As terapias que oferecem alívio do sofrimento e prometem a cura da doença são inúmeras.
Porém, muitas delas não obedecem a critérios rigorosos e a métodos científicos para podermos confiar nelas. E, por isso, facilmente nos colocamos numa posição céptica em relação às terapias. Neste caso muitas questões se colocam: Há mesmo uma terapia da natureza? Há provas de que a natureza melhora a nossa saude e cura algumas das nossas doenças? É mais uma panaceia para que alguns espertos ganhem dinheiro ludibriando os crédulos? É mais uma moda porque tudo o que é verde está na moda ?...
Já aqui falámos na terapia de ar livre e da natureza e da hortiterapia e, depois de ter visitado o Parque do Barrocal, e de pensar nas potencialidades terapêuticas que possui, tenho procurado saber mais sobre as terapias da natureza, como em A natureza cura, de Florence Williams, e shinrin yoku, de Y. Miyazaki, para saber mais sobre as terapias da natureza.
A ligação da natureza ao ser humano tem uma história tão longa como a da sua existência. Necessitamos de espaços alargados, naturais, onde possamos explorar os nossos sentidos e a nossa paz interior.
"O Homo sapiens tornou-se oficialmente uma espécie urbana por volta de 2008. Foi nesse ano que a OMS informou que pela primeira vez havia mais pessoas em todo o mundo a viverem em áreas urbanas do que em áreas rurais." (F. Williams, p. 22)
Até que ponto esta mudança está a modificar o nosso modo de vida e a nossa biologia ?
A experiência do confinamento devido à pandemia veio pôr em evidênca a necessidade dessa interacção para a nossa personalidade. Na ausência desta interacção com a natureza, aumenta o recurso a medicamentos. São os antidepressivos para os adultos ou os medicamentos para a hiperactividade das crianças...
O controverso biólogo Edward O. Wilson a quem se deve o termo biodiversidade, desenvolveu a ideia de "biofilia" situando-a no mundo natural e identificando "a natural ligação emocional dos seres humanos aos outros organismos vivos" como uma adaptação evolutiva que nos ajudou não só a sobreviver mas também a alargar os limites da realização humana. Apesar de não se terem encontrado quaisquer genes relacionados com a biofilia sabemos que o nosso cérebro responde de modo inato aos estímulos naturais como acontece com o medo. (biofobia ) Como, por exemplo o medo de serpentes... (p. 32) *
Os resultados das experiências de Miyazaki mostram que os benefícios da terapia da floresta se traduz em vários benefícios para a saúde, tais como: A recuperação do sistema imunitário deficiente, maior relaxamento do corpo, redução do stress ... (Miyazaki, p. 34)
Felizmente, as pessoas têm vindo a tomar consciência da importância da natureza, das árvores, e dos espaços verdes para a sua saúde.
Há protestos e manifestações de cidadãos quando entidades governamentais centrais ou locais decidem cortar árvores, danificar a natureza para construírem equipamentos, como barragens, aeroportos, zonas habitacionais, em zonas sensíveis, cujo impacto ambiental não é levado em conta.
É esta interacção com a natureza que leva todos os verões milhares de pessoas para o litoral para apanharem banhos de sol e banhos de mar. Temos este comportamento porque pensamos que é bom para a nossa saúde, vamos carregar baterias...
Porém, esquecemo-nos de que temos aqui junto de nós, por enquanto, a possibilidade de banhos de natureza tão benéficos para a nossa saúde...
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* "A hipótese da biofilia postula que os elementos pacíficos ou acolhedores da natureza nos ajudaram a recuperar a serenidade de espirito, a clareza cognitiva, a empatia e a esperança. Quando o amor, o riso e a música não estavam por perto, havia sempre um pôr do Sol. Os seres humanos mais sintonizados com os estímulos da natureza eram aqueles que sobreviviam e transmitiam estes traços à geração seguinte." (p. 32)
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