27/01/15

Para memória futura

2. Lá, como cá, esta prioridade tem toda a razão de ser. Se calhar, alguns dos primeiros a aplaudir a "mudança", começam a deixar de sorrir.
“A segunda coisa que precisamos de fazer neste país é reformá-lo. Reformá-lo profundamente. Reformá-lo de uma forma que ataque aquilo que chamo o pecado triangular que existe na Grécia. O pecado triangular na Grécia inclui as empresas fornecedoras de serviços que procuram alimentar-se de rendas estatais, os banqueiros e as empresas de media (comunicação social)”, controladas pela “oligarquia grega”. “Vamos destruir as bases sob a qual assenta a oligarquia que, década após década, suga a energia deste país“, promete Varoufakis. (Observador)

3. Também os que "arrasaram" o governo tão pequeno de Passos, não devem achar piada às dimensões deste: "Tsipras faz Governo só com dez ministérios". (Observador)

23/01/15

"A mulher é o futuro do homem"



Louis Aragon escreveu que "o futuro do homem é a mulher" (que na canção de J. Ferrat passa a ser "a mulher é o futuro do homem").
A evolução dos direitos humanos no sec. XX , foi, a pouco e pouco, compreendendo os direitos da mulher, nos países que os aceitam, na teoria e na prática.  Apesar da globalização, não é assim em todo o lado. 
É difícil compreender, e ainda menos justificar,  a forma como algumas sociedades tratam as mulheres, como seres sem os mesmos direitos e até como seres humanos inferiores. Há meninas que colocam em risco a própria vida pelo facto de quererem frequentar ou frequentarem a escola.
Em alguns países, há normas incríveis a que as mulheres devem obedecer. Recentemente a comunicação social referia que não podem tirar fotografias (selfies) com jogadores…
Mas, a história da emancipação feminina mostra que as mulheres vão ocupando o lugar que é delas.
Nas empresas, na vida social e politica não há repressão que sempre dure apesar dos momentos de refluxo como o que vivemos actualmente.
O acesso à educação e à cultura fará a mudança. Este processo aconteceu nos nossos países. Não é necessário recuarmos muito para encontrarmos a primeira mulher advogada, médica, a primeira vez em que as mulheres votaram…
Por incrível que pareça, as grandes mudanças estão em acontecimentos inesperados. Na Europa, a valsa de Viena teve um papel fundamental na vida das pessoas. Inicialmente pouco recomendada e mal vista, a valsa foi a primeira dança plebeia, de pares enlaçados, que se introduziu nos salões da realeza e da aristocracia, o que significou obviamente a sua aceitação generalizada.

A entrada da mulher na vida social tem o poder de mudar a história.
O movimento feminista organizado remonta ao século XIX quando as mulheres reivindicavam direitos jurídicos iguais aos homens (gestão do património, valorização do trabalho, direito à educação).
A história do feminismo tem 3 momentos. O primeiro, refere-se principalmente ao sufrágio feminino, movimento que ganhou força no século XIX e início do XX. 
Em 1918, as mulheres inglesas com mais de 30 anos obtinham finalmente o direito de voto. Só 10 anos mais tarde esse direito seria concedido a todas as inglesas com mais de 21 anos.
E Deus Criou a MulherO segundo momento refere-se às ideias e acções associadas com os movimentos de libertação feminina iniciados na década de 1960, que lutavam pela igualdade legal e social para as mulheres. 
Os anos 60 foram mais decisivos para a modificação dos comportamentos sociais da igualdade entre homens e mulheres do que décadas e décadas de luta de classes.
O terceiro momento seria uma continuação iniciada na década de 1990. Nós vivemos este período e sabemos a evolução nos comportamentos, na educação, na cultura,  em todas suas manifestações como a moda e instrumentos de informação e comunicação como a internet e as redes sociais.



Escrevia Aragon :
L'avenir de l'homme est la femme
Elle est la couleur de son âme
Elle est sa rumeur et son bruit
Et sans elle il n'est qu'un blasphème
Il n'est qu'un noyau sans le fruit
Sa bouche souffle un vent sauvage
Sa vie appartient aux ravages
Et sa propre main le détruit.

                        Louis Aragon - Le Fou d' Elsa.
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O futuro do homem é a mulher
É ela a cor da sua alma
Ela é o seu rumor e ruído
E sem ela, ele é apenas uma blasfémia
É apenas um núcleo sem o fruto
Sua boca sopra um vento selvagem
Sua vida pertence à devastação
E a própria mão o destrói.

15/01/15

Magia na diferença

Dança da Deusa dos mil braços

Do Youtube (10/06/2012): "Dançarinas do Grupo de Artes Performativas da Associação Chinesa de Pessoas com Deficiência (deficiêcia auditiva) exibem o seu número mais conhecido, a dança Qianshou Kuanyin, ou Bodhisattva de 1000 mãos." Coreógrafo Zhang Jigang.

Deusa da Misericórdia dos mil braços

14/01/15

O sonho europeu


Desde o sua criação, a União Europeia procura ser uma sociedade com mais humanidade
Apesar dos euroconvictos, dos eurocépticos, dos euromoderados, dos eurohipócritas, dos antieuropeus, … a Europa foi e é o sonho dos cidadãos dos vários países que aderiram aos princípios e valores que a europa representa e põe em prática: direitos civis e políticos, sociais e económicos, educativos e culturais, direitos do ambiente e protecção dos consumidores.
Com todas as dificuldades que hoje sentimos, ainda assim, a Europa é o local do mundo onde esses objectivos atingiram maior concretização...
A dignidade da pessoa humana é o direito fundamental que faz com que a Europa seja o lugar do sonho, porque é o lugar do humanismo e onde o ser humano se pode realizar. 
Como escrevia Jacques Delors: “Entre o colectivismo alienador e estéril de uns e o individualismo exuberante e socialmente insuportável de outros, a Europa democrática soube manter o equilíbrio num humanismo vivo que só a ela pertence.” (pag. 44)*

O sonho europeu foi em primeiro lugar dos próprios europeus que construíram a União Europeia e é o sonho daqueles que, aos milhares, correndo risco de vida, querem viver na Europa. 
O que leva tantas pessoas a correrem risco de vida para virem para a Europa, como mostram a tragédia de Lampedusa e outras, é o sonho de poder concretizar uma vida digna. 
Muitas críticas à Europa são justas. O papa Francisco “referiu por várias vezes a necessidade de reforçar a dignidade da pessoa humana, Francisco disse que um debate marcadamente técnico e económico corre o risco de reduzir o ser humano a uma "mera engrenagem dum mecanismo que o trata como se fosse um bem de consumo a ser utilizado". E que é descartado quando não é mais útil a esse sistema.”
Mas não se podem aceitar as atitudes e comportamentos dos que querem acabar com a liberdade e a liberdade de expressão. Ou que lhe querem impor limites. A liberdade não tem nem pode ter limites. Impor limites à liberdade de expressão é o primeiro passo para que não haja liberdade de expressão. Ou seja, os limites, numa democracia, são aqueles que existem na lei de um estado democrático. É à justiça, e apenas a ela, que cabe punir e reparar qualquer ofensa e não a qualquer individuo, grupo ou comunidade.
Podemos achar ofensivos, de mau gosto, provocadores, os cartoons do Charlie Hebdo ou de outras publicações sobre Maomé. Cabe à justiça resolver esse problema. Se não for assim quem vai definir os limites da liberdade de expressão: os políticos, os religiosos, os ateus, os consumidores ? 
No passo seguinte estamos a achar que a televisão não pode passar o filme “pato com laranja”, o Herman não pode fazer a rábula sobre “a última ceia de Cristo”, não podemos fazer o presépio, usar um crucifixo, as mulheres têm que voltar a vestir saias até aos tornozelos, como as nossas avós…
Querer impor limites à liberdade é abrir caminho a um terrível processo em que os fins justificam os meios e onde a justiça é feita pelas próprias mãos, como se viu em Paris na semana passada.
Liberdade, democracia e justiça são os três pilares de qualquer civilização.

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*Europa, uma Sociedade mais Humana - Texto de Georges de Kerchove d' Exaerde (1990)

08/01/15

Hoje apetece-me ouvir

Debussy, Berlioz, Satie, Ravel...Reggiani, Gréco, Aznavour, Hardy, Bécaud, Brassens, Piaf, Bardot...

Debussy - Clair de lune

Ravel - Bolero


06/01/15

O que parece não é


É com notícias destas (Lusa/Expresso) que se engana as pessoas. Nem a prova é de Crato, nem foi criada por ele. Infelizmente, não teve a visão para  acabar com ela ou para criar alternativas, como escrevi aqui ("os pais da prova").

Entretanto, o Conselho Directivo do IAVE vem exprimir o seu desacordo (TVI24): "Face à divulgação do documento, o Conselho Directivo assegura que o parecer “não foi solicitado pelo Conselho Directivo do IAVE, constituindo uma iniciativa do Conselho Científico sem enquadramento estatutário”.
Referindo que o Conselho Científico do IAVE “é um órgão consultivo independente”, o Conselho Directivo lembra que a competência daquele se centra “na avaliação específica de provas de avaliação produzidas pelo IAVE e não na apreciação de diplomas legais que determinam a sua realização”.


O Decreto-Lei n.º 102/2013, que reorganiza o GAVE, passando a designar-se IAVE, prevê as funções do Conselho Científico. A sua constituição consta do despacho n.º 11664/2013 (D.R. n.º 173, Série II de 2013-09-09)
O Parecer sobre a Prova de acesso à carreira docente - Prova de avaliação de conhecimentos e capacidades, de Novembro/2014, é assinado por 4 elementos. Não se sabe por quantos elementos foi aprovado (o CC é constituído por 32 elementos). 
O CC coloca em questão "este modelo de prova" porque essencialmente, independentemente de todas as críticas que se podem fazer ao parecer, há aspectos de convergência, desde logo que concorda com a existência da prova:
"Em consequência, concordamos com as finalidades gerais declaradas na PACD, posteriormente designada de Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC), que surgem inscritas no preâmbulo do Decreto Regulamentar n.º 7/2013 de 23 de Outubro do MEC.
A saber:
comprovar a existência de requisitos mínimos de conhecimentos e capacidades transversais à lecionacão de qualquer disciplina, área disciplinar ou nível de ensino, como a leitura e a escrita, o raciocínio lógico e crítico ou a resolução de problemas em domínios não disciplinares, bem como o domínio dos conhecimentos e capacidades específicos essenciais para a docência em cada grupo de recrutamento e nível de ensino.
[...] que a prova seja generalizada a todos os que pretendam candidatar-se ao exercício de funções docentes [...] com perspetivas de integração na carreira.
[...] valorizar a escola pública e a qualidade do ensino aí ministrado, cientes de que os conhecimentos e capacidades evidenciados pelos professores constituem uma variável decisiva na qualidade da aprendizagem dos alunos."
No entanto, basta ver estes títulos para se perceber  o aproveitamento feito: «prova de Crato chumbada», «FNE defende eliminação da prova», «Nogueira subscreve críticas a "prova absurda"»...


05/01/15

Hoje apetece-me ouvir

George Harrison -  "A resposta está no fim"
                                ...
                                The speech of flowers excels the flowers of speech
                                But what's often in your heart, is the hardest thing to reach
                                And life is one long mystery, my friend
                                So live on, live on, the answer's at the end
                                ...
 Talvez aqui.