29/09/11

O estado da(s) arte(s)

Iniciou-se ontem a Experimenta Design 2011 e prolonga-se até 27 de Novembro a 6ªedição da bienal Experimenta Design, subordinada ao tema ‘Useless’ (inútil) e que vai mostrar o trabalho de 164 criadores, dos quais 96 estrangeiros provenientes de 18 países, num total de 126 eventos.Vai ser dirigida por Guta Moura Guedes e espera repetir o êxito do ano passado, em que recebeu cerca de 150 mil visitantes.
Temos assistido a várias "reformas" curriculares. Porém, o que tem acontecido nas reformas curriculares tem sido a desvalorização sistemática do campo das artes .
Todos concordamos desde o Marquês de Pombal, que o importante é saber ler escrever e contar. Mas isso até no tempo do fascismo era assim.
O que não seria espectável é que continuássemos nessa perspectiva.
Ken Robinson chama a atenção para esse currículo artístico que tem pouca expressão na escola e de que “a criatividade é tão importante na educação como a alfabetização”. E que "a escola mata a criatividade".
A importância é dada em primeiro lugar às habilidades académicas, matemática e ciências, depois às ciências humanas e por fim às artes.
Mas mesmo nas artes há uma hierarquia pela ordem que se segue: pintura, música, teatro e dança.
A nossa educação é essencialmente uma educação da cintura para cima. E, por isso, o saber que é valorizado é o saber cognitivo.
Há em tudo isto um círculo vicioso: os alunos têm sistematicamente maus resultados na matemática e na língua portuguesa e se têm maus resultados o que acontece? É preciso haver mais tempos lectivos para essas disciplinas.
Não contentes com os resultados o que fazem os pais ? São as áreas privilegiadas para colocar os alunos nas explicações.
Não se compreende por que é que os tempos retirados às artes não regressam a essas disciplinas: educação visual, educação tecnológica, pintura, desporto, música e dança?
O que é a educação integral ? É a educação que permite o desenvolvimento de todo o ser humano. É “a mente sã em corpo são” que é ditado antigo e que faz apelo a um equilíbrio curricular que deixou de ser preocupação para os que fazem o desenho curricular à secretária.
As reformas que têm sido feitas, mais ou menos ad hoc, têm sido pressionadas pelos resultados da  avaliação externa como os exames.
Sem dúvida é importante que os alunos saibam matemática e português e que o aprendem desde muito cedo.
Mas é importante que também que conheçam as artes. As artes são importantes para os resultados finais que representam a cultura de um povo. Vamos a Paris ver a Torre Eiffel, o Louvre, o museu d’Orsay, vamos a Barcelona ver a Sagrada Família, o Museu Miró...
Por outro lado, as artes são estratégicas para todo o desenvolvimento do ser humano e o que é mais interessante para aprender as outras disciplinas porque a música tem a ver com o espaço e com o tempo, pode-se estudar matemática na arquitectura da cidade, estudar português e literatura no teatro.
E, acima de tudo, é a motivação que está subjacente às artes que mobiliza a pessoa para as outras aprendizagens.
Podemos concluir que a importância dada às artes no currículo da educação dá a ideia do progresso conseguido na educação dos nossos alunos. Nesta matéria não temos de que nos orgulhar.
 

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