No final do ano lectivo, surgem várias opiniões sobre os resultados da avaliação.
Este foi um ano difícil pelas condições que foram criadas às escolas e ainda bem que algumas mudanças não foram concretizadas. Mesmo assim, estamos com muita vontade de ir de férias.
A ideia de que fazer reformas é muito bom e positivo, não é de todo verdadeira.
É necessário fazer reformas que sejam aplicáveis e que melhorem, de uma maneira geral, a vida das pessoas e, neste caso, a vida das escolas, dos alunos e das famílias.
Mas o final do ano implica tomar decisões importantes para a vida dos alunos.
Não podemos confundir querer com poder. Embora também digamos que querer é poder, há limites para essa sugestão, seja auto-sugestão ou hetero-sugestão.
A ideia de que todos podem concluir o ensino básico ou o secundário é muito generosa mas sabemos que não é assim. Principalmente se pensarmos que se conclui o básico ou secundário cumprindo, pelo menos, os objectivos gerais do 3º ciclo ou do secundário.
Devia ser claro o que é uma coisa e outra. A sociedade devia saber o que resulta de determinados regimes educativos e que as consequências são diferentes.
Frequentar a escolaridade obrigatória é uma coisa, concluir com aproveitamento o 9º ano é outra bem diferente.
O conselho de turma deve analisar a situação dos alunos que se encontrem numa situação de retenção ou retenção repetida, no sentido de decidir se mais uma retenção será uma medida ajustada àquele aluno.Será que o aluno quer e não pode ou pode e não quer?
Muitas vezes usamos caracterizações que não explicam grande coisa: não estudam, não se interessam, tem problemas de memória, tem problemas de atenção, é hiperactivo, é preguiçoso, não anda com boas companhias…
Há muitos alunos que chegam ao SPO ou ao Gabinete de Psicologia com essa classificação: têm capacidades mas não as aproveitam.
Esta conclusão pode ser falsa.
Há pais que não querem ver a realidade e, por isso, negam as dificuldades e problemas de aprendizagem dos filhos, culpam a escola, os professores e técnicos da escola de não serem capazes de os ensinar ou educar.
Há alunos que têm capacidades cognitivas mas não têm as restantes ferramentas indispensáveis para aceder ao saber. Ou seja, apresentam dificuldades de leitura ou escrita.“Existe uma relação fortíssima entre a compreensão leitora e o sucesso escolar. O que acontece é que, frequentemente, os alunos, apesar de terem capacidades, não conseguem extrair o significado daquilo que estão a ler. Em muitos casos até descodificam textos muito facilmente, mas na verdade não sabem ler porque apesar de dominarem a técnica da descodificação não dominam a da compreensão”. [1]
Esta questão coloca-se com alguma acuidade em alunos que chegam ao 7.º ano de escolaridade e que não dominam a leitura.
O aluno pode querer ultrapassar as suas dificuldades, mas não saber ler é uma barreira de tal forma limitativa que o vai desmotivar e desinteressar das actividades académicas.E, penosamente, vai arrastar-se pelo 3º ciclo com insucesso, instabilidade e problemas de comportamento, deixando de estudar logo que possa.
Apesar de já haver algumas respostas alternativas, são ainda escassas e muitas vezes reservadas a alunos com determinadas características cognitivas e comportamentais, não correspondendo a uma correcta orientação escolar que tem em conta os interesses e as competências do aluno.
Apesar de já haver algumas respostas alternativas, são ainda escassas e muitas vezes reservadas a alunos com determinadas características cognitivas e comportamentais, não correspondendo a uma correcta orientação escolar que tem em conta os interesses e as competências do aluno.
É necessário dar oportunidades, agora, a estes alunos e não oferecer-lhes novas oportunidades daqui a cinco ou dez anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário