30/05/11

Evidências... negativas

ADP podia ser a avaliação de desempenho político que, como na ADD dos professores, podia passar por oito evidências.
Aqui encontra as evidências (mais do que oito).
A avaliação de desempenho é boa para os outros. E, infelizmente, apenas tivemos evidências confirmativas. E a política não se dá com o método científico!
Mas, queiram ou não,"quando recua um passo nas suas opiniões e deseja ver se a sua experiência é bem ou mal sucedida, está a seguir o método cientifico." (Tom Wujec)

29/05/11

Evidências ... confirmativas

“A tendência de procurar apenas evidências confirmativas e recusar evidências negativas ocorre em muitas áreas da vida. Se pertencemos a um partido político, tendemos a ver apenas as coisas boas que esse partido tem feito...”
"Nunca se pode provar que uma hipótese é verdadeira. Esta apenas pode ser apoiada ou rejeitada. Se uma observação servir uma hipótese, então a hipótese é reforçada...
Se as pesquisas mais profundas provarem que as observações não se adaptam, a hipótese tem de ser rejeitada ou modificada. Por sua vez, esta hipótese modificada tem de ser testada. É assim que os nossos conhecimentos avançam." (Tom Wujec)
Mário Soares, num comício no Porto, dá três evidências para manter Sócrates no poder:
"ganhou uma experiência excepcional, tem amigos na Europa e conhece toda a gente".
Quanto à experiência:
“Nenhuma quantidade de experiências,
pode alguma vez provar que tenho razão;
uma única experiência pode provar que erro.”
 (Albert Einstein)
Quanto às outras evidências: conhecer e amigos, diria que
“A infelicidade tem isto de bom:
faz-nos conhecer os verdadeiros amigos.”
(Honoré de Balzac).
Vamos ver o que acontece depois de 5 de Junho.

22/05/11

Se isto fosse a brincar

Se isto fosse a brincar, talvez fosse interessante deixar lá os mesmos. Para sabermos até onde chegava a degradação. Não só no défice mas nos valores, como a verdade…
O problema é sabermos qual o ponto em que não há retorno. Por isso, é melhor não arriscar… porque não é a brincar.
Como dizia o Alexandre O'Neill.

MESA

põe a mesa
come à mesa
levanta a mesa
trabalha à mesa

desmanivela-a      desce      é cama

faz a cama
abre a cama
brinca na cama
dorme na cama

desmanivela-a      desce mais       é caixão

entaipa o caixão
forra o caixão
entra no caixão
fecha o caixão

era a brincar

manivela-o      sobe        é cama
manivela-a      sobe mais      é mesa

põe os cotovelos na mesa

20/05/11

Nobre

Disse aqui que Nobre foi, para além de Cavaco Silva, quem, na campanha das presidenciais, teve a dignidade que a candidatura ao cargo justificava.
Nobre na TVI 24. Depois de todos os ataques. Não adianta, Dr. Nobre... A cegueira da catástrofe não os deixa ver o que fizeram ao país. Nem por uma vez se admite um erro. 
Quanto à educação, que é do que sei alguma coisa, insistem em dizer que houve uma reforma. Qual reforma ? Não terá sido contra-reforma? Podemos perguntar aos professores em que consistiu essa reforma. E haverá reforma da educação sem os professores ?
Sobre essa grande realização educativa que dá pelo nome de novas oportunidades, já  aqui falei do que deviam ser as prioridades em educação: antes oportunidades agora do que novas oportunidades depois. 

19/05/11

Inteligência política


Em geral, definimos a inteligência como a capacidade de adaptação à realidade, a novas realidades, a encontrar soluções para os diferentes problemas da vida, e a evitar a incoerência, a rigidez e a estagnação.
Mas haverá uma inteligência política ? Se há, qualquer pessoa possui esta inteligência ?
H. Gardner no seu livro Estruturas da Mente, de 1983, propõs a teoria das inteligências múltiplas onde descreve sete dimensões da inteligência: inteligência visual /espacial, musical, verbal, lógica/matemática, interpessoal, intrapessoal e corporal/cinestética.
Encontrou depois outras dimensões da inteligência: a inteligência naturalista e a inteligência existencialista.
Posteriormente, foram propostas outras inteligências. Ou seja, mais ou menos inteligências para todos os gostos.
Podemos, por isso, interrogar-nos se não existirá uma inteligência política. Mesmo que não haja uma inteligência especifica, podemos dizer, segundo a teoria de Gardner, que há uma inteligência mais relacionada com a inteligência política: a inteligência interpessoal.
As características deste tipo de inteligência são:
- a capacidade para compreender, interpretar os sentimentos, as motivações e as intenções dos outros.
- a capacidade de empatia e de interacção com outros
- a capacidade para motivar para objectivos comuns.
- a capacidade para se ser eficaz na gestão de conflitos.
São, portanto, um conjunto de competências sociais com vista à resolução de problemas.
Um profissional da política deverá ter esta inteligência interpessoal.
M. L. Pintasilgo falava de 3 dimensões do poder (pag. 61 a 63) que correspondem a capacidades que o político deverá ter:
- a capacidade de fixação de objectivos
- a resposta às exigências e várias formas de gestão
- a compreensão dos elementos de representação simbólica que estruturam a sociedade ao nível do poder.
Este terceiro aspecto, refere,“é um elemento-chave na mobilização da sociedade".
Então é fundamental para a definição de uma inteligência política, que o poder saiba encontrar os símbolos que, sendo enraizados na identidade nacional, apelem para os grandes desafios do nosso tempo, que não se podem resumir aos rituais desportivos
Citando Gonzague de Reynold, resume os elementos que fazem apelo à verdadeira inteligência política:
«Ver as coisas como elas são,
nas suas dimensões exactas
e nas relações que têm entre elas;
prever as consequências dos gestos que fazemos
e dos actos que praticamos;
possuir uma imaginação criadora.
ser capaz de criar e inovar:
tal é a inteligência política».

Nestes últimos anos, o poder político afastou-se desta inteligência política. Deixou de ver as coisas como elas são e não foi capaz de prever as consequências dos gestos que fez e dos actos que praticou.

08/05/11

Responsabilidade e culpa

Por responsabilidade podemos entender a situação daquele que pode ser chamado a responder por um acontecimento.
A noção de responsabilidade supõe o compromisso pessoal, tácito ou explícito, de prestar contas a uma autoridade. A responsabilidade  exige duas condições essenciais: que se possua todas as faculdades mentais  e que se seja livre de praticar as acções (não se é responsável por um acto praticado sob ameaça física ou constrangimento moral).
No entanto, socialmente e moralmente somos responsáveis não só pelos actos desejados e praticados por nós próprios e pelos que aconteceram sem se desejar (acidente de automóvel, por ex.), mas também por aqueles que não se quiseram nem praticaram, mas que dependia de nós terem sido evitados. (Do Dicionário temático Larousse, Psicologia).
Vem isto a propósito do estado a que isto chegou. Afinal há responsáveis ou não ? E se há, são culpados ou não?
E podemos perguntar: todos somos responsáveis pela situação actual ? Qual a responsabilidade que me cabe  ?
A vida e a vida politica é feita de escolhas e há responsáveis por essas escolhas. Os políticos fazem escolhas e são responsáveis por elas. Ou não ?
Os que nos governam  acham que foram vítimas de um mundo  cruel, que os tramou, a eles que só tomaram medidas para bem do povo. "Se não fosse o chumbo do PEC não haveria crise".
A vitimização é uma forma de não assumir a responsabilidade das escolhas feitas. O individuo sente-se injustiçado. A culpa é do outro. A culpa é da crise internacional. "Vejam como estão os outros países"…

A vitimização é, ainda, uma forma de culpar o outro utilizando mecanismos de defesa como a negação (não fui eu) ou a racionalização (eu só fiz porque era para vosso bem...) o que significa, aliás, que a culpa existe mas não é assumida
Outra maneira de nos desfazermos da culpa é frequentemente através da diluição  ou generalização da culpa: todos temos culpa. 
Porém, acho que não somos todos culpados. Não temos que assumir os resultados das escolhas erradas feitas pelos que nos governam. Tanto mais que havia muitos sinais no caminho. Só que fizeram como na conhecida estória: ao verem-se sozinhos, em sentido contrário,   na auto-estrada, acharam que os outros é que iam em contra-mão.
Ou então nós os portugueses somos assim. A culpa é dos genes, se nós gostamos de sofrer, o que posso fazer?
Tudo pode ser tentado para desculpabilizar. Mas toda a gente sabe que a liderança política falhou. Mas não só. "Houve a cumplicidade de muita gente, nomeadamente das elites" (Vítor Bento).
O silêncio dos amigos é o que custa mais. Mas o silêncio é ainda mais pernicioso quando os amigos (pre)vêem o desastre e continuam silenciosos.
Quanto aos inocentes, há um aspecto de que não posso livrar-me: sou responsável pelo meu voto. Ele pode trazer a mudança ou a caminhada para a desgraça anunciada.