29/08/16

Livros escolares emprestadados


A complexidade da gratuitidade dos manuais escolares, o que são "manuais escolares", o negócio dos manuais escolares, livro único e proselitismo ideológico através dos manuais escolares, estão bem retratados no texto de Helena Matos "Manuais escolares: abram-nos por favor!" (Observador, 03 Abril 2016516)

Sobre o negócio dos manuais escolares, "O negócio dos manuais escolares está a abanar", dá uma ideia dos interesses em jogo. E há sempre outros interesses e interesses outros...

Não parece que a reutilização dos manuais vá por em causa o negócio, devido ao tempo de vida dos manuais (seis anos) uma vez que o próprio ME já referiu ( "Reutilização de manuais escolares será escassa, admite Ministério da Educação"). Além disso, a gratuitidade geral dos livros levará onze anos (!) a implementar e porque há outras formas de obter receita, como, para já, os vários livros de apoio, os manuais híbridos, os e-manuais... E depois quem consegue saber o que vai acontecer com este ME nos próximos anos? O que se vai passar daqui a onze anos?
As alternativas que se têm encontrado também não são satisfatórias: manuais ficarem na escola, bolsa de manuais escolares...
A alternativa chegará com a escola digital. O negócio deixará de ser papel impresso para ser outra coisa...
Enquanto essa mudança não chega, pais, livreiros, câmaras municipais... bem podem esperar sentados! "Ao SOL, o ministério garante que isso (os livros emprestadados) vai acontecer «de forma gradual, durante a presente legislatura». Para o efeito, encontra-se constituído um grupo de trabalho que reúne representantes governamentais e da administração pública da Educação, Economia e Assuntos Parlamentares, bem como do Conselho de Escolas e associações representativas dos pais e encarregados de educação, autarquias locais e editores e livreiros. Segundo nota enviada pelo ministério, este grupo tem como missão «a definição do programa de aquisição e reutilização de manuais escolares bem como o âmbito e ritmo da sua  implementação». (Sol, 8/7/2016). Sugiro ao grupo de trabalho um capítulo sobre a sala de aula do futuro e o fim dos manuais escolares !

28/08/16

Livros escolares emprestadados

No tempo em que os livros eram reutilizados...


"A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) disse esta quinta-feira que muitas famílias estão a comprar os livros para o 1.º ano de escolaridade, este ano disponibilizados gratuitamente, devido à obrigação de os devolverem bem conservados.
Porém, segundo os diretores escolares, a maioria dos encarregados de educação está a levantar os livros nos estabelecimentos de ensino ou as guias para os receber diretamente nos estabelecimentos comerciais.
O Estado assume este ano, pela primeira vez, a despesa com os manuais escolares de todos os alunos do 1.º ano, sob um termo de responsabilidade em que os encarregados de educação se comprometem a devolver os livros no final do ano letivo para poderem ser usados por outras crianças no ano seguinte..." (Observador)

Esta é daquelas ideias (medidas) políticas que parecem excelentes e à, primeira vista, quase todos estão de acordo. Começou por ser defendida pelo CDS e depois pelo BE. 
Finalmente, pelo PS: "Alexandra Leitão, secretária de Estado Adjunta e da Educação, disse, em entrevista ao Diário de Notícias, que o corte nos contratos de associação vai permitir que todos os alunos do 1º ciclo, incluindo os do privado, recebam manuais escolares. "Dar manuais gratuitos a todo o 1.º ciclo custa 12 milhões. Estamos a falar em poupar o dobro disso", garante a secretária de Estado da Educação." (Económico)

Não deixa de ser curioso, trocar verbas de livros escolares pela "poupança" dos cortes dos contratos de associação dos colégios.  

Outra curiosidade é que o pagamento dos livros do 1º ciclo, e não só, já era comparticipado para muitos alunos: "Os auxílios económicos relativos aos manuais escolares de aquisição obrigatória consistem na cedência dos livros respectivos ou no reembolso, total ou parcial, das despesas comprovadamente feitas pelos agregados familiares com a sua aquisição." (DR, N.º 42 , 2 de Março de 2009 )
Mais curioso ainda é saber como faz sentido, para um governo dito socialista, que mesmo alunos com pais com elevados rendimentos não paguem os livros escolares... 
Algum sentido já se encontra no contributo para a burocratização da ASE que em 3872 escolas (2015), vai ter que distribuir, recolher e avaliar as condições em que os livros emprestadados aos alunos se encontram para voltar a distribuir...
Já era assim. " A não restituição dos manuais escolares, nos termos dos números anteriores, ou a sua devolução em estado de conservação que, por causa imputável ao aluno, impossibilite a sua reutilização, impede a atribuição deste tipo de apoio no ano letivo seguinte." (DR, N.º 148, 31 de Julho de 2015). Mas  a lista dos alunos "carenciados" vai aumentar muito.

Ora acontece que a experiência tem levado a concluir que a grande maioria dos livros ficam sem condições (escritos, sujos, riscados, sublinhados...) de serem reutilizados.
Por isso, os pais não fazem mais do que prevenirem aquilo que já se prevê. Estão a pagar os livros porque já sabem o que lhes vai acontecer.

16/08/16

Portugal +

Loja do cidadão - Castelo Branco

Tive que renovar a carta de condução. De repente parece que estamos a ser tratados como cidadãos de primeira que é assim que todos devem ser tratados.
Não queria acreditar: sem bichas, atendimento personalizado, com o monitor na minha frente podia verificar as operações que o funcionário fazia, com rapidez, sem papéis nem fotocópias desnecessárias e sem sentido...
Por isso, este é um serviço que merece ser elogiado pela eficiência e eficácia com que respondem aos pedidos administrativos dos cidadãos.
Já tinha experiência positiva das várias vezes que tive necessidade de recorrer à Loja do cidadão. Desta vez as expectativas foram superadas: em cerca de 15 minutos tinha o problema resolvido.
Estão de parabéns ... 

Taxman

George Harrison e Eric Clapton

'Cause I'm the taxman... / Porque eu sou o homem dos impostos
Yeah, I'm the taxman / Sim, eu sou o homem dos impostos

If you drive a car / Se conduz um carro
I'll tax the street / Vou taxar-lhe a rua
If you try to sit/Se tentar sentar-se
I'll tax your seat / Vou taxar-lhe o assento
If you get too cold / Se ficar com muito frio
I'll tax the heat / Vou taxar-lhe o calor
If you take a walk / Se for passear
I'll tax your feet / Vou taxar-lhe os pés...



Aquilo a que chamo "criatividade extorsiva" é uma forma de cobrar impostos, que já não é de agora, mas que está a atingir níveis ridículos. Ainda por cima a coberto da "filosofia" da dita esquerda de que "não há aumento de impostos". Sobre este aspecto, o da mentira, não há comparação com a simplicidade e sinceridade de "um enorme aumento de impostos" de Vítor Gaspar.
Com ironia, M. Ferreira Leite acha que "o espírito de missão para cobrar receitas é tão intenso que tributa a eito rendimentos e bens, reais ou potenciais, presentes ou futuros, palpáveis ou sentimentais, sempre dominado por um espírito punitivo para os que têm uma situação económica acima do que ele próprio entende ser socialmente aceitável..." (Expresso - Economia,  13-8-2016)

07/08/16

Afinal, o homem novo precisa de um código de conduta

Esquema utilizado por Freud na conferência XXXI 
sobre a "Divisão da personalidade"

O Prof. Jorge Miranda e o Prof. Freitas do Amaral, partidos políticos, comentadores, jornalistas disseram o que havia a dizer sobre mais uma rábula governativa: as borlas dos secretários de estado no Europeu de futebol..
Quero apenas relevar a ligeireza da justificação dos comportamentos que a dita esquerda continua a querer impingir e que segundo a própria tem superioridade moral em relação aos outros e tudo o que acontece não deixa de ser boa vontade, para bem do povo ou... simples distracção. Afinal, todos estes comportamentos são normais e éticos para a dita esquerda e para os republicanos complacentes com amigos e correligionários. São borlas éticas! Nada de novo na nossa memória histórica.

O ministro que dá pelo cognome de "Eu cá gosto é de malhar na direita", veio explicar que tudo estava bem sobre as borlas oferecidas pela Galp a membros do governo para assistirem ao Europeu de futebol.
Pior do que aceitar borlas é justificá-las assim:
Devolve-se o dinheiro da borla e fica tudo bem. "O pagamento dissipa as dúvidas". Não será as dívidas? Porque essas, as dúvidas, quer o sr. ministro queira quer não, não é ele (nem eu) que dá o "caso encerrado".
Outro argumento de grande impacto patético é que "viajaram de forma aberta e transparente". Haviam de viajar de forma clandestina?
Mas não há que questionar mais porque vai ser aprovado um código de conduta, ainda este verão...
De facto, ficamos, assim, muito mais descansados. O homem novo vai ter um código de conduta.
Mas o inconsciente vai fazendo o seu trabalho e é em momentos de distensão futebolística que algumas máscaras  mostram a realidade conflitual da personalidade do ser humano e destes seres humanos. O "homem que malha" impõe então um código de conduta.

03/08/16

Afinal, sempre há um homem novo



"Tinham 15 e 17 anos quando participaram pela primeira vez no Liberdade, o acampamento de jovens do Bloco de Esquerda. A experiência foi tão marcante que não voltaram a ser os mesmos, a ver o mundo da mesma forma." (Público, Maria João Lopes, 31/7/2016)

Quarto com vista...

Aproveitar para  ver filmes e  ler livros, antes que a criatividade extorsiva faça das suas... Imagine-se o preço e o respectivo IMI de um quarto com vista para o paraíso !

02/08/16

Ulisses, Cassandra e os do "nós por cá todos bem"

 

"A dívida pública portuguesa voltou a aumentar, em Junho, atingindo um novo máximo. Nos primeiros seis meses do ano a dívida aumentou em 8.674 milhões de euros.
A dívida pública, na óptica de Maastricht, ascendeu a 240.019 milhões de euros, em Junho, segundo os dados divulgados esta segunda-feira, 1 de Agosto, pelo Banco de Portugal. Este valor corresponde a um novo máximo histórico. O endividamento público aumentou assim pelo quarto mês consecutivo." (Sara Antunes, 01 Agosto 2016, Negócios)
"O nosso país atravessa hoje a maior crise de que guardamos memória: uma economia de rastos; uma dívida pública gigantesca; uma dívida externa bruta que durante muito tempo será uma pesada causa do nosso empobrecimento; uma taxa de desemprego que supera tudo o que consta nos registos existentes; uma justiça tornada inútil pela sua lentidão; um ensino sem presente nem futuro; uma corrupção sustentada pela intencional ausência de medidas tomadas pelo poder político; uma emigração salvadora dos próprios mas fatal para a Nação." (O fim da ilusão, 2011, Mário Medina Carreira)


Valeu a pena

Mário Moniz Pereira (11/2/1921 - 31/7/2016) 
 Carlos Ramos

01/08/16

Contado ninguém acredita

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Incrédulo com a criatividade extorsiva mais estúpida do mundo dos impostos, a gente lê isto:

"Maior exposição solar e vista privilegiada paga mais IMI" (Observador 1/8/2016). "Jornal de Negócios avança que mudança na fórmula de cálculo do imposto pode fazer aumentar o IMI a pagar no caso dos imóveis com maior exposição solar ou que tenham vista privilegiada."

N' O Insurgente, Carlos Guimarães Pinto (Agosto, 1, 2016) já fez a compreensão desta anormalidade "Imposto sobre as janelas."
"Nos séculos XVIII e XIX, alguns países europeus (notoriamente a Inglaterra e a Irlanda) impunham um imposto sobre o número de janelas que uma casa tinha. Foi considerado um dos impostos mais estúpidos de sempre e teve algumas consequências arquitectónicas que resistem até aos nossos dias."

Portugal +


Entrevista de  Alexandra Campos, de 28/07/2016 (Público), "Antes, um terço dos doentes deixava de trabalhar", a  Rui Tato Marinho, hepatologista no Hospital de Santa Maria (Lisboa) e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

"Há uma história engraçada. Em 1974, num artigo publicado na revista Lancet, um autor escreve que deve haver um vírus que não é nem A nem B, deve ser C. Só que isto não pega, como em muitas coisas da medicina. Passou então a ser denominado “não-A não-B”. Mas a história do tratamento já tem 30 anos, fazíamos injecções com interferão e a percentagem de cura era de 6%. O problema é que até 1989 não havia teste. Foi uma revolução quando se descobriu o teste e o vírus."
...
"É importante dizer que Portugal, neste momento, tem duas das melhores coisas do mundo: o transplante de fígado, que chega para aí a 250 pessoas por ano, e o acesso de toda a gente ao tratamento, mesmo que não tenha doença grave."