Como sabemos um debate é uma forma
de comunicação e exposição de ideias diferentes sobre um tema
entre duas ou mais pessoas que tem como finalidade directa conhecer
as posturas, bases e argumentos das partes em discussão e, indirectamente, pode ter um papel de aprendizagem e enriquecimento, pode
eventualmente mudar de posição ou aprofundar e enriquecer a própria pessoa, ainda
que não seja essa a finalidade ou o principal motivo de um debate.
Normalmente o debate é formal, com um formato
pré-estabelecido, assim como o tema específico a discutir, e tem um moderador.
No mundo de informação e comunicação
em que vivemos há debates para tudo. Mas aquilo a que assistimos frequentemente
é ao reforço das posições que os interlocutores já tinham antes do debate, não
como resultado da discussão, mas pelo que acontece no processo de comunicação
Entre Donald Trump e Hillary Clinton houve esta
semana um debate formal, no contexto da
eleição para a presidência dos Estados Unidos
O que acontece é que como este muitos debates são mais compatíveis com aquilo
que se chama descomunicação.
São um teste para afirmar as
diferenças, fraquezas e falhas, quem
ataca e quem fica à defesa e para saber
quem ganha ou quem perde.
O debate é supostamente sobre os conteúdos da
comunicação mas aquilo que releva é a comunicação não-verbal, as emoções, o tom
da voz. Porque a comunicação faz-se
desses aspectos e são estas informações não verbais que interessam mais aos
espectadores.
Como refere Xavier Guix, "A comunicação não é algo que aconteça na
realidade mas a realidade constrói-se na comunicação".
A complexidade de cada interacção vai depender de
uma enorme diversidade de processos: semânticos, neurológicos, psicológicos,
sociais e culturais.
Nestas diferenças surgem frequentemente os
conflitos e, por isso, é tão complicado que as pessoas se entendam.
Segundo Xavier Guix, na comunicação entre duas pessoas podemos considerar a presença de vários princípios.
Há sempre intencionalidade, não fazemos nada
porque sim mas temos sempre alguma intenção.
Cada pessoa é única mas mesmo essa pessoa pode mudar, hoje não é a
mesma pessoa que conheci há tempos atrás.
As pessoas tem diferentes estilos afectivos,
todos temos emoções, a expressão das emoções é universal mas o que não é igual
é a velocidade, a expressividade, a intensidade e a latência da emoção.
A relação entre as pessoas é sistémica, a pessoa
tem todo um mundo de pessoas, de informações e de vivências que fazem parte dela.
Tem uma família, tem filhos e vivenciou contextos diversificados que a tornam
ainda mais diferente.
A nossas decisões e escolhas são de
alguma forma condicionadas pelas experiências que tivemos e pelas aprendizagens
que fizemos. Vivemos uma espécie de “liberdade condicionada” que, no entanto, não se pode
confundir com determinismo.
A relação é construtivista, cada um constrói as
suas próprias verdades. E também construcionista. Temos uma personalidade que nos
faz como somos mas essa maneira de ser não vem apenas do interior mas da
relação com os outros.
São então estas duas pessoas que estão em debate e
não apenas as suas ideias e propostas. Daí a dificuldade de comunicação entre
elas. Ou seja quando falo contigo “ nem me explico nem me entendes”.
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