17/12/20

“Neste Natal nada nos pode separar”


É o que diz a publicidade* mesmo que nunca tenha havido, nas nossas vidas, um tempo de Natal como este em plena pandemia e estado de emergência.

Já tínhamos que lidar com o risco normal que faz parte do quotidiano da nossa vida mas agora também temos que lidar com este que ninguém previu. Dispensava-se mais esta provação.

Mas este Advento de 2020, é também tempo de desafio da capacidade de superação do ser humano,  da capacidade de bondade para com os outros e de atingir os mais altos estádios de desenvolvimento moral.

 

Depois das conquistas científicas e sociais do século XX voltamos a mostrar a nossa fragilidade porque mais expostos à morte ou porque a nossa relação com a morte passou a ser diária, nas estatísticas da pandemia à hora do almoço, que a DGS divulga em todos os media, nas conversas com os outros, ou no seio da própria família quando um dos seus elementos fica contagiado ou esteve em contacto com alguém covid positivo.

O maravilhoso mundo construído desde a segunda metade do sec. XX começou a desabar. Muitas famílias voltaram a níveis elementares  de subsistência porque perderam os empregos, os negócios, as empresas...

Tudo isto se reflecte na vida da família. O século XX foi o século da descoberta da criança e apesar de todos estas alterações que vivemos há algo de substancial que não muda:  “Todas as crianças nascem com direito a uma família, sendo que uma família não é um pequeno grupo de pessoas com uma história comum que se converte em cumplicidades, mas os laços que entre elas se criam através de experiências de intimidade, irrepetíveis, inimitáveis e inefáveis”. (Eduardo Sá, Más maneiras de sermos bons Pais, p. 33).

 

O advento é o tempo da construção de uma família e, portanto, da  esperança e da expectativa, que  pouco a pouco se vai concretizando até ao nascimento de um filho. 

O Natal, como os outros dias de festa  é a realização das necessidades básicas (Maslow) da criança do ponto de vista da sobrevivência biológica mas também do ponto de vista simbólico.

“O  que é maravilhoso na magia positiva dos dias de festa é o facto de que ela dá à criança segurança durante todo o ano, quando é mais necessária, mesmo nas circunstâncias mais penosas da vida”. (Bruno Bettelheim, Bons Pais, p. 593)

Segurança e confiança real e simbólica representada nas pequenas coisas que só as crianças sabem avaliar e guardar, nos presentes insignificantes para nós mas que a elas lhes dá expectativas de futuro.

E diz-nos D. Antonino Dias (Diocese de Portalegre e Castelo Branco):  Não são as expectativas estáticas nem as meramente racionais ou as simplesmente afectivas ou as memórias fechadas ao  futuro ou as meramente legais.  São “as expectativas que interpelam, comprometem, fazem alargar o horizonte, abrem o coração à surpresa da novidade.” 

“A família é um dos mais importantes campos em que a expectativa, como atitude própria de Advento, pode ser aprendida, educada, purificada, vivida e ajudar a vida com os seus talentos a dar fruto”. (Reconquista, p. 2, 3-12-2020).

 


Um bom Natal, com muita saúde.


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* "Neste Natal, nada nos pode separar" ("A campanha de Natal da Nos é uma história de amor entre avós e netos").









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