30/06/11

SPO


Os Serviços de Psicologia e Orientação (SPO), foram criados em 1991 (Dec.-Lei nº 190/91, de 17-5). São unidades especializadas de apoio educativo, integradas na rede escolar, que desenvolvem a sua acção nas escolas.
Em 1997 foi criada a carreira de psicólogo  nos SPO (Dec.-Lei nº 300/97, de 31-10), isto é,  na educação.
Passados 20 anos era altura de avaliar a situação destes serviços.
Já houve tentativas para reestruturar os SPO mas nada se concretizou e não se sabe muito bem o que se pretende.
De algum modo os últimos governos ignoraram, na prática, a existência deste serviço. Ou talvez não. Porque, entretanto, floresceram as respostas criadas mais ou menos sem critério e ao sabor dos gestores das escolas, nuns casos recorrendo a psicólogos e noutros não. Foi assim que apareceram os
- Gabinetes de Informação e Apoio ao Aluno, no âmbito da Educação para a Saúde (GIA)
- Gabinetes de Apoio ao Aluno e à Família, no âmbito das escolas TEIP (GAAF)
- Gabinetes com funções específicas de Informação e Orientação
- Técnico(s) especializado(s) não integrado(s) num serviço/estrutura específico contratado(s) pelo estabelecimento de educação e ensino
-. Técnico(s) especializado(s) não integrado(s) num serviço/estrutura específico disponibilizado(s) pela Autarquia...
Criam-se instituições com apoios de dinheiros públicos que depois constituem parcerias  com as escolas onde vão realizar projectos do âmbito da psicologia que, necessariamente, são intermitentes e inconsequentes.
O que aconteceu foi a desarticulação das respostas e, propriamente, não existe uma rede de SPO. Cada SPO trabalha autonomamente e não sabe o que o vizinho que está ao lado faz, assim como não há articulação com outros serviços de psicologia do campo da saúde, da segurança social e outros.
A aplicação das leis nunca vai até ao fim. O SPO previa uma equipa de trabalho mas só muito raramente essa equipa existe.
Não há supervisão do serviço e não há quem dê continuidade aos projectos e ao apoio psicológico de que muitos alunos precisam, cada vez mais, aliás, dadas as dificuldades que passam as crianças no seio das famílias e da sociedade nos tempos actuais.
 sistema educativo precisa e vai precisar de serviços que regulem as situações educativas que têm a ver com a psicologia, sejam esses serviços os SPO ou não.
A existência de cada vez mais recursos externos à escola a que os pais podem recorrer, necessita de uma rede de serviços oficiais que, por um lado, desenvolva e apoie projectos que só no terreno (in vivo) podem ser desenvolvidos e, por outro lado, que dê apoio psicológico aos alunos que, por falta de recursos económicos,  não podem recorrer aos psicólogos privados.
Mas a função de regulação do sistema, resultante da aplicação da legislação, implica que os serviços de psicologia possam decidir relativamente às medidas educativas de que cada aluno necessita.
O que fazer quando há vários pareceres contraditórios em relação a um aluno, como no exemplo seguinte, em que sobre o mesmo aluno se diz num relatório
“…podemos constatar que o jovem não parece apresentar dificuldades para aprender, mas existe uma vulnerabilidade emocional acentuada que afecta algumas das suas capacidades cognitivas (atenção, concentração, e outras realizações escolares) e ainda a motivação para a sua rotina escolar.”
e noutro relatório se diz
"(o aluno)  reúne os critérios para o diagnóstico de perturbações específicas da leitura e da escrita, usualmente designadas por dislexia/disortografia, de grau moderado. A nível emocional, (o aluno) revela ainda uma exaustão muito significativa."
Que decidir ?
Vamos de férias e, como sabemos, o governo não vai. Espero que trabalhem bem durante o Verão e espero que o sector da educação possa melhorar, o que não é difícil, já que nos últimos tempos não progredimos nada.

26/06/11

Sempre com "novas qualidades"


Há cerca de 10 anos – como o tempo foge! – A. Pinho Vargas esteve em Castelo Branco. Ontem regressou. Os temas, já conhecidos, mas sempre com "novas qualidades". Assim é, desde 1987, com As Folhas Novas Mudam de Cor.  


23/06/11

Salvos pelo QI

              Binet                                                                            Wechsler           

Não é exagero. Fui compreendendo, ao longo da minha vida profissional, que muitas situações na escola, são apenas resultado de “avaliações”  que mais não são do que  impressões dos adultos sobre os  alunos.
A crítica ao método dos testes é e deve ser feita. No entanto, considero que eles são uma ferramenta indispensável ao trabalho dos  psicólogos. Os testes são para o psicólogo o que  o estetoscópio é para o médico. E, quer as escalas de desenvolvimento quer as escalas cognitivas, têm uma função fundamental na ajuda que os professores e técnicos podem dar aos alunos.
Os testes e os testes de QI são instrumentos do passado e com uma longa história. Felizmente para eles. Porque não me parece que possamos ter outra forma de avaliar as capacidades cognitivas das pessoas, no meu caso das crianças e jovens, sem esses instrumentos de trabalho.
Os testes valem o que valem e são apenas um instrumento que nos ajudam na avaliação psicológica, isto é, é melhor avaliar desta forma do que através do chamado “olho clínico”.
No entanto, é interessante verificar que as pessoas aceitam, praticamente sem críticas, outras metodologias. Vou deixar de lado, neste momento, os falsos diagnósticos mais ou menos mistificados em que alguns ainda  acreditam.
Mas é, porventura, o que acontece, com o que designamos por QE ? Haverá alguma forma de avaliar o QE ? O próprio Goleman referia que ainda não.
Entretanto, ávidos de novidades, vamos criando expectativas sobre a avaliação das nossas emoções. E, que maravilha, toda a nossa personalidade concentrada numa fórmula...
Quanto aos testes cognitivos, se queremos ser rigorosos, muitos diagnósticos não os podem dispensar. Quando isso acontece, muitas crianças têm, certamente, outra orientação educativa, prejudicial, sem expectativas quanto ao futuro escolar e não só.
Felizmente, podemos “descobrir” através dos testes, as capacidades e as dificuldades da criança. Dito de outro modo, podemos descobrir os factores de risco e factores de protecção da criança.
Refiro alguns exemplos:
- Aluno do 4º ano. Vem apresentando, ao longo da escolaridade, dificuldades de aprendizagem da leitura e principalmente da escrita. Teve, este ano, o pior resultado dos alunos da turma nas provas aferidas.
Será que não estuda ? É "preguiçoso" ? O que se passa ?
Não sabemos. Vamos ver então o que nos dizem os testes. De facto, o problema não é cognitivo uma vez que a avaliação nos diz que manifesta inteligência de nível muito superior. Como se sabe algumas crianças que estão nesta situação podem apresentar, entre outros problemas, dificuldades de aprendizagem que não resultam de um défice cognitivo nem sequer da falta de estudo.
Trata-se então de uma criança com um perfil de sobredotação, a nível cognitivo,  que por esse motivo deve realizar aprendizagens de forma diferente dos outros alunos. Temos que procurar um currículo que tenha em conta esta situação para efectuar as aprendizagens da leitura e escrita mas também para que este aluno não se desmotive, não comece a desenvolver problemas de auto-estima ou de agressividade e sobretudo não contamine outras áreas de aprendizagem pelo facto de ter dificuldades a nível da leitura.
- Aluna do 2º ano, considerada (rotulada) deficiente mental, mesmo sem se ter feito qualquer avaliação cognitiva.
A aluna foi educada através de um currículo para crianças com défice cognitivo. Passou a sair da turma com frequência para realizar trabalho individualizado, onde, como tem dificuldade na iniciação à leitura se aborrece com os exercícios de repetição … até  ganhar aversão à leitura e às tarefas com ela relacionadas.
O que resulta do seu perfil cognitivo? Apresenta resultados cognitivos muito acima da média, isto é,  de nível superior.
É uma situação grave. Não temos o direito de fazer isto às crianças e às suas famílias.

Por isso, esta criança foi salva. Percebemos que ela necessitava de outros métodos de ensino-aprendizagem mas não daqueles que lhe tinham sido aplicados, por falta de diagnóstico correcto.

17/06/11

Mal-entendidos

É um dos principais mal-entendidos: Quantas são as crianças que precisam de ajuda especializada ?
Para Lobo Antunes “devem existir em Portugal cerca de 100.000 crianças com perturbações de desenvolvimento”. O número referido por L. M. Correia é superior (250 000).
(L. M. Correia)


(Min. Educação)


Então podemos perguntar: como se chega a 1,8%, como quer o Ministério da Educação ?
Ao querer, a todo o custo, forçar o número de crianças com dificuldades até 1,8 %, está a fazer com que não sejam apoiados alguns milhares de crianças.
Não nos podemos esquecer que foi dito que "nenhuma criança ficaria sem apoio especializado". A realidade prova que a organização das respostas educativas é mais complexa do que este discurso e do que o limite artificial de 1,8%: O que se entende por "graves limitações" na actividade e participação (CIF) ? Como se classifica o 1º qualificador, com 1, 2, 3 ou 4 ?  As dificuldades específicas de aprendizagem que apoio têm, na realidade ?
O mesmo se passa em outras áreas. Os rácios não podem (não deviam) ser cegos. Mas são. P. ex., em Intervenção Precoce, cada ELI deve ter 80 crianças. Como é, se houver várias crianças multideficientes ?

Outro mal entendido: o ponto de partida é o cérebro que aprende e não outros "explicações" ...
A compreensão da aprendizagem e das dificuldades de aprendizagem deve partir de bases científicas.
Hoje conhecemos muito do funcionamento do SNC e da importância que têm:
- ligações no cérebro, na infância,
- períodos críticos (sensíveis),
- ambientes enriquecidos.
Sabemos que temos 100 000 000 000 de neurónios que nem sempre conduzem a informação da maneira mais adequada.


O livro de Blakemore e Frith informa-nos sobre os desenvolvimentos recentes das neurociências e as implicações no ensino-aprendizagem.
Também, já aqui referimos que as investigações de D. H. Rose e equipa vêm permitir responder a muitas problemas educativos que temos na sala de aula e na escola.
Somos diferentes porque o nosso cérebro é diferente no reconhecimento (aprender “o quê”) na estratégia (aprender ”como”) e no afecto (aprender “porquê”).
Claro que um programa educativo baseado nesta perspectiva é menos espectacular e exige muito mais trabalho dos educadores e do próprio aluno.

Como é o caso de um mal-entendido muito frequente: a dislexia.
As actividades de leitura e escrita não são inatas e o cérebro humano tem de encontrar nas suas estruturas recursos para desempenhar essas tarefas.
As combinações possíveis dos nossos neurónios são quase infinitas pelo que pode haver uma pequena percentagem da população em que esse processo não se desenvolve da mesma maneira que na maioria das pessoas
Em vez disso, arranjamos outras "explicações", e os tratamentos não são senão panaceias. Vão da preguiça, ao xamanismo, ao sindroma Irlin, à “dislexia postural”.
Lobo Antunes, diz-nos que
“Gostaria de repetir cem vezes: o problema da dislexia reside no cérebro, não nos olhos. Algumas crianças dirão que as letras dançam e que a colocação de folhas coloridas transparentes reduz esse fenómeno…”
Outro mal entendido diz respeito à confusão entre sindroma de Asperger e crianças Índigo.
Sobre as crianças Índigo, L. Antunes, diz :
"Já que estamos a falar de «diagnósticos alternativos», uma palavra sobre as crianças «Indigo». Quando se mistura a falta de preparação científica com o misticismo, se lhe junta o arco-íris, se tempera com interesses económicos e se serve a famílias pouco informadas e abatidas pelo contacto quotidiano com crianças difíceis, temos a receita que vende hoje as crianças Índigo, e amanhã outro rótulo qualquer que por momentos alivie as famílias do confronto com uma realidade que as angustia , porque é muito o seu amor e incerto o seu futuro. O campo das perturbações do desenvolvimento está repleto de charlatães, aves de rapina prontas a alimentar-se da angústia das famílias. Não são fáceis de pôr a descoberto por duas razões: é difícil distinguir a estupidez bem-intencionada, (ou ignorância), da malévola, e os media dão muitas vezes cobertura a estes «fenómenos sociais», porque se acham desobrigados do tipo de rigor de análise que os cientistas têm de exercer. E claro porque o valor supremo - da «informação» ao entretenimento - são as audiências, nome menos profano do que as vendas."
A interacção entre professores e pais é, também, muitas vezes, origem de mal-entendidos.
A entrada na escola é um acto cultural e afectivo. É o momento em que está presente todo o peso institucional da escola e dos professores e as ansiedades dos pais que sabem que vão deixar os filhos aos professores.
Lobo Antunes dá o relevo aos professores que os professores merecem. É por isso um livro justo. Reconhece aos professores esse papel fundamental na sociedade: educar os nossos filhos. Os professores não são o que se disse nos últimos tempos deles. Pelo contrário, eles são o outro a quem confiamos o que temos de mais importante.
"Sentados em cadeiras pequeninas, a minha mulher e eu sentíamos a insegurança de quem confia a outros o que tem de mais importante...
Uma palavra mais agreste destruirá a confiança que nos seus poucos anos de existência conseguiram adquirir, um sorriso de incentivo e conquistam o mundo...
E agora deixamo-las entregues a outrem, sem a certeza de que elas compreendam que não há alternativa para o primeiro passo que as fará “pessoas crescidas”. Será que ainda acreditam em nós depois de as deixarmos num universo estranho, actrizes de um filme de que desconhecem o guião? …
Damos-lhes tantos beijos iguais. E no entanto eles não são o escudo que vai impedir desgostos, a troça de outros meninos, a mágoa por uma colega que disse: “não gosto de ti”. Como pudemos abandonar as filhas à sua sorte? Difícil aceitar que o seu destino, só em parte depende de nós. Professores, tomem bem conta das nossas filhas que nem sempre aquilo que parece é."

09/06/11

Mal-entendidos


Mal-entendidos é um "título ambíguo"  que (também) pode definir mais ou menos o que tem acontecido na educação.
Às vezes dá a impressão que não estamos interessados na mesma coisa que o ministério da educação ou na mesma coisa que os pais… promovendo uma espécie de luta continua em vez de uma  cooperação permanente entre uns e outros.
Veja-se o que se passa com a avaliação de desempenho docente, com o estatuto do aluno e a questão da (in)disciplina, a violência na escola e à volta dela…
Não quero dizer que não haja conflitos em assuntos complexos que resultam da própria complexidade do ser humano e da sua compreensão. Refiro-me apenas aos objectivos essenciais da educação em relação aos quais devíamos  estar de acordo.
Parece às vezes que as pessoas que mais mal fazem à educação são os ministros da educação... ou os professores.
Falamos frequentemente da interacção escola-família mas estamos longe de ultrapassar as desconfianças entre uma e outra.
O livro de reclamações virou queixa directa para o ministro. Cada queixa parece significar ter razão.
Quem tem que se justificar é a escola. Mesmo quando é difícil à escola fazer mais. A escola (os seus profissionais) não pode queixar-se de que não há recursos. Não pode queixar-se de que não há meios. Não pode queixar-se tout court.
Outro mal-entendido diz respeito às próprias intervenções pedagógicas. Questionam-se metodologias, formas de ensinar, comportamentos e atitudes do professor…
É, por isso, que “ Mal- entendidos” é um livro claro, justo, objectivo e honesto.
As dificuldades são apresentadas com clareza e honestidade. No estado actual dos nossos conhecimentos, há verdades que têm que ser ditas aos pais.
Sabemos que há processos psicológicos que são difíceis de elaborar. Há lutos complexos. O filho dos sonhos não é o mesmo da realidade. E esta é uma realidade dura de enfrentar.
Por isso, o caminho mais fácil é a culpabilização do sistema educativo, isto é, dos professores.
"Se o meu filho não aprende a culpa é do professor". Aí está um bode expiatório à mão de semear, quando, às vezes, o responsável é apenas a lotaria genética que faz com que tudo seja diferente em cada uma das crianças que ensinamos.
“Cada criança é uma história por contar” e os professores têm a grande responsabilidade na sua educação:
“Para compreender uma criança temos de voltar ao país das memórias, reviver o que ficou para trás, habitar de novo medos de que nos esquecemos. Olhar com olhos de espanto, chamar filha a uma boneca, e replicar o milagre da criação dando-lhe voz. Para a compreender temos de voltar a pele do avesso, reduzir a dimensão do corpo na medida inversa em que cresce o sentimento.”
As histórias em geral têm um fim feliz mas "para muitas crianças a sua história pode não terminar bem".

04/06/11

Violências dentro e fora da escola


A escola, como as outras instituições sociais, são lugares de violências. Devo, no entanto, clarificar: como dizia Freud, a educação é repressão, e, por isso, a criança vai passar por algumas dificuldades no acesso à civilização e à cultura que é veiculada  pela sociedade  e pela família mas, principalmente, pela escola.
Por outro lado, as mudanças sociais, económicas e culturais que se verificaram têm tido repercussão em tudo o que se passa na escola, principalmente no que se refere à autoridade.
No filme “os quatrocentos golpes” (François Truffaut, 1959), o protagonista tem treze anos. Na escola arranja problemas com os professores. Em casa, os pais são indiferentes ou ausentes e já não sabem o que fazer com ele. Falta à escola. Vive de mentiras. As instituições pouco podem fazer pela sua inadaptação.  
Nos anos 50, a violência vinha da escola, da família e das instituições contra  crianças e adolescentes. Já nessa altura não havia respostas fáceis para os problemas da vida.  Hoje, as coisas são mais ou menos assim: continua a não haver respostas fáceis para os problemas da vida, incluindo, a violência na escola, ou um pouco além dos seus muros.
Com a diferença de que hoje, na maioria das vezes, a violência vem de alunos contra alunos e de alunos contra professores. A violência psicológica que não é fácil de definir existe todos os dias na sala de aula.
Hoje, chamamos bullying, a muita desta violência. O bullying, foi definido por Olweus (1991), afirmando que «um aluno está a ser provocado/vitimado quando ele ou ela está exposto,  repetidamente e ao longo do tempo, a acções negativas da parte de uma ou mais pessoas ». Considera-se uma acção negativa quando alguém intencionalmente causa, ou tenta causar, danos ou mal-estar a outra pessoa . Esse repetido importunar pode ser físico, verbal , psicológico  e/ou sexual.O bullying pode ser conduzido por um indivíduo – o provocador ou agressor – ou por um grupo, e o alvo do bullying pode também ser um  indivíduo – a vítima – ou um grupo.
Há alunos que transformam a vida escolar num inferno. Há professores que são acusados de tudo. Ao professor não é permitido errar. O professor não pode ter um deslize. O professor fica imediatamente culpado quando o aluno faz queixa ou quando o encarregado de educação apresenta queixa superiormente.
Estamos nos antípodas d'os quatrocentos golpes” no que se refere à autoridade do professor. Porém a violência hoje não é menos chocante.
Basta a queixa para ser considerado culpado. Bem se podem escrever relatórios. Bem se pode basear a actuação na legislação… o professor tem que provar que fez tudo certo. Tem que justificar todos os seus comportamentos. Tem que justificar porque é que é que não se esforçou para que o aluno não tivesse negativas. Porque não mudou os comportamentos do aluno.
Podíamos estudar, pelo menos, o que se passa para compreendermos como a nossa vida quotidiana pode ser tão violentada  com estes casos em que vamos sendo envolvidos, de uma forma ou de outra, se não é hoje é amanhã.
Que fazer ? A autoridade da escola deve ser revista. Não uma autoridade como há 50 anos mas uma autoridade democrática onde tem que haver um líder que é o professor porque é ele que deve ter a autoridade informal mas também a autoridade formal que lhe é conferida  pelo poder democrático do estado.