R. Strauss - Sinfonia Alpina
Preludio - Gota d´água - Chopin
Young People's Chorus of New York City/USA: Três Cantos Nativos dos Índios Kraó, EJCF Basel 2014
R. Strauss - Sinfonia Alpina
Preludio - Gota d´água - Chopin
Young People's Chorus of New York City/USA: Três Cantos Nativos dos Índios Kraó, EJCF Basel 2014
Acontece que deixamos o trabalho mas o trabalho não nos deixa. Levamos connosco muita bagagem desnecessária: preocupações, arrelias, frustrações, desilusões, trabalho e equipamentos: portátil, telemóvel, ipad ... E acima de tudo a mesma atitude mental: competição expressa ou inconsciente nos mais pequenos pormenores que compromete aqueles benefícios.
Umas férias pensadas e sonhadas para combater o stress levam a aumentar ainda mais o stress com as bichas de automóveis para a praia, para o supermercado, para o barco, dificuldade para estacionar... Afinal já chegava a bicha para marcar consulta no Centro de Saúde, tratar de um documento na Loja do cidadão, para não falar na AIMA que só de ver na TV me cansa...
O ser humano percebeu que era necessário haver regras para poder funcionar em seu próprio proveito. Mesmo que alguns teimem em não as entender na utilização do condomínio, do trânsito... e da praia. (2)
Por que há-de haver regras num tempo e espaço em que queremos gozar a nossa liberdade? E por que não hei-de ter as minhas regras ?
Não é de estranhar o resultado de um recente inquérito: “os jovens dizem que as proibições nas praias lhes tiram a diversão.” (3)
Uma das últimas guerras de que estaríamos à espera seria a luta pelo domínio de uma espreguiçadeira junto à praia ou à piscina. Uma espreguiçadeira pode ser o meu território. Tenho espreguiçadeira, logo existo. Mas a conquista daquele minúsculo espaço territorial, a necessidade de ficar à frente, ter o melhor lugar junto à praia, exige ter que levantar cedo, correr para a conquista, impondo a minha regra, o espaço marcado pela minha toalha. E esta vitória tem custos: deixam-me completamente stressado.
Por mais que tenha evoluído e tenha abraçado o progresso, trazido pelo turismo de massas, o ser humano está sempre a voltar para os estádios primitivos dessa evolução. Como acontece com todas as guerras em que o homo sapiens manifesta a sua incapacidade para ultrapassar a eliminação física do outro ou os pequenos conflitos interpessoais, inesperados, que ameaçam o velho cérebro que dita o meu domínio territorial: "Os hotéis dizem que sem o controlo das espreguiçadeiras "seria uma selva", uma vez que os turistas competem por lugares privilegiados nos hotéis ao longo da costa espanhola." (4)
O comportamento humano não pára de nos surpreender, preocupar e... divertir. Em vez de tranquilas férias aumentamos o stress, a terapia vira pesadelo, um feliz casamento pode voltar de férias desfeito ou uma boa amizade encontrará o seu ocaso. (5)
O ser humano ainda não se adaptou a estas novas regras. Volta sempre à selva de onde afinal parece nunca ter saído: um lugar ao sol tem uma importância fundamental para um primata em via de socialização.
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Manuel Cargaleiro (Mata dos Loureiros – Castelo Branco)
1. "As cantigas são tantas, que a mim até se mudam", é o nome da exposição de Filipe Faria inaugurada no dia 18/11/2023, no Centro Cultural Raiano, com a participação musical de Fátima Torrado Milheiro. O evento integra o Programa "Fora do lugar".
2. É também um livro com as fotografias da exposição de Filipe Faria e uma longa entrevista a Fátima T. Milheiro.
Como é referido por Filipe Faria no belo livro sobre o evento, é possível que o som nunca se extinga e se tivéssemos uma máquina que o captasse - como dizem que dizia Marconi - podíamos ouvir esse som sempre que quiséssemos.
"Podíamos ouvir tudo. Ouvir a primeira inspiração dos nossos filhos e dos nossos pais. Ouvir o primeiro grito da Humanidade, cada sermão, conselho sábio ou riso de todas as gerações. Ouvir o som grave da primeira erupção ou o canto agudo daquela ave que escapou para longe. Todos nós podíamos ouvir tudo. Ouvir tudo, para sempre.Depois de produzido, o som não morria mas perdia poder, enfraquecia. Estas ondas sonoras, fracas, sem destino preciso, permaneciam eternamente a flutuar. Qualquer som podia, em teoria, ser recuperado. Ouvido pela primeira ou pela enésima vez. Qualquer som de qualquer lugar ou tempo passado. O primeiro e o último. Um som perdido podia ser ouvido, novamente, com o equipamento certo. Um equipamento poderoso. Um que conseguisse ouvir e escolher. Um por inventar.Todos os sons são sons perdidos… "
Alguns sons são especiais. Podemos lembrar o som da fala da mãe, do pai, dos irmãos, dos amigos, dos que nos amam muito e também dos que não gostam de nós. Há um som particularmente importante: O som do meu nome. O nosso nome, o nome de uma pessoa é o som mais importante e doce de qualquer linguagem. (Dale Carnegie, Como fazer amigos e influenciar pessoas)
Parque da Cidade - Mata dos Loureiros - Castelo Branco
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Com o agradecimento devido, vou buscar ao J. Rentes de Carvalho, em TEMPO CONTADO.
Freeman Dyson
"Os efeitos do aquecimento global serão mais vantajosos que prejudiciais. Os seus cálculos sobre o dióxido de carbono levam-no a concluir que: Muitos leigos crêem que esse gás na atmosfera resultará em séculos de desastre. Nada menos verdade. Uma molécula de CO2 permanece apenas sete anos na atmosfera, sendo depois absorvida pelos oceanos ou pela vegetação. É um equilíbrio muito dinâmico e totalmente ignorado pelo público.
Um facto matemático que também deveria ser mais conhecido, acha Dyson, é existir uma função logarítmica nos efeitos físicos do CO2. O que significa que quanto maior for o volume desse gás na atmosfera, mais diminuirão os seus efeitos. Do ponto de vista da sociedade isso é extremamente tranquilizante.
- É interessante notar – disse o jornalista – que muitos (cientistas) cépticos acerca do aquecimento global são pessoas idosas. Porque será?
Dyson permaneceu calado alguns segundos, o seu olhar preso no do interlocutor:
- Os cientistas idosos são financeiramente independentes e podem falar com toda a liberdade… Fora de dúvida existe um lobby do clima. Há um vasto número de cientistas que ganha dinheiro assustando o público. Não digo que o façam conscientemente, mas é facto que muitos rendimentos provêm desse medo.
O presidente Eisenhower disse um dia que o poder dos militares em determinado momento se torna perigoso, pois é tão grande. O mesmo se constata com o lobby do clima: com o poder de que dispõe torna-se perigoso."
A ópera O Navio Fantasma (Der fliegende Holländer no título original) estreou em 1843 sob direção musical de Richard Wagner. O libreto é do domínio do fantástico: por ter invocado o Demónio, um marinheiro holandês (por alguns identificado como o Herói Romântico) foi condenado a errar eternamente pelos mares, comandando um navio fantasma. É-lhe concedida, como escape à maldição, a possibilidade de poder vir a terra de sete em sete anos e de encontrar uma mulher que lhe seja fiel até à morte. A redentora será a filha do marinheiro Daland, Senta, que quebrará a maldição lançando-se ao mar.
A obra apresentou, pela primeira vez, alguns elementos constitutivos de toda a futura produção wagneriana e contém ambientes e personagens impregnados de realismo. Daland, exemplo marcante, vai ser cantado pelo britânico Peter Rose. A ópera O Navio Fantasma foi apresentada no Teatro Nacional de São Carlos a 4 de março de 1893 e já aí teve notáveis intérpretes do Holandês.
A nova produção é assinada por Max Hoehn, jovem encenador que integrou a equipa artística de Graham Vick na produção de Alceste em São Carlos, em 2019, e que transportará o caráter épico da música de Wagner para uma conceção cénica sustentável, em linha com os desafios do nosso tempo.
Ficha técnica:
Direção musical - Graeme Jenkins
Encenação - Max Hoehn
Cenografia e desenho de luz - Giuseppe di Iorio
Figurinos - Rafaela Mapril
O Holandês - Tómas Tómasson
Senta - Martina Serafin
Erik - Peter Wedd
Daland - Peter Rose
O Piloto - Marco Alves dos Santos
Maria - Maria Luísa de Freitas
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
(Maestro titular Giampaolo Vessella)
Coro RicercareFoi um privilégio assistir a este espectáculo: O navio fantasma de Wagner. Principalmente a Abertura, o Coro das jovens aldeãs amigas de Senta, no princípio do segundo Acto e a Balada de Senta, deixam-me focado na beleza que ainda existe neste mundo. Na força do ser humano e na capacidade de cada um dos artistas para a (re)criação de emoções e sentimentos de bem-estar e positividade em cada um dos espectadores: Eu, na sala, colado ao palco com o sentimento de viver o drama de quem busca a salvação em Senta ou então na desesperança de continuar a navegar perdido para sempre no mar. A eterna história do amor salvífico que passa pelo sofrimento da separação...
SE QUISERES LEMBRAR...Se quiseres lembrar o que perdidoestá aviva o sangue flutuanteque no entanto ainda jaz nas veias.Não servirá - tu saberás - de alívioo perseguir aquelas marcas vãsporque o que foi não ganha novo enleio.Indecisões? Um prémio passageiro?Um sol brilhante que escondeu enganos?
António Salvado, Repor a luz