise económica e social.
Investir na requalificação e modernização da rede de escolas e de centros de formação profissional, com vários objetivos. Em primeiro lugar, corrigindo localizações segregadas que comprometem o futuro dos jovens que as frequentam. Em segundo lugar, melhorando as condições de trabalho e estudo nos edifícios onde tal for necessário e ampliando o leque de valências disponibilizadas. Finalmente, modernizando as infraestruturas tecnológicas de educação e formação, sempre que obsoletas. A gestão de todo este investimento deveria contar com a participação ativa das autarquias e das empresas.
Programa de rejuvenescimento do corpo docente e de formação de professores
Investir num programa de reformas antecipadas negociadas com os professores mais idosos e alargar o recrutamento de novos professores jovens. O programa deveria ser de adesão voluntária e os modos de acesso à carreira pelos novos docentes deveriam ser revistos. Reformar e financiar o sistema de formação de professores em todos os domínios: na formação de base, na formação em exercício e na formação contínua. O programa deveria ser desenvolvido em negociação com as instituições do ensino superior implicadas na formação de professores, num tempo curto, para poder ter efeitos no processo de rejuvenescimento do corpo docente, assegurando que esse rejuvenescimento seria também um momento de requalificação da profissão."