Está a decorrer em Paris a cimeira do Clima que junta cerca de 190 países, com o objectivo de estabelecer compromissos que levem a estabilizar a emissão de gases com efeito estufa.
Este tipo de cimeiras começou em 1992, no Rio de Janeiro, ano em que foi finalizado o texto da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).
Esta Convenção foi assinada e ratificada por mais de 175 países.
Em 1997, foi elaborado o Protocolo de Quioto com o objectivo de regulamentar a Convenção Climática e, assim, determinar metas específicas de redução de emissões dos principais gases causadores do efeito estufa. O Protocolo de Quioto só entrou em vigor em 16 de Fevereiro de 2005.
Pouco se tem avançado. Na última década, cada ano foi mais quente do que o anterior, e usou-se mais carvão, o mais poluente dos combustíveis, nos últimos anos. Nos últimos 25 anos, a produção de carvão mineral em todo o mundo cresceu cerca de 65%.
E o que que é que cada um de nós tem a ver com isso? Tudo, não apenas no sentido das alterações climáticas* mas no sentido de que a globalização também deve ser ecológica: o ar que respiramos não tem fronteiras, a poluição dos oceanos tem implicações na vida de todos os países, os produtos que consumimos são fabricados nas mais diversas partes do mundo com materiais e em condições que quase nunca respeitam a ecologia.
Tudo isto nos faz viver num mundo de insegurança e de ansiedade. Não são apenas as várias guerras, terrorismo, criminalidade, que geram essa insegurança, mas também a incerteza sobre os produtos de consumo, para a alimentação, para a saúde….
Um produto pode ter consequências adversas a três níveis, interdependentes (Goleman): Ao nível da geosfera (que incluí o solo, ar, água e clima); da biosfera (os nossos corpos e os das outras espécies assim como toda a flora terrestre) e ao nível da sociosfera (que incluí questões sociais tais como as condições de trabalho).
Felizmente, uma nova realidade está a acontecer: o poder está a passar das empresas produtoras e vendedoras para os consumidores e são estes que podem fazer a mudança.
O que mudaria nas empresas fabricantes de refrigerantes, cosmética ou vestuário se todos nós, sem excepção deixássemos de comprar os seus produtos? Há vários motivos que podem justificar essa atitude, como a exploração do trabalho infantil, a poluição da atmosfera ou a utilização de substâncias perigosas para a saúde.
É necessário, para consumidores e produtores, tornar absolutamente claro o impacto ecológico dos produtos que consumimos diariamente ("transparência radical", Goleman).
Desta forma, numa sociedade onde todos somos, inevitavelmente, consumidores poderemos travar flagelos como os desastres ambientais, a exploração de mão de obra ou a propagação de doenças incapacitantes ou mortais.
É por isso fundamental que cada consumidor tenha uma inteligência ecológica que permita travar a indiferença, o desinteresse, a ignorância ou má fé dos fabricantes dos produtos de consumo.
A inteligência ecológica permite anular ou pelo menos reduzir as ameaças e os danos para nós próprios, para a nossa saúde, para o ambiente e para o planeta.
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* Nem todos seguem os argumentos do IPCC, como por exemplo: Argumentos contra a teoria do aquecimento global, Aquecimento global: uma visão crítica.
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