30/09/16

Hoje apetece-me ouvir: Miguel Araújo

Miguel Araújo e Inês Viterbo - Balada astral

...
Eu que pensava
Que ia só comprar pão
Tu que pensavas
Que ias só passear o cão
A salvo da conspiração
Cruzámos caminhos,
Tropeçámos num olhar
E o pão nesse dia
Ficou por comprar

Ensarilharam-se
As trelas dos cães,
Os astros, os signos,
Os desígnios e as constelações
As estrelas, os trilhos
E as tralhas dos dois

29/09/16

Esferográfica

117º Aniversário de Ladislao José Biro
László József Bíró 
(Budapeste, 29/9/1899 — Buenos Aires, 24/10/1985)
Inventou a moderna caneta esferográfica. Nasceu há 117 anos. Apresentou a sua primeira versão da caneta esferográfica na Feira Internacional de Budapeste, em 1931, e patenteou a invenção em Paris, em 1938.

Debates: "nem me explico, nem me entendes"


Como sabemos um  debate é uma forma de comunicação  e exposição  de ideias diferentes sobre um  tema entre duas ou mais pessoas que tem como finalidade  directa conhecer as posturas, bases e argumentos das partes em  discussão e, indirectamente, pode ter  um papel de aprendizagem e enriquecimento, pode eventualmente mudar de posição ou aprofundar e enriquecer a própria pessoa, ainda que não seja essa a finalidade ou o principal motivo de um debate.
Normalmente o debate  é formal, com um formato pré-estabelecido, assim como o tema específico a discutir, e tem um moderador.
No  mundo de informação e comunicação  em que vivemos há debates para tudo. Mas aquilo a que assistimos frequentemente é ao reforço das posições que os interlocutores já tinham antes do debate, não como resultado da discussão, mas pelo que acontece no processo de comunicação
Entre Donald Trump e Hillary Clinton houve esta semana  um debate formal, no contexto da eleição para a presidência dos Estados Unidos
O que acontece é que como este muitos debates  são  mais  compatíveis com aquilo que se chama  descomunicação. São um teste  para afirmar as diferenças, fraquezas e falhas,  quem ataca e quem fica à defesa e  para saber quem ganha ou quem perde.
O debate é supostamente sobre os conteúdos da comunicação mas aquilo que releva é a comunicação não-verbal, as emoções, o tom da voz. Porque  a comunicação faz-se desses aspectos e são estas informações não verbais que interessam mais aos espectadores.
Como refere Xavier Guix, "A comunicação não é algo que aconteça na realidade mas a realidade constrói-se na comunicação".
A complexidade de cada interacção vai depender de uma enorme diversidade de processos: semânticos, neurológicos, psicológicos, sociais e culturais.
Nestas  diferenças surgem frequentemente os conflitos  e, por isso, é tão complicado que as pessoas se entendam.
Segundo Xavier Guix, na comunicação entre duas pessoas podemos considerar a presença de vários princípios.
Há sempre intencionalidade, não fazemos nada porque sim mas temos sempre alguma intenção.
Cada pessoa é única mas  mesmo essa pessoa pode mudar, hoje não é a mesma pessoa que conheci há tempos atrás.  
As pessoas tem diferentes estilos afectivos, todos temos emoções, a expressão das emoções é universal mas o que não é igual é a velocidade, a expressividade, a intensidade e a latência da emoção.
A relação entre as pessoas é sistémica, a pessoa tem todo um mundo de pessoas, de informações e de vivências que fazem parte dela. Tem uma família, tem filhos e vivenciou contextos diversificados que a tornam ainda mais diferente.
A nossas decisões  e escolhas são  de alguma forma condicionadas pelas experiências que tivemos e pelas aprendizagens que fizemos. Vivemos uma espécie de “liberdade condicionada” que, no entanto, não se pode confundir com determinismo.
A relação é construtivista, cada um constrói as suas próprias verdades. E também construcionista. Temos uma personalidade que nos faz como somos mas essa maneira de ser não vem apenas do interior mas da relação com os outros.
São então estas duas pessoas que estão em debate e não apenas as suas ideias e propostas. Daí a dificuldade de comunicação entre elas. Ou seja quando falo contigo “ nem me explico nem me entendes”.

Madrid




























Madrid: da humanidade e compaixão, da política, da história e cultura, da religiosidade (Jesús de Medinaceli, Almudena) da reabilitação urbana (Mercado de San Miguel), da justiça, das finanças e economia, da bicha para o Museu do Prado, de Ortega y Gasset, de Velázquez (no Gran Hotel Velázquez)*, de Cervantes, de Lope de Vega **,  das pessoas, do convívio e da amizade.
_______________________
* Diego Velázquez, filho de um advogado de nobre ascendência portuguesa, o seu avô paterno era do Porto e, em 1581, deixou Portugal para se instalar com sua esposa em Sevilha, onde Diego nasceu a 6 de Junho de 1599...

**
 «—¡Ay, amargas soledades
de mi bellísima Filis,
destierro bien empleado
del agravio que la hice!

Envejézcanse mis años
en estos montes que vistes,
que quien sufre como piedra
es bien que en piedras habite.

¡Ay horas tristes,
cuán diferente estoy
del que me vistes!
 ...
(Poemas del alma)

22/09/16

Madrid



 Madrid: da mobilidade, "cada vez que paseas, vuelve el cielo de Madrid"...

"Madrid é a metrópole mais populosa do sul da Europa e a terceira mais populosa do continente. Na cidade vivem aproximadamente 3,23 milhões de pessoas (5294,5 habitantes por km²) e a sua área metropolitana tem mais de 6,5 milhões de habitantes.
A cidade é conhecida pelas suas largas avenidas e por quatro circulares rodoviárias principais, ligadas por uma infraestrutura rodoviária radial. Mas Madrid é também famosa pelo seu sistema de transportes públicos de grande capacidade: uma rede de metropolitano com 293 km e nove linhas de comboios suburbanos com 89 estações que ligam a área metropolitana à cidade, onde existem 13 grandes interfaces de transportes. A rede de autocarros urbanos, com 200 linhas que percorrem trajetos com uma extensão total de aproximadamente 775 km, cobre áreas não abrangidas pelo metropolitano. As 1 560 bicicletas elétricas do sistema público de bicicletas e os serviços de partilha de automóveis reforçam a flexibilidade de transporte.
Quarenta e três por cento do espaço total da cidade é destinado aos peões; 42 por cento dos cidadãos utilizam transportes públicos, 29 por cento deslocam-se a pé e 29 por cento utilizam veículos privados. Apesar da repartição modal já positiva, o PMUS de Madrid pretende continuar a desencorajar a utilização de automóveis particulares em favor dos transportes públicos e de modos de transporte ativos, com vista a reduzir os impactos negativos do tráfego automóvel e a melhorar a qualidade de vida dos cidadãos."


Hoje apetece-me ouvir: Sima Bina



Uma canção de embalar de que não é necessário entender rigorosamente nada para se perceber que um bebé se sentirá feliz quando sua mãe ou alguém por ela interage desta forma com ele.
As canções de embalar contribuem para o desenvolvimento das suas capacidades, reforçam a vinculação afectiva e dão a segurança de que o bebé precisa para um sono tranquilo.
Enquanto é proibida de cantar no seu país, Sima Bina continua a cantar por todo o mundo.

21/09/16

Monsanto: simbolismo e bom senso


Reconquista, 15 de Setembro de 2016




Reabertura da escola de Monsanto, uma escola de pequena dimensão que nunca deveria ter passado pelo processo aqui descrito. Os alunos e as famílias não o mereciam. As políticas de régua e esquadro podem servir na 5 de Outubro mas não são úteis para as populações. Tantas vezes defendemos as políticas de Crato mas neste aspecto elas eram erradas e prejudiciais para os alunos e famílias. Esta alteração é, aliás, uma excepção, porque para o actual governo nada mudou de substancial em relação a estas escolas.
Merecem reconhecimento os autarcas que compreendem as preocupações das famílias com a educação dos seus filhos. Aposto que os burocratas não desejam melhor educação para os alunos do que os seus pais e de quem está no terreno.
Além disso, há a visão dos autarcas que sabem que se não há pessoas nas aldeias, em breve elas faltarão nas sedes do município e vão até ao limite para que, de acordo com os pais e encarregados de educação, se mantenham as escolas abertas.
Temos defendido aqui (1, 2, 3, 4, 5 ...)  as escolas de pequena dimensão. Esta reabertura é um acontecimento feliz para a educação destas crianças.


Madrid




















Madrid: dos jardins (Retiro, Paseo de Recoletos, Prado, Vertical, Atocha), dos passeios largos, das esplanadas, do estacionamento subterrâneo, das ruas limpas, da vida nas ruas, da organização...


Sem-vergonhismo

 


Tem sido muito discutida, felizmente, a forma do estado se relacionar com os cidadãos no que toca à forma de sacar dinheiro aos contribuintes, num período sem austeridade (ao que dizem, a nossa situação actual!).
A discussão deste assunto não pode ser feita de ânimo leve porque a teoria da dirigente do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, de que “A primeira coisa que temos de fazer é perder a vergonha de ir buscar dinheiro a quem está a acumular dinheiro”. (RR, 17 set, 2016), é um salto qualitativo na forma do estado se relacionar com os cidadãos.
A relação que deveria ser equilibrada, parcimoniosa, equitativa é agora defendida como um assalto “sem vergonha” aos cidadãos, neste caso, aos que acumulam dinheiro.

Rui Moreira (O saque Mortágua) reagiu dando voz a muita gente: "Este pseudo-imposto Mortágua é, portanto, um saque. Um saque aos contribuintes, mas também aos municípios, que deveriam ter a possibilidade de definir, livremente, as taxas, sobretaxas, discriminações e isenções de um imposto cuja receita, por definição, é sua e deveria poder ser usada de acordo com as suas estratégias de desenvolvimento.".

Costuma dizer-se, a brincar ou não, "quem sai aos seus não degenera". Temo que seja verdade, que quem sai aos seus não degenera mas, pior do que isso, também não regenera.
A história está aí para o demonstrar. Foi assim desde a decadência do império romano. Horacio cantava "Os nossos pais, piores que os nossos avós, geraram-nos a nós ainda mais depravados, e nós daremos uma descendência ainda mais incapaz” (Horacio, citado por Ortega y Gasset, La rebelion de las masas, p. 97). No entanto, dizia-se, "Roma era eterna"… até que aparecerem os visigodos, hunos e vândalos.

O colectivismo subjacente a esta ideia de estado absoluto é a de que o estado pode meter a mão em tudo e sem regras, do património à vida privada e intimidade, através de mecanismos de “criatividade extorsiva” e de delacção silenciosa das máquinas e das técnicas, através das formas mais subtis do cruzamento de dados e informações contidas nos diversos números nacionais que nos são atribuídos pela máquina estatal.
Voltando a Ortega y Gasset: “No nosso tempo, o Estado chegou a ser uma máquina formidável (a primeira edição do livro é de 1937, hoje seria “uma máquina altamente sofisticada”) que funciona prodigiosamente, de uma maravilhosa eficiência pela quantidade e precisão dos seus meios. Colocada no meio da sociedade, basta tocar uma mola para que actuem as suas enormes alavancas e operem fulminantes sobre qualquer peça do corpo social.” (pag.182).
Para Ortega y Gasset “Este é o maior perigo que hoje ameaça a civilização; a estatificação da vida, o intervencionismo do Estado, a absorção de toda a espontaneidade social pelo Estado; quer dizer a anulação da espontaneidade histórica, que em definitivo sustém, nutre e empurra os destinos humanos.” (p.182)
A política tem sido feita de muitos "ismos" no nosso país e no mundo: capitalismo, socialismo, comunismo, esquerdismo, liberalismo, etc. e passamos a ter agora, formalmente, o sem-vergonhismo. O sem-vergonhismo sempre existiu mas ninguém tinha tido a desfaçatez de o defender formalmente.

14/09/16

Compaixão



Duas brochuras de propaganda (Serviço de informações alemão, Lisboa, 1944). O "terror aéreo" põe em evidência a vitimização das testemunhas causada pelo terror provocado pela arma aérea anglo-americana. Para a propaganda, eles apenas são obrigados a reagir: "A grã-bretanha provocou o contra-ataque alemão e perdeu o direito de condenar perante o Mundo os efeitos de destruição da nova arma utilizada contra ela."
O calendário da guerra aérea refere os vários bombardeamentos a cidades...
"O dia chegará" uma (espécie de) promessa vingativa face à destruição provocada pelos forças anti-alemãs... Os vários testemunhos são anónimos.
Porém, ainda estava para acontecer Dresden, entre 13 e 15 de Fevereiro de 1945.
Embora continue a haver controvérsia sobre a estratégia, sobre o número de mortos, sobre os crimes de guerra, a propaganda continua dos vários lados dos interesses. Como em 1944.
Uma coisa é certa: o que ali se passou foi crueldade e falta de compaixão. É o que falta aprender: a compaixão.
Foi criado o prémio Dresden, em 2010, como um prémio de paz internacional, concedido anualmente em 13 de Fevereiro, aniversário do bombardeamento de Dresden. Talvez o caminho certo: encorajar a compaixão para chegar à paz.

Compaixão

P. Ekman


Conhecemos da história vários períodos  altamente conturbados por guerras de uma crueldade imensa. Os que nascemos após a segunda guerra mundial temos assistido à continuação dessa violência e guerra um pouco por todo o lado onde é desprezado o essencial respeito pela vida humana.
Em todas estas situações, geradas pela ira e pelo ódio, sobressai com virulência, a crueldade do ser humano e são quase apagadas as emoções básicas positivas do ser humano que deviam ser de grande préstimo para o poupar a este sofrimento indescritível.
São pessoas, políticos, militares, ou não, que levam a cabo políticas de terra queimada, um ódio que só se contenta com o maior sofrimento que impuserem aos outros, que quer destruir tudo, aniquilar o outro quando já praticamente nada há para destruir.
O que se passa na Síria e países vizinhos, o que se passa com o terrorismo, deixa-nos a pensar como seres humanos, perto ou longe dos locais da violência, são capazes de causar tanta destruição.
Todos responsáveis colectiva e individualmente pelo sofrimento que causam. Têm responsabilidades individuais nas decisões que tomam e não apenas em função do dever de  obedecer a ordens superiores políticas ou militares. Mas o mais importante é realçar que faltou e continua a faltar a compaixão nas relações entre os seres humanos.
“A compaixão é definida como a resposta emocional ao perceber o sofrimento e envolve um desejo autêntico de ajudar a aliviar esse sofrimento."(O que é compaixão?)

Para o budismo a  compaixão é uma das quatro qualidades incomensuráveis, que incluem também a  equanimidade,  bondade empática/amorosa; e alegria/júbilo.
A equanimidade significa uma atitude inalterável  tanto na adversidade como na prosperidade, espírito sereno e  equilibrado.
A equanimidade “é como termos um sistema imunitário que nos permite levar connosco uma zona de paz para todo o lado”.   A equanimidade é oposta ao apego/aversão.
A bondade é oposta ao ódio e ira  em que a pessoa não pode suportar o bem estar da outra pessoa (“não gosto que estejas feliz porque és meu inimigo”).
A alegria por empatia  é o contrário da inveja, ou seja “ não suporto que sejas feliz, não suporto que sejas famoso nem rico”.
A compaixão significa “ que te possas libertar do sofrimento e da fonte do teu sofrimento”.
“A crueldade é o prazer com o sofrimento de outra pessoa e mesmo o desejo de infligir tal sofrimento . A compaixão é exactamente o oposto” (Daniel Goleman, Emoções destrutivas e como dominá-las, Círculo de Leitores, pág.343).

Mas a violência está também bem perto de nós, dentro de casa, nas relações entre os que pensávamos serem nossos amigos e protectores. A violência doméstica é fruto da falta de compaixão. Há episódios, diariamente, que nos fazem interrogar sobre a crueldade de seres humanos capazes de causar tanto sofrimento mesmo àqueles que estão próximos, têm a mesma cultura, a mesma religião, o mesmo partido político, e muitas vezes partilham vários anos de vida em comum.
Temos necessidade de promover uma cultura de compaixão, desde idades precoces e nos períodos críticos do desenvolvimento, no tempo certo, para fazer essas aprendizagens.
Tanto a aprendizagem da crueldade como da compaixão modificam o nosso cérebro. Se formos habituados a contrariar a crueldade  e, ao contrário, a desenvolver a compaixão e as emoções positivas  podemos ter esperança num mundo melhor.

07/09/16

Regresso ao trabalho



 
 
Estamos de regresso ao nosso programa e, como nos anos anteriores, iremos dar aqui a nossa opinião livre sobre temas que, penso, podem interessar aos nossos ouvintes. No nosso caso, vamos continuar a falar de psicologia, de psicopedagogia, de escola e de todas as situações sociais, culturais e políticas que mais relação têm com a educação, fazendo uma compreensão dessas situações à luz da psicologia.
Para começarmos, hoje vamos falar do regresso ao trabalho e das implicações psicológicas que pode ter para cada um de nós.
Em psicologia diferencial, sabemos que a mesma situação ou estímulo pode desencadear respostas diferentes segundo a personalidade. É também o que acontece com o fim das férias e o regresso ao trabalho.
Com a generalização das férias a todos os trabalhadores, o ciclo trabalho-férias-trabalho criou um desfasamento cada vez mais profundo entre as duas actividades… e, inclusive, podemos falar de uma entidade psicopatológica: stress pós-férias ou síndroma pós-férias, isto é, a dificuldade grave do regresso às rotinas do trabalho.
Esta perturbação afecta 40 % dos portugueses, mais mulheres do que os homens e mais a faixa etária 25-45 anos (dados de 2015). Apresenta alguns destes sintomas:

Físicos
%
Emocionais
%
Comportamentais
%
Dores musculares e de cabeça
Cansaço
Insónia
Problemas gastrointestinais
87
83
42
28
Angústia
Ansiedade
Culpa
Raiva
89
83
78
61
Uso de drogas e medicamentos
Consumo de bebidas alcoólicas
Consumo de comidas calóricas
Tabagismo
68
52
38
33
Alexandra Carita (texto) e Ana Serra (infografia), "Era bom mas acabou-se", A revista do Expresso, 3/9/2016

De facto não é fácil  adaptar-se de novo às rotinas, aos horários, aos mesmos ou novos colegas de trabalho de quem se gosta menos...
A psicóloga Kathleen Hall, consideram que “o stress que costuma marcar o regresso ao trabalho envolve uma reacção, muitas vezes difícil, de adaptação ao dever, em oposição ao lazer registado durante as férias”. Para ela, “a ansiedade e tristeza sentidas no regresso à rotina serão tanto maiores quanto mais longo for o período de férias”.

Mas a reacção de stress pode estar mais relacionada com o regresso a um ambiente de trabalho desagradável, desmotivante e até  hostil, do que com o fim das férias. Stress pós-férias  é uma coisa, insatisfação no trabalho outra coisa completamente diferente
Para mim sempre foi pacífico o regresso ao meu local de trabalho, à escola. Por ser um local onde me sentia motivado e feliz, desejava voltar com entusiasmo.
Agora o problema é outro: não voltar. Este não regresso é um tempo  nostálgico de rotinas de anos que deixaram de se repetir. Voltar a ver os colegas com quem se desenvolveram tantos projectos, se criaram relações fortes que ficaram  para a vida, faz-nos ter esse sentimento de saudade de um tempo em que para além de sermos  mais novos, éramos mais activos, mais empreendedores e também mais iludidos com os resultados da nossa intervenção profissional.
Com stress pós-férias ou com tranquilidade são as formas alternativas de viver o   regresso ao trabalho.
Mas, para quem já não regressa ao trabalho, como no meu caso, podemos ainda viver e sofrer com a nostalgia de tantos regressos ao local e ao trabalho onde fomos felizes.
Bom trabalho. Até para a semana.