28/12/15

Troicas informais


Não sei o que é mais humilhante, se as troicas formais que são chamadas pelos governos quando já não têm outra solução porque estão na falência, se as troicas informais que, de vez em quando, aparecem por aí a dar palpites sobre o governo, sobre o país, sobre os portugueses.
Ora é o sr. Piketty que acha que a dívida vai ser reestruturada.

(5-1-16)
N. N. Taleb refere (O Cisne Negro - O Impacto do Altamente Improvável) os dez princípios para uma sociedade robusta face ao Cisne Negro (pag. 459-462).
O décimo princípio tem a acutilância necessária para partir estas certezas que referi acima. 

"10. Faça uma omeleta com os ovos partidos. 
Finalmente, a crise de 2008 não foi um problema passível de ser resolvido com remendos de ocasião, tal qual não se consegue remendar una casco podre de um barco. Precisamos de reconstruir o novo casco com material novo (e mais forte); teremos de refazer o sistema antes que ele o faça sozinho. Passemos voluntariamente para uma economia robusta, ajudando aquilo que precisa de ser partido a partir-se sozinho, convertendo a dívida em equidade, marginalizando as escolas de economia e gestão, acabando com o Nobel da Economia, banindo as aquisições por endividamento (leveraged buyouts), metendo os banqueiros onde eles devem estar, recuperando os bónus concedidos àqueles que nos puseram aqui (reclamando a restituição dos fundos pagos a, por exemplo, Robert Rubin ou aos banksters cuja riqueza foi paga com os impostos de professores primários) e ensinando as pessoas a navegar num mundo com menos certezas. 
Então veremos uma vida económica mais parecida com o nosso meio-ambiente biológico: empresas mais pequenas, uma ecologia mais rica, ausência de alavancagem especulativa - um mundo em que são os empresários, não os banqueiros, que assumem os riscos e um mundo em que nascem e morrem empresas todos os dias sem que isso seja motivo de notícia." 

27/12/15

Construir

Boa notícia. As antigas instalações da Metalúrgica vão ser adquiridas pela Câmara  e, finalmente,  vão ser demolidas.
Este é um dos locais mais degradados do centro de Castelo Branco, inseguro, principalmente para aqueles que o frequentam ou frequentaram. São locais assim que dão ao espaço urbano das cidades uma sensação de decadência e de abandono desoladores.
Não faz sentido que com  a criação de novos parques industriais, com a deslocalização de empresas dentro ou para fora do pais, com o fim das empresas, restem estes estruturas fantasmagóricas e completamente desqualificadas.
Quando têm interesse histórico e cultural, devem ser preservadas em boas condições. Quando não é o caso, demolir é (começar a) construir.
Há sempre a esperança de que alguma coisa possa ser preservada, como, por exemplo, as duas fotos de baixo mostram, e que o espaço possa ser ocupado por estruturas que beneficiem os cidadãos, já que foram eles que o pagaram.






26/12/15

As minhas serigrafias: José Pádua

José Pádua - Natal


Técnica: Serigrafia; 
Suporte: Papel Fabriano D5 GF 210g; Dimensão da Mancha: 45x36,5 cm; Dimensão do Suporte: 70x50 cm; N.º de cores: 23; 
Data: 1997; 
Nº de Exemplar 121/200

José Pádua, nasceu na cidade da Beira, Moçambique, em 1934, residindo em Lisboa desde 1977. Foi eleito Artista Plástico de 1966 pelo jornal A Tribuna de Moçambique, pelo trabalho que desenvolvia enquanto pintor, decorador, ilustrador e gravador...

22/12/15

Solstício de Inverno


Fim do Outono

Desde há algum tempo vejo
como tudo se transforma.
Algo se ergue e age
e mata e faz sofrer.

De cada vez que os vejo
os jardins não são os mesmos;
do amarelo ao dourado,
a lenta queda:
que longo se me tornou o caminho!

Agora ando pelos espaços vazios
e olho entre as alamedas.
Quase até aos mares distantes
consigo ver o pesado
céu grave e hostil.

Rainer Maria Rilke, O livro das imagens, Relógio d'Água

17/12/15

"Compreender o românico"

Apresentação do livro "Compreender o românico", hoje, às 14H30, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco.  Na mesa e na plateia, tantos amigos!
Um texto pedagógico -  um Glossário - sobre  o românico em Portugal. Quando se junta o trabalho pedagógico de um professor, Joaquim Moreira e de um aluno, Ricardo Coelho, com o apoio de Paulo e Rita Moreira, a obra surge. Tudo isto no terreno propícío da escola, ETEPA. 
Parabéns!

16/12/15

Laços familiares


Nesta época do Natal sentimos com mais emoção os laços familiares e a ligação aos outros. Pela presença e pela ausência. 
Provavelmente, este vai ser um Natal não muito diferente dos anteriores porque as mudanças sociais e culturais não se fazem rapidamente.
Porém, começamos a encontrar caminhos mais adequados para fortalecer os laços familiares que nos permitam tomar conta das crianças e dos velhos com dignidade. A compreensão de alguns fenómenos a que chamamos crise da família são, só por si, um bom começo.
Alguns  focos da crise:
1. Perante a crise económica, as justificações para ter ou não ter filhos e para cuidar ou não dos mais velhos,  costumam ser as de que não há condições económicas para isso.
Convém notar que a família estava em crise antes do início da crise económica de 2008. Esta é apenas mais uma crise, certamente relevante para a vida das famílias e  que as afecta de uma maneira ou outra. Mas a crise familiar é principalmente crise de valores como a lealdade e o compromisso. A lealdade no interior da família, as ligações com os filhos e dos filhos com os pais, ou seja, as forças de carácter (lealdade, amor) que permitem que não haja abandonos dos filhos ou dos pais. 
2. É necessário conjugar trabalho e carreira com compromissos familiares. O trabalho é fundamental, seja no emprego ou voluntariado, e tem toda a importância na relação com os outros mas também na autoestima e saúde mental. No entanto, não se pode esquecer a valorização dos compromissos e é necessário repensar as prioridades. 
Os modelos, estatutos e papéis familiares podem ser alterados. Ter uma carreira é tão importante para o homem como para a mulher e, por isso, a flexibilidade laboral poderá ser uma solução fundamental para facilitar a vida das famílias.
Decidir ter ou não ter filhos também tem a ver com a possibilidade de conciliar o trabalho com a educação dos filhos.
O compromisso entre liberdade individual e os laços com a família devem ser equilibrados, caso contrário, se quisermos absoluta liberdade individual, em algum momento da vida, alguém vai ficar abandonado. 
O que ainda acontece, em famílias com mais ou menos recursos é que as mães têm a responsabilidade da educação dos filhos, e, muitas vezes, ficam sós com os filhos.
3. Outro ponto fulcral da crise familiar tem a ver com os mais velhos. Muitos velhos são sujeitos a maus tratos e abandono, nos lares disfuncionais ou nas famílias disfuncionais.
Sabemos que que muitas famílias abandonam os seus familiares mais velhos nos hospitais. Os picos dos abandonos ocorrem nos períodos de férias, quando as famílias fazem férias no país ou no estrangeiro, o que quer dizer que não é apenas um problema económico mas que a prioridade não é cuidar dos velhos.
Perante a crise actual, as ajudas dos Estado são importantes quer através da Segurança Social, da Educação ou da Saúde mas é indispensável que os pais e os filhos e outros familiares assumam as suas responsabilidades  para com os mais frágeis da família, os mais novos e ou os mais velhos.

Boas festas para todos !

14/12/15

Liberdade sempre

Guillermo Fariñas Hernández é um activista, psicólogo e jornalista independente cubano. Em 2006, ganhou o Prémio Ciberlibertad, dos Repórteres sem Fronteiras. Em 2010, foi vencedor do Prémio Sakharov para a liberdade de pensamento.


“Na minha qualidade de membro da Comissão dos Direitos Humanos do Parlamento Europeu, não posso deixar de lamentar o facto de o Governo português e a presidência da Assembleia da República se terem recusado receber e dialogar com tão eminente personalidade. Nada justifica tão insólito comportamento”, defende Francisco Assis.

Também aqui: Portugal, Cuba e as consequências das ideias.

A liberdade só interessa quando faz parte dos seus interesses! Como citava Miguel Morgado, na AR no debate do programa do governo-golpada: "Os meus princípios são estes mas, se os senhores não gostarem, eu tenho outros". (Groucho Marx)

É altura de voltar a Celia Cruz: Todo aquél que piense /Que esto nunca va a cambiar/Tiene que saber que no es así/ Que al mal tiempo, buena cara/Y todo cambia.


09/12/15

Sobriedade

Há várias sugestões na comunicação social, nos livros de auto-ajuda… para se conseguir a felicidade e o bem estar. Porém, a nossa vida é baseada em características morais que lhe dão sentido, valores universais que não cabem em receitas apressadas.

Seligman* estudou os princípios que são comuns em todo o mundo (ubíquos), e resumiu-os em seis virtudes e vinte e quatro forças.
A temperança, também traduzida por moderação, é uma dessas virtudes. E dela fazem parte as forças de autocontrolo, prudência, discrição e cautela, humildade e modéstia.
A temperança é a virtude que protege dos excessos, refere-se à expressão apropriada e moderada dos apetites e vontades. Uma pessoa temperada não suprime as suas vontades, mas espera por oportunidades para as satisfazer de modo que não recaia qualquer mal sobre ela ou sobre os outros.(Seligman)
O autocontrolo permite controlar os nossos desejos, necessidades e impulsos quando é apropriado que o façamos. Não é suficiente saber o que está correcto mas também colocar esse conhecimento em acção. Sabemos, por ex, da importância de fazer dieta para o nosso bem estar, no entanto, temos muitas dificuldades em manter essa dieta. 
Outra força de carácter é a humildade e modéstia. As pessoas humildes e modestas não procuram ser o centro das atenções, reconhecem erros e imperfeições. têm um estilo de comportamento discreto e humildade para não se sentirem o centro do universo. 
A terceira força é a prudência, discrição e cautela, isto é, devemos dizer ou fazer aquilo de que não nos possamos vir a arrepender mais tarde. A pessoa prudente vê mais longe e resiste mais aos objectivos de curto prazo.
A primeira vítima da falta de temperança é a própria liberdade. (Sêneca)Portanto, temperança é sinónimo de moderação e sobriedade, de discrição no comportamento, de discrição na forma de demonstrar os sentimentos, de equilíbrio.

Os comportamentos dos governantes e os nossos próprios comportamentos sociais e políticos têm vindo a ignorar estas forças de carácter.
A chamada esquerda não quer ouvir falar de temperança, de sobriedade e, de todo, de austeridade. Toma a austeridade como sendo a origem de todos os problemas da sociedade.
Ninguém, dentro do seu juízo, deseja a austeridade pela austeridade. Mas ela faz sentido quando é uma forma de sobriedade e de modéstia. 
A austeridade é uma forma de moderar consumos supérfluos, imprudentes, ostentatórios e anti-ecológicos que põem em risco o futuro pessoal, familiar e colectivo.
Vivemos num tempo em que o crescimento deve ser enquadrado num contexto ecológico e isso diz respeito a todas as políticas da dita esquerda e da dita direita.

Foi isso que o ex-presidente do Uruguai, José Mujica **, da dita esquerda, percebeu quando decidiu viver de forma modesta e sóbria. Vem, aliás, defendendo a sobriedade para a sociedade, isto é, aprender a viver com o que é necessário, o que é justo, sem supérfluo, para salvaguardar um futuro sustentável.
Para quem não quer ouvir falar de austeridade e para os simpáticos crescimentistas da (dita) esquerda instalada em Atenas ou em Lisboa, talvez, a palavra sobriedade possa ser aceitável. A realidade não tem estes problemas semânticos.

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* Martin Seligman, Felicidade autêntica, os princípios da psicologia positiva, Pergaminho; A vida que floresce, estrelapolar.
** "José Mujica, foi presidente do Uruguai de 2010 a 2015. Ex-guerrilheiro dos Tupamaros, entre os anos 60-70, foi preso como refém pela ditadura entre 1973 e 1985. Ele prega uma filosofia de vida em torno da sobriedade: aprender a viver com o que é necessário e o que é justo".
Embora longe da sua visão e prática social e política, não deixo de ver uma curiosa maneira de nos contar a sua experiência de vida que o fez compreender que algo tem que mudar nos tempos que correm. Não deixa de ser interessante falar em sobriedade, contra os "simpáticos crescimentistas" das várias políticas (ditas) de esquerda .
Mujica não fala de austeridade mas percebeu muito bem como não se fazem omeletes: não é certamente com mais e mais crescimento de todos os países que querem crescer e vender...

03/12/15

Todos diferentes...


                                                                               ...Todos iguais

02/12/15

Inteligência ecológica

Está a decorrer em Paris a cimeira do Clima que junta cerca de 190 países, com o objectivo de estabelecer compromissos que levem a estabilizar a emissão de gases com efeito estufa.
Este tipo de cimeiras começou em 1992, no Rio de Janeiro, ano em que foi finalizado o texto da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). 
Esta Convenção foi assinada e ratificada por mais de 175 países.
Em 1997, foi elaborado o Protocolo de Quioto com o objectivo de regulamentar a Convenção Climática e, assim, determinar metas específicas de redução de emissões dos principais gases causadores do efeito estufa. O Protocolo de Quioto só entrou em vigor em 16 de Fevereiro de 2005.
E o que que é que cada um de nós tem a ver com isso? Tudo, não apenas no sentido das alterações climáticas* mas no sentido de que a globalização também deve ser ecológica: o ar que respiramos não tem fronteiras, a poluição dos oceanos tem implicações na vida de todos os países, os produtos que consumimos são fabricados nas mais diversas partes do mundo com materiais e em condições que quase nunca respeitam a ecologia.
Tudo isto nos faz viver num mundo de insegurança e de ansiedade. Não são apenas as várias guerras, terrorismo, criminalidade, que geram essa insegurança, mas também a incerteza sobre os produtos de consumo, para a alimentação, para a saúde….
Um produto pode ter consequências adversas a três níveis, interdependentes (Goleman): Ao nível da geosfera (que incluí o solo, ar, água e clima); da biosfera (os nossos corpos e os das outras espécies assim como toda a flora terrestre) e ao nível da sociosfera (que incluí questões sociais tais como as condições de trabalho).
Felizmente, uma nova realidade está a acontecer: o poder está a passar das empresas produtoras e vendedoras para os consumidores e são estes que podem fazer a mudança.
O que mudaria nas empresas fabricantes de refrigerantes, cosmética ou vestuário se todos nós, sem excepção deixássemos de comprar os seus produtos? Há vários motivos que podem justificar essa atitude, como a exploração do trabalho infantil, a poluição da atmosfera ou a utilização de substâncias perigosas para a saúde.
É necessário, para consumidores e produtores, tornar absolutamente claro o impacto ecológico dos produtos que consumimos diariamente ("transparência radical", Goleman).
Desta forma, numa sociedade onde todos somos, inevitavelmente, consumidores poderemos travar flagelos como os desastres ambientais, a exploração de mão de obra ou a propagação de doenças incapacitantes ou mortais.
É por isso fundamental que cada consumidor tenha uma inteligência ecológica que permita travar a indiferença, o desinteresse, a ignorância ou má fé dos fabricantes dos produtos de consumo.
A inteligência ecológica permite anular ou pelo menos reduzir as ameaças e os danos para nós próprios, para a nossa saúde, para o ambiente e para o planeta. 
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* Nem todos seguem os argumentos do IPCC, como por exemplo: Argumentos contra a teoria do aquecimento global,  Aquecimento global: uma visão crítica.

01/12/15

Enfrentar a ansiedade

Muitas pessoas que me ouvem aprenderam a enfrentar as suas dificuldades de ansiedade por si próprias. No entanto, devemos recorrer a ajuda especializada quando não entendemos o que se passa connosco, ou seja, quando o nível de ansiedade é de tal forma grave que perturba a nossa vida.
É possível, com o apoio de estratégias psicológicas cognitivas*, lidar com a ansiedade de forma mais adaptada:
1. Interpretar correctamente os acontecimentos.  A pessoa ansiosa utiliza quatro monólogos* (as cismas do ansioso):
- Monólogo do preocupado: que enfrenta sempre qualquer coisa da forma pior possível, a pergunta que faz sistematicamente é “e se?” Sendo a resposta sempre o perigoso, o adverso, o fracasso.
Esta pergunta tem que ser afastada. Na realidade quantas vezes nos aconteceu o pior ? O que ajuda na minha saúde ficar a imaginar problemas ?
Preocupar-me com algo que me pode influenciar, que diminui o meu desconforto ou melhora a situação ou o meu estado, pode ser útil. .. Mas preocupar-me com algo que não se pode influenciar, que aumenta ainda mais o desconforto e mal estar, é desperdício de energia. (M. Lucas)
- Monólogo do crítico - que se critica negativamente em relação a tudo o que faz. É necessário mudar de uma auto-avaliação negativa para outra positiva. Afinal sou capaz de fazer coisas bem feitas.
- Monólogo da vitima: acreditar que os problemas não têm solução, ou a priori não ter confiança em si mesmo, pensar que não tenho capacidade para que isto mude. Sabemos, no entanto, que a mudança é possível mesmo que com progressos mais lentos.
- Monólogo do perfeccionista: sente-se na obrigação de fazer sempre mais e melhor, é intolerável com os seus defeitos, comete o erro de pensar que a sua avaliação depende dos outros, do êxito social, do dinheiro … quando o que devia pensar é que há uma vida para desfrutar, podemos errar e aprender com o erro…

2. Acabar com os pensamentos ilógicos. As pessoas que sofrem de ansiedade “fabricam estímulos ambíguos que a partir de pensamentos distorcidos, ilógicos e irreais … constituem o prisma através do qual vêem os outros, o mundo e eles mesmos”. Alguns pensamentos ilógicos:
- ver a realidade habitual como terrível, insuperável, catastrófica;
- sobrestimar uma característica ou um facto negativo;
- e generalizar ou pensar em algo negativo que aconteceu uma vez, vai acontecer sistematicamente.
Outra forma ilógica é a filtragem : ignorar ou menosprezar o positivo de nós próprios e pôr em primeiro plano apenas o negativo;
O raciocínio emocional, sentimentos e emoções, levam-nos também a avaliar as coisas de modo ilógico;
E, finalmente,  o sentido de obrigação excessivo: ter que ser sempre excelente, competente… A vida é feita de obrigações que devemos cumprir; o sentido do dever, no entanto, não deve fazer-nos infelizes.

Há  programas que ajudam a libertar do stress e da ansiedade como o Plano de Atenção Plena (mindfulness): consiste em exercícios diários de 10 a 20 minutos destinados a perceber o que estamos a pensar a cada momento e o efeito que esses pensamentos têm no nosso bem-estar. Podemos tentar libertar-nos dos pensamentos que atrapalham a nossa vida.

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* Pilar Varela refere Edmund Bourne.
* Alguns sites com interesse:
Feliz Mente - Educação e sensibilização para a saúde mental
Miguel Lucas - Como lidar com a ansiedade?
Ansiedade generalizada -Tratamentos
Oficina de Psicologia - Ansiedade generalizada

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Um comentário às vezes é melhor, mais justo e mais objectivo, do que a opinião do(a) jornalista.

"Cavaco Silva nunca foi um homem simpático e de criar empatias. Os media (na sua maioria) e os chamados "intelectuais" sempre embirraram com ele. Isto devia ter-lhe sido fatal na carreira!
No entanto, Cavaco é, sem dúvida, o político mais bem sucedido no Portugal pós-25 de Abril. Muito mais do que M. Soares que, embora possa personalizar mais a opção da democracia e da Europa, é muito menos relevante nos actos concretos da organização e do desenvolvimento do país.
Votei nas primeiras eleições, de 1975, para a Assembleia Constituinte, pelo que tenho já idade para analisar, com equilíbrio, os trajectos e as evoluções das diversas personagens. 
Cavaco ganhou em 1985 (em minoria) e em 1987 e 1991 (com maioria absoluta) porque os eleitores queriam estabilidade, desenvolvimento e "menos revolução". Cavaco correspondia a essa necessidade. Era esfíngico, vertical, de poucas falas, transmitia a ideia de saber o que queria e... de saber mandar.
Os 10 anos de maioria absoluta foram, indiscutivelmente, os anos do desenvolvimento e das infraestruturas (a política do betão, recordam-se?). Recordo que, nessa época, havia muita gente sem electricidade, sem água canalizada, sem saneamento básico e esgotos, sem estradas alcatroadas. Não havia uma autoestrada entre Lisboa e o Porto, quanto mais uma que ligasse o Minho ao Algarve...
Aproveitando os fundos da então CEE, Portugal pareceu, durante alguns anos um grande estaleiro. Foram os anos de maior crescimento consecutivo do PIB. Cavaco deu o subsídio de férias e de Natal aos reformados (ainda não tinham, nem com o Prec!), subiu os salários mínimos e da função pública, mandou construir o Alqueva e a Ponte Vasco da Gama. Foi ele que introduziu o IRS e o IVA. Chegou, também a Auto-Europa.
Foi uma política de investimento público maciço e de modernização, pois era isso que o país necessitava. Não havia comparação possível entre o Portugal de 1985 e o de 1995! Cavaco saiu com o país financeiramente equilibrado e com uma dívida pública abaixo do 60%.
O problema foi que, os governos seguintes (nomeadamente o de A. Guterres) quiseram fazer exactamente a mesma política (do betão... e do juro baixo!) e, em vez de apostarem noutro modelo de desenvolvimento - exportações, por exemplo), levaram-nos "suavemente" até à bancarrota de Sócrates em 2011.
A eleição de Cavaco a PR, em 2006, foi quase uma inevitabilidade pois não havia nenhum "peso-pesado" para lhe disputar a eleição. Os seus dois mandatos de PR, se é que se pode comparar, foram claramente inferiores aos de 1º ministro (cargo que lhe encaixava no seu estilo).
Um primeiro mandato sem grandes problemas, no seu estilo institucional (Sócrates tinha maioria absoluta) e um segundo cheio de crises que, em boa verdade, não foram por ele provocadas, e que todos conhecemos bem: Sócrates minoritário, Troika, 4 anos de maioria absoluta de Passos Coelho, governo minoritário de Costa... que perdeu as eleições..
Cavaco, no entanto, e mesmo a contragosto, deu posse a Costa. Não andou, como Mário Soares, 4 anos a perseguir o 1º ministro (Cavaco!), nem a derrubar um governo com maioria parlamentar de Santana, como Sampaio (maioria parlamentar como agora, é muito curioso...!) para deixar Sócrates no poder.
Conclusão: tirando factos laterais (come bolo-rei com a boca cheia, diz que ganha pouco, etc), nada há de grande mal na actuação de Cavaco como PR. 
Cumpriu perfeitamente o seu papel... não percebo a sanha e o ódio a que o votam!"