30/09/11

Desaprender para se ser feliz...


Ser felizes é, no fundo, aquilo que pretendemos que nos aconteça. Mas o que é que nos faz felizes ?
Já vimos que o dinheiro não nos faz felizes e não há uma relação directa entre felicidade e produto interno bruto (PIB). Ou seja, para além do crescimento económico e do desenvolvimento material, a felicidade depende do desenvolvimento das emoções.
Sabemos que as emoções e os sentimentos negativos, como a tristeza, a angústia e a raiva influenciam a saúde.
Os psicólogos falam de uma "psicologia positiva" (Seligman) que visa determinar o peso das emoções positivas no equilíbrio físico e mental.
Para sermos felizes podemos começar por separar o essencial do importante. Existem muitas coisas importantes na nossa vida. No entanto, a maior parte delas não são essenciais.
É fácil reconhecer que as três primeiras dezenas de anos da nossa vida são de um  grande e rápido desenvolvimento que esgota os recursos que nos tornam facilmente felizes.
Os quarenta anos seguintes são um pouco redundantes e então devemos perceber que não se trata apenas do ser humano se reproduzir mas da forma como vai fazer a sua  manutenção nesses quarenta anos.
A manutenção de uma vida feliz tem a ver com saber emocionar-se mas ao mesmo tempo saber controlar as emoções.
Quais são então os factores que não nos deixam ser felizes ?
- A ausência de desaprendizagem. Por isso, temos que desaprender muitas coisas principalmente aquelas que não podemos confirmar pela experimentação.
- Muitas coisas que resultam da memória grupal, como acontece com tantas coisas como o preconceito...
- A felicidade é essencialmente a ausência de medo. Por isso o que deve dominar a nossa actividade não é a emoção básica de medo mas o aperfeiçoamento de competências pessoais e interpessoais.
Também podem reduzir a nossa felicidade os factores que resultam da carga genética e hereditária que cada um de nós possui. Desde logo, porque podemos ter algumas alterações genéticas que não nos permitem utilizar os nossos recursos da melhor maneira.
Os materiais biológicos de que somos feitos vão ficando desgastados e o envelhecimento é um desses sintomas. A felicidade depende de sabermos evitar as agressões a que o nosso organismo está sujeito.
A persistência de sistemas políticos não democráticos e a presença de governos corruptos tem muita importância nos índices de felicidade.
Por outro lado, o homem, contrariamente aos outros animais, não necessita de entrar na situação concreta para entrar em stress. Basta imaginar uma situação de perigo para desencadear as suas emoções básicas, como o medo.
Ser feliz depende de factores tais como "minimizar as aprendizagens inúteis, que nos condicionam, minimizar o pensamento acrítico do grupo, minimizar os processos automáticos de comportamento, minimizar o medo e as cargas genéticas herdadas, tendo especial vigilância ao poder político".
Além disso ser felizes depende da emoção que colocamos nos nossos projectos, a atenção ao pormenor, o desfrutar da pesquisa e da expectativa e das  relações pessoais.*
Como dizia o Solnado, façam o favor de ser felizes.
*Condensado do cap.8 de Punset, E. - El viaje a la felicidad - Las nuevas claves cientificas, Barcelona: Ediciones Destino, S. A.

29/09/11

O estado da(s) arte(s)

Iniciou-se ontem a Experimenta Design 2011 e prolonga-se até 27 de Novembro a 6ªedição da bienal Experimenta Design, subordinada ao tema ‘Useless’ (inútil) e que vai mostrar o trabalho de 164 criadores, dos quais 96 estrangeiros provenientes de 18 países, num total de 126 eventos.Vai ser dirigida por Guta Moura Guedes e espera repetir o êxito do ano passado, em que recebeu cerca de 150 mil visitantes.
Temos assistido a várias "reformas" curriculares. Porém, o que tem acontecido nas reformas curriculares tem sido a desvalorização sistemática do campo das artes .
Todos concordamos desde o Marquês de Pombal, que o importante é saber ler escrever e contar. Mas isso até no tempo do fascismo era assim.
O que não seria espectável é que continuássemos nessa perspectiva.
Ken Robinson chama a atenção para esse currículo artístico que tem pouca expressão na escola e de que “a criatividade é tão importante na educação como a alfabetização”. E que "a escola mata a criatividade".
A importância é dada em primeiro lugar às habilidades académicas, matemática e ciências, depois às ciências humanas e por fim às artes.
Mas mesmo nas artes há uma hierarquia pela ordem que se segue: pintura, música, teatro e dança.
A nossa educação é essencialmente uma educação da cintura para cima. E, por isso, o saber que é valorizado é o saber cognitivo.
Há em tudo isto um círculo vicioso: os alunos têm sistematicamente maus resultados na matemática e na língua portuguesa e se têm maus resultados o que acontece? É preciso haver mais tempos lectivos para essas disciplinas.
Não contentes com os resultados o que fazem os pais ? São as áreas privilegiadas para colocar os alunos nas explicações.
Não se compreende por que é que os tempos retirados às artes não regressam a essas disciplinas: educação visual, educação tecnológica, pintura, desporto, música e dança?
O que é a educação integral ? É a educação que permite o desenvolvimento de todo o ser humano. É “a mente sã em corpo são” que é ditado antigo e que faz apelo a um equilíbrio curricular que deixou de ser preocupação para os que fazem o desenho curricular à secretária.
As reformas que têm sido feitas, mais ou menos ad hoc, têm sido pressionadas pelos resultados da  avaliação externa como os exames.
Sem dúvida é importante que os alunos saibam matemática e português e que o aprendem desde muito cedo.
Mas é importante que também que conheçam as artes. As artes são importantes para os resultados finais que representam a cultura de um povo. Vamos a Paris ver a Torre Eiffel, o Louvre, o museu d’Orsay, vamos a Barcelona ver a Sagrada Família, o Museu Miró...
Por outro lado, as artes são estratégicas para todo o desenvolvimento do ser humano e o que é mais interessante para aprender as outras disciplinas porque a música tem a ver com o espaço e com o tempo, pode-se estudar matemática na arquitectura da cidade, estudar português e literatura no teatro.
E, acima de tudo, é a motivação que está subjacente às artes que mobiliza a pessoa para as outras aprendizagens.
Podemos concluir que a importância dada às artes no currículo da educação dá a ideia do progresso conseguido na educação dos nossos alunos. Nesta matéria não temos de que nos orgulhar.
 

22/09/11

Miragem da "escola verdadeiramente inclusiva"


Um pouco por todo o país tem vindo a ser notícia a falta de professores de ensino especial para apoiarem os alunos com Necessidades educativas especiais.
Não é problema novo. É apenas  mais um daqueles problemas do sistema educativo que está longe de estar estabilizado.
Todos os anos por esta altura de início de aulas se coloca este  problema: a constituição de turmas e a integração nessas turmas dos alunos com NEE.
Temos a legislação e a prática. Se a prática não pode contradizer a legislação é difícil, no entanto, muitas vezes, saber como aplicar a legislação.
Diz a legislação que a turma em que são integrados os alunos NEE não pode exceder os 20 alunos desde que seja assinalado no Programa Educativo Individual do aluno que tem necessidade de frequentar uma turma reduzida.
Ora bem. Aqui começa de facto a dificuldade. O Programa Educativo Individual (PEI) é anualmente revisto pelo Conselho de turma (incluindo técnicos e encarregados de educação)  que vai decidir se é ou não necessário que o aluno frequente uma turma reduzida.
Só que o problema não é assim tão simples. A constituição de turmas não depende apenas da vontade da gestão das escolas.
Por um lado, dá-se liberdade aos pais de crianças com NEE de escolherem a escola que consideram mais adequada para os filhos e por outro limita-se o poder da gestão das escolas de poder fazer opções na constituição de turmas:
- pela rede de escolas e turmas que foi definida superiormente
- e ou pela impossibilidade física de espaço suficiente para serem constituídas mais turmas.
- pela integração de alunos entretanto referenciados e ou transferidos
- pela integração de casos "difíceis" do ponto de vista comportamental, dificuldades de aprendizagem como a integração dos alunos repetentes que devem permanecer na escola onde estiveram no ano anterior.
Ficam os alunos fora da escola e não se admitem os alunos com NEE, uma vez que não podem constituir-se novas turmas ?
Por outro lado não há limites ao número de alunos com NEE por escola.
Isto é, são postos limites ao número de alunos com NEE por turma mas não são postos limites ao número de alunos com NEE por escola.
Além disso os recursos humanos não são distribuídos de forma racional. Já aqui criticámos os rácios e a cegueira com que estes são definidos. De facto para o sistema educativo tanto faz uma escola ter 5 alunos com NEE ou 50 alunos com NEE que não é por isso que o rácio permite mais um auxiliar de educação. E quanto aos professores de EE não está definido o rácio professor/alunos.
No caso de uma escola ser verdadeiramente inclusiva e que cumpra a lei, isto é, que conforme a lei prevê aceite todos os alunos com NEE que os encarregados de educação decidam matricular, que condições e que recursos humanos tem a escola para poder atender esses alunos ?
Não seria altura de definir um rácio professor/alunos com NEE ou definir um rácio auxiliar de educação/alunos com NEE ?
No governo anterior quiseram forçar as estatísticas até ao resultado de 1,8% de alunos com NEE. Claro que este é um ponto de partida artificial. Até agora nada foi mudado.  Esperamos que Nuno Crato queira contribuir para o objectivo de termos uma escola verdadeiramente  inclusiva.
Se assim for  tem muita coisa que mudar.

18/09/11

Mal-entendidos: défice cognitivo


Outro mal-entendido: O défice cognitivo e a classificação pela CIF.
1. Os critérios para a integração ou exclusão das NEE de alunos com deficiência mental e dificuldades de aprendizagem têm dado origem a dificuldades na elegibilidade dos alunos que devem ser abrangidos pela Educação Especial.
Estas dificuldades provam a existência de vários problemas de aplicação da CIF.
De facto, como já referi, tenho notado que há grandes discrepâncias no entendimento relativo à aplicação da CIF. Há de tudo, desde quem não tenha em conta a aplicação das categorias mais ajustadas (exclusões), dando origem a listagens intermináveis de capítulos, esquecendo o “core” para estabelecer um perfil de funcionalidade, como, aliás, refere Simeonson, até às interpretações mais ou menos “a olho” no que se refere principalmente ao primeiro qualificador…
2. Já aqui falámos dos critérios que em nosso entender devem ser levados em conta para um aluno ser considerado portador de NEE de tipo cognitivo (deficiência mental). A classificação deverá ser de   nível cognitivo  muito inferior (abrangendo a deficiência mental ligeira, moderada, grave e profunda).
No entanto, a tomada de decisão deve ter em conta também critérios de tipo adaptativo (Grossman), educativo e de personalidade.
3. Mas a deficiência mental não será uma verdade estatística e temporal (temporária)?
É uma realidade que assim é. E, por esse motivo, os instrumentos de avaliação têm que ser actualizados, periodicamente.
O efeito Flynn (o problema do QI crescente), manifesta a obsolescência dos testes.
Por outro lado, o que acontece é que as pessoas estão mais inteligentes. Por ex. na Holanda, em 1982, o QI médio era de 100, mas em 1952, seria de 79 *, isto é, a rondar a deficiência mental, se usássemos o mesmo teste. Por esse motivo, devem-se  usar apenas testes actualizados.
Quando assim é, a nossa experiência diz-nos que o aluno com défice cognitivo de nível muito inferior, deverá ser classificado nas funções intelectuais, dificilmente terá compreensão da leitura e escrita e o seu currículo deverá incidir sobre os aspectos funcionais da leitura e escrita, assim como do cálculo.
* Deary, I. J. (2006). A inteligência, V. N. Famalicão: Quasi Edições.

16/09/11



Albert Szent-Gyorgy é hoje homenageado pelo Google, na comemoração do 118º aniversário.
Reler o autor do Macaco louco só faz bem à saúde como a vitamina C.

14/09/11

Estamos todos parqueados


 Quinta das conchas - Lisboa

 Vivemos na era dos parques. Embora seja difícil definir o que é um parque, tentamos com a Wikipédia:
Um parque é um espaço comummente chamado de "área verde", em geral livre de edificações e caracterizado pela abundante presença de vegetação. Protegido pela cidade, pelo Estado/província ou pelo país no qual se encontra, destina-se à recreação, e à preservação do meio-ambiente natural. Desta forma, um parque pode ser caracterizado como urbano ou natural.
Esta definição deixa de fora muitos parques porque há parques para quase tudo. Além disso, o parque urbano pode ser natural e vice-versa.
Ao longo da nossa vida, começamos por colocar a criança quando é pequena no parque para bebés (devo dizer que não sou adepto destes parques) e, de vez em quando, levamos os nossos filhos até ao parque infantil. Normalmente temos que deixar o carro no parque de estacionamento.
Quando precisamos de mudar o óleo ao carro vamos ao parque industrial e quando precisamos de fazer umas compras vamos ao parque comercial (também se chama outlet).
Como somos todos ecologistas, uns mais verdes outros menos, temos os parques nacionais para visitar, passear, recrear. Neste capítulo a variedade é grande: pode ser um parque florestal, parque ecológico, parque biológico, geopark,  parque integrado.
Podemos ter umas férias  mais em conta se ficarmos no  parque de campismo e, conforme o gosto, com ou sem versão naturista.
Cada vez há mais parques de diversões,  com água ou não, e os parques temáticos: harry potter, etc.
Pelo menos enquanto as crianças são pequenas, não prescindimos de uma visita ao parque zoológico.
De regresso a casa conforme a fome e o acordo da família posso lanchar no parque de merendas.
Quando me apetece um pouco mais de cultura vou ao parque dos poetas ou ao parque arqueológico.
Como alternativa posso praticar desporto no parque desportivo enquanto o filho aproveita para usufruir do skateparque.
E tudo isto cada vez mais verdinho:  por causa das alternativas ao petróleo vou contemplando da scut por onde passo o parque eólico.
Mas o que está na moda mesmo é o parque escolar.
Não sei bem o que é um parque escolar mas parece que inclui os equipamentos escolares de uma zona geográfica e outros equipamentos não escolares como atl, parques infantis, refeitórios, etc . Normalmente dele faz parte o centro escolar que é um grande edifício onde resolveram juntar os alunos de várias escolas de várias localidades, que entretanto encerraram, algumas de forma compulsiva,  variando a distância de poucos ou muitos quilómetros, transformando a escola num equipamento para todos as modalidades de ensino desde o infantil até ao secundário. 
Enfim, parque escolar é uma palavra abençoada para os modernaços que nos têm governado. E é com grande satisfação que os políticos vão inaugurando um pouco por todo o lado os mais diversos parques.
Com tanto parque eu já vivia feliz e achava que não havia necessidade de mais. Eis senão quando de repente me sobressaltou uma ideia: cá para mim, não faltará muito tempo para termos parques para os nossos idosos…
Não é possível, dizia o meu eu ingénuo.  Já mandamos os idosos para fora de suas casas e juntamo-los  em  lares com dimensões perfeitamente desumanas. Faltava só que ...
Já não falta. Afinal criaram também  parques geriátricos. Tomem nota: parques geriátricos.
Portanto, já estamos todos parqueados …
Pode não haver fisioterapia, pode não haver terapia ocupacional, pode não haver cuidados de saúde, mas há parques geriátricos.
E o que são estes parques ? São assim uma espécie de parques infantis para os idosos, têm uma série de equipamentos que permitem aos idosos realizarem exercícios físicos específicos para a sua faixa etária.
Moral da história 1
Por mim, que já não sou novo, nunca irei a um parque destes nem que os equipamentos sejam banhados a ouro, nem que fique no banco de jardim a dar milho aos pombos.
Moral da historia 2
Viva a exclusão! Não seria melhor os idosos terem  espaços onde anda toda a gente ? Porque razão os equipamentos  tal como as acessibilidades não podem ser para toda a população ?
Moral da história 3
O mais interessante é que estes equipamentos têm servido para negociatas.
Moral da história 4
Além disso, como acontece com os parques infantis que se degradam à  velocidade da luz e que nunca são reparados a tempo, podem tornar-se perigosos para quem os frequenta.
Moral da história 5
O que eu acho mesmo é que constroem parques infantis para idosos porque os parques infantis estão muito idosos.
Moral da história 6
Após o 5 de Junho, esperava um corte com o passado em algumas politicas como é o caso dos parques escolares. Este era também um dos dossiers que são autênticas armadilhas para os que vêm a seguir. Esperava que não fosse uma evolução na continuidade porque foram políticas deste tipo que ajudaram a levar ao desastre embora com inaugurações festivas e com foguetório.
Mas é difícil fugir à tentação das inaugurações e de mostrar obra feita.
Moral da história 7
Por mim fico-me mesmo pelo parque jurássico.

12/09/11

Mundo maravilhoso

Tirada daqui

Enquanto estávamos de férias, vários acontecimentos violentos deram-nos a oportunidade de pensar sobre o que está a acontecer na nossa sociedade, como foi o que se passou na Noruega, Inglaterra, Líbia, Síria...
O ser humano continua a mostrar-nos facetas perturbadoras e, provavelmente, ainda não assistimos a tudo o que de mais violento pode fazer.
Será que podemos ser optimistas relativamente ao mundo em que queremos viver ?
Pelo menos, vivemos num tempo em que podemos compreender melhor o que se passa connosco e à nossa volta.
Muitos milhares de crianças e jovens vão iniciar o novo ano lectivo. Alguns pela primeira vez.
Este simples comportamento de ir a escola é em si mesmo um momento de esperança.
Porque o que está em jogo quando se vai à escola não é apenas a transmissão de conteúdos ligados à cultura. O que está em jogo diz respeito ao ser humano integral: É sobretudo a oportunidade de desenvolver e modificar o cérebro. O mundo da educação é este mundo maravilhoso que permite que se modifique o cérebro de cada criança. É disso que trata a escola embora alguns pais e educadores possam não ter consciência disso quando entregam o seu filho à responsabilidade do sistema educativo.
Face a um mundo violento, mesmo que os comportamentos violentos não sejam generalizados, com casos extremos e graves,  poderemos fazer alguma coisa ?
Temos de facto esta  grande vantagem de poder levar os filhos à escola. Mas será que a escola está virada para esta perspectiva ?  A escola já percebeu o papel fundamental que lhe cabe nesta modificação dos comportamentos e das emoções ?
Os decisores políticos oscilam entre a transmissão e a aquisição de conteúdos e a aquisição de equilíbrios emocionais.
No entanto, as coisas não estão assim separadas. Ao tornarmos as crianças mais inteligentes já estamos a melhorar o seu comportamento, reduzindo o risco da agressividade violenta, e a melhorar as suas respostas à frustração e à provocação.
Por outro lado, a escola tem um papel fundamental na prevenção dos maus tratos infantis que como sabemos, são indicados pelos investigadores como um factor determinante que leva mais tarde os jovens e os adultos à violência.
Por isso, prevenir os comportamentos de violência  começa na prevenção  dos maus tratos infantis.
O trabalho de socialização na família e na escola é igualmente importante para prevenir comportamentos violentos no futuro.
As condições politicas e sociais e dos valores educativos das escolas contam mas elas têm que ser vistas também na perspectivas das modificações cerebrais resultantes de factores a que não damos importância.
“O governo e a sociedade querem uma saída fácil, e uma saída fácil é dizer que todos estes  problemas (delinquência e psicopatia)  são económicos ou sociais”. (1)
Por cá temos os comentadores do costume que continuam a justificar com os factores sociais e económicos o que se passou na Noruega, Inglaterra...
Mas sabemos bem que a realidade é outra e mesmo nas sociedades mais desenvolvidas, mais equilibradas socialmente ou mesmo num mundo utópico existirão psicopatas, como nos casos referidos.
Também a história está cheia de situações dessas. Quando um psicopata atinge elevados cargos na sociedade, na policia, no exército… podemos prever grandes estragos como está a acontecer. Não é apenas uma questão política. 
A escola é o local onde, todos os dias, se trabalha na prevenção destas situações. Não há necessidade de recorrer a intervenções especiais ou projectos especiais. Tem que ser uma escola onde os professores percebam que estão realmente a modificar o cérebro das crianças a nível cognitivo e emocional.
É, por isso, à escola e aos professores que compete criar as bases para esse mundo maravilhoso em que queremos viver. Esta é a melhor forma de construir o futuro porque nesta, como noutras matérias, infelizmente, os resultados da recuperação dos  psicopatas não é satisfatório.

(1) Punset, E., (2006) - El alma está en el cerebro, Madrid: Santillana Ediciones Generales, S.L.