31/10/18

#Ele sim. Para além do ruído...


Glauco Velásquez (1884-1914) - Alma minha gentil (Camões), (voz e orquestra) (1913)

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma coisa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís Vaz de Camões, Sonetos

Uma "parceria" luso-brasileira que não sei se é de esquerda ou de direita. Nem quero saber. Porque a cultura é isso mesmo. E também sei que onde há cultura não há corrupção.
Os grandes artistas e personalidades da (dita) esquerda que levaram livros para a votação e também aquelas deputadas portuguesas da (dita) esquerda do #Ele não merecem esta modesta homenagem. Estão bem uns para as outras!


07/10/18

"Amitié amoureuse"

 Aïe Mourir Pour Toi -  Amália Rodrigues - Charles Aznavour

Aïe mourir pour toi
A l'instant où ta main me frôle
Laisser ma vie sur ton épaule
Bercé par le son de ta voix
Aïe mourir d'amour
T'offrir ma dernière seconde
Et sans regret quitter le monde
En emportant mon plus beau jour
Pour garder notre bonheur
Comme il est là
Ne pas connaître la douleur
Par toi
Et la terrible certitude
De la solitude
Aïe mourir pour toi
Prendre le meilleur de nous-mêmes
Dans le souffle de ton je t'aime
Et m'endormir avec mes joies
Parle-moi
Console-moi
J'ai peur du jour qui va naître
Il sera le dernier peut-être
Que notre bonheur va connaître
Serre-moi
Apaise-moi
Quand j'ai l'angoisse du pire
Ne dis rien quand tu m'entend dire
Qu' au fond mourir pour mourir


Aïe mourir pour toi
Prendre le meilleur de nous mêmes
Dans le souffle de ton je t'aime
Et m'endormir avec mes joies
Mourir pour toi

 «Amália pediu-lhe uma canção, ele escreveu Ai, morrer por ti, uma letra apaixonada que ela gravou num disco em francês. Ficaram amigos até à morte dela, em 1999. Semanas antes, jantaram juntos: "Falámos de tudo, de nada, de fados, do passado, da amitié amoureuse que partilhámos".» Ana Sousa Dias, «Aznavour: o cantor que teve uma "amitié amoureuse" com Amália», DN, 07 Dezembro 2016



03/10/18

#Ele não ou, talvez, #Ele sim. Para além do ruído...

Heitor Villa-Lobos (5/3/1887 - 17/11/1959) - Bachianas Brasileiras N° 5, por Renée Fleming 

"Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente.
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Surge no infinito a lua docemente,
Enfeitando a tarde, qual meiga donzela
Que se apresta e alinda sonhadoramente,
Em anseios d'alma para ficar bela
Grita ao céu e a terra toda a Natureza!

Cala a passarada aos seus tristes queixumes
E reflete o mar toda a Sua riqueza...
Suave a luz da lua desperta agora
A cruel saudade que ri e chora!
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente
Sobre o espaço, sonhadora e bela!"

"Irerê, meu passarinho
Do sertão do cariri,
Irerê, meu companheiro,
Cadê viola?
Cadê meu bem?
Cadê maria?
Ai triste sorte a do violeiro cantadô!
Sem a viola em que cantava o seu amô,
Seu assobio é tua flauta de irerê:
Que tua flauta do sertão quando assobia,
A gente sofre sem querê!

Teu canto chega lá do fundo do sertão
Como uma brisa amolecendo o coração.

Irerê, solta teu canto!
Canta mais! Canta mais!
Pra alembrá o cariri!

Canta, cambaxirra!
Canta, juriti!
Canta, irerê!
Canta, canta, sofrê!
Patativa! Bem-te-vi!
Maria-acorda-que-é-dia!
Cantem, todos vocês,
Passarinhos do sertão!

Bem-te-vi!
Eh sabiá!
Lá! Liá! liá! liá! liá! liá!
Eh sabiá da mata cantadô!
Lá! Liá! liá! liá!
Lá! Liá! liá! liá! liá! liá!
Eh sabiá da mata sofredô!

O vosso canto vem do fundo do sertão
Como uma brisa amolecendo o coração."