01/12/20

Parque do Barrocal - o fascínio do tempo




Parque do Barrocal



1. Castelo Branco, conta com mais um equipamento social e cultural, aberto ao público em  7/11/2020, o  Parque do Barrocal. 1

As várias paisagens conseguidas dos vários mirantes que foram criados dão-nos uma perspectiva diferente da cidade  e da paisagem envolvente que se estende até Espanha  e a concelhos limítrofes. 

O silêncio que se pode usufruir num espaço situado dentro da cidade é tão inesperado como, de repente, sentir-se envolvido pelo tempo que esculpiu, em muitos milhões de anos, figuras geológicas que espantam e nos mostram a nossa pequenez quando nos inscrevemos no friso cronológico do planeta ou na grandiosidade das estruturas naturais ali existentes, em contraste com a modernidade do projecto de arquitectura.


O Barrocal oferece, segundo o prospecto divulgado aos visitantes as seguintes actividades: Visitas com guias especializados, Visitas escolares, Passeios pedestres, Parque infantil, Cursos e workshops, Eventos de Arte na Natureza, Eventos de Desporto na Natureza e os Serviços: Cafetaria, Loja, Eventos privados,  Filmagens/ Fotografia.

São enormes as potencialidades do Parque que na minha perspectiva deverão ser, fundamentalmente,  nas vertentes natural, cultural, educativa e espiritual. Este espaço pode ainda ser usado numa perspectiva terapêutica não tanto de "banho de floresta" mas como  “Terapia da Natureza“ ou seja como “uma prática que promete melhorar nossa saúde física e mental que resulta do nosso contacto com a natureza. 2

 

2. No entanto, em 16 de Novembro escrevi no Facebook: "Não é compreensível que numa obra acabada de abrir ao público (Barrocal) tenham esquecido as acessibilidades, a eliminação de barreiras arquitectónicas. A legislação não é cumprida, os objectivos de uma Sociedade Amiga das Pessoas não interessam, a metodologia Universal Design for Learning (UDL) é uma miragem."

Na minha opinião, foi pena que as infra-estruturas ali colocadas, e sei que houve a intenção de mexer o menos possível na natureza, o  que necessariamente sempre havia de acontecer, podia, pelo menos, ser em benefício das acessibilidades e segurança.

Nestes aspectos, acessibilidades e segurança, há ainda muito por fazer, e é pena que não tenha sido tomada em conta a legislação sobre o assunto e, mesmo que tecnicamente fosse de difícil execução e encarecesse o projecto, não devia ser esquecida a eliminação de  barreiras arquitectónicas e outras que permitiria a todas as pessoas usufruirem deste espaço natural de excelência.

No que diz respeito à segurança  e vigilância, certamente estarão  asseguradas de forma a prevenir ou a resolver rapidamente qualquer acidente que aconteça. 

O parque infantil ali implantado ainda está fechado e ainda bem porque, mesmo não sendo especialista de segurança e não sabendo o risco envolvido, mesmo assim parece-me bastante "radical" ou seja, comportando um factor de risco importante para que aconteça qualquer acidente. Mas admito que possa ter sido testado e não haja qualquer problema de segurança. Em todo o caso, provavelmente, estaria mais bem situado noutro contexto ambiental.

 

3. Coloca-se ainda o problema da vigilância... O Parque, como qualquer equipamento social,  é de todos os que o visitam e é importante preservar a natureza de todo o tipo de contaminações e vandalizações a que os equipamentos sociais, paradoxalmente, estão sujeitos. O Parque será tanto mais  aprazível quanto mais estimado for pelos visitantes.

Para já ficaram alguns "graffitis" da treta e asneira  que deviam ser retirados para devolver a dignidade ao local sem aquele tipo de poluição visual. 

 

4. Quanto a algumas das minhas dúvidas, devo dizer que fiquei mais descansado mas também expectante em relação ao futuro do Parque. Fui informado por uma atenciosa funcionária da recepção em relação ao desenvolvimento que se seguirá. Apenas uma pequena parte do Parque foi intervencionada. Outras se seguirão que virão melhorar  e enriquecer aquele espaço. *

 

5. Mais do que opinar sobre este equipamento, o melhor será visitá-lo e desfrutá-lo. Digo-lhe que não se vai arrepender. Foi o que fiz e gostei do que senti. 

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1 O projeto, desenvolvido pelo Topiaris, foi um dos oito finalistas do prémio mundial World Architecture News Awards, na categoria Urban Landscape e que venceu. 
O Parque do Barrocal teve como arquitectos: Teresa Barão, Luis Ribeiro, Catarina Viana, Elsa Calhau, André Godinho, Rita Salgado e Ana Lemos. Envolveu ainda outros especialistas: Olavo Dias, Sérgio Sousa & Gonçalo Santos, Bartolomeu Perestrello, Pedro Delgado e Ana Tiago & Pedro Silva e Sousa.

2. A terapia da floresta (“Forest Therapy“ ou  “shinrin-yoku” -“banho na floresta“) criada no Japão nos anos 80,  como é chamada em seu país de origem, consiste em oferecer aos interessados algumas horas de contacto directo com a natureza em prol de benefícios para a  saúde. O homem precisa da natureza, das árvores para observar, tocar,  plantar... A ligação entre a psicologia e a natureza faz parte do processo evolutivo.

 

* Para saber mais sobre o Parque do Barrocal e questões afins:






https://www.mixcloud.com/RACAB/crónica-de-opinião-de-carlos-teixeira-03-12-2020/




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