01/12/15

Enfrentar a ansiedade

Muitas pessoas que me ouvem aprenderam a enfrentar as suas dificuldades de ansiedade por si próprias. No entanto, devemos recorrer a ajuda especializada quando não entendemos o que se passa connosco, ou seja, quando o nível de ansiedade é de tal forma grave que perturba a nossa vida.
É possível, com o apoio de estratégias psicológicas cognitivas*, lidar com a ansiedade de forma mais adaptada:
1. Interpretar correctamente os acontecimentos.  A pessoa ansiosa utiliza quatro monólogos* (as cismas do ansioso):
- Monólogo do preocupado: que enfrenta sempre qualquer coisa da forma pior possível, a pergunta que faz sistematicamente é “e se?” Sendo a resposta sempre o perigoso, o adverso, o fracasso.
Esta pergunta tem que ser afastada. Na realidade quantas vezes nos aconteceu o pior ? O que ajuda na minha saúde ficar a imaginar problemas ?
Preocupar-me com algo que me pode influenciar, que diminui o meu desconforto ou melhora a situação ou o meu estado, pode ser útil. .. Mas preocupar-me com algo que não se pode influenciar, que aumenta ainda mais o desconforto e mal estar, é desperdício de energia. (M. Lucas)
- Monólogo do crítico - que se critica negativamente em relação a tudo o que faz. É necessário mudar de uma auto-avaliação negativa para outra positiva. Afinal sou capaz de fazer coisas bem feitas.
- Monólogo da vitima: acreditar que os problemas não têm solução, ou a priori não ter confiança em si mesmo, pensar que não tenho capacidade para que isto mude. Sabemos, no entanto, que a mudança é possível mesmo que com progressos mais lentos.
- Monólogo do perfeccionista: sente-se na obrigação de fazer sempre mais e melhor, é intolerável com os seus defeitos, comete o erro de pensar que a sua avaliação depende dos outros, do êxito social, do dinheiro … quando o que devia pensar é que há uma vida para desfrutar, podemos errar e aprender com o erro…

2. Acabar com os pensamentos ilógicos. As pessoas que sofrem de ansiedade “fabricam estímulos ambíguos que a partir de pensamentos distorcidos, ilógicos e irreais … constituem o prisma através do qual vêem os outros, o mundo e eles mesmos”. Alguns pensamentos ilógicos:
- ver a realidade habitual como terrível, insuperável, catastrófica;
- sobrestimar uma característica ou um facto negativo;
- e generalizar ou pensar em algo negativo que aconteceu uma vez, vai acontecer sistematicamente.
Outra forma ilógica é a filtragem : ignorar ou menosprezar o positivo de nós próprios e pôr em primeiro plano apenas o negativo;
O raciocínio emocional, sentimentos e emoções, levam-nos também a avaliar as coisas de modo ilógico;
E, finalmente,  o sentido de obrigação excessivo: ter que ser sempre excelente, competente… A vida é feita de obrigações que devemos cumprir; o sentido do dever, no entanto, não deve fazer-nos infelizes.

Há  programas que ajudam a libertar do stress e da ansiedade como o Plano de Atenção Plena (mindfulness): consiste em exercícios diários de 10 a 20 minutos destinados a perceber o que estamos a pensar a cada momento e o efeito que esses pensamentos têm no nosso bem-estar. Podemos tentar libertar-nos dos pensamentos que atrapalham a nossa vida.

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* Pilar Varela refere Edmund Bourne.
* Alguns sites com interesse:
Feliz Mente - Educação e sensibilização para a saúde mental
Miguel Lucas - Como lidar com a ansiedade?
Ansiedade generalizada -Tratamentos
Oficina de Psicologia - Ansiedade generalizada

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