08/07/09

Uma pessoa é o sol, o mar, o pai e a mãe

1. Pedi a uma criança para fazer um desenho de uma pessoa. Perguntei-lhe o que tinha desenhado; respondeu que era “o sol, o mar, o pai e a mãe”.
Percebi, desta forma, o que era uma pessoa e o que era mais importante para a criança.
No princípio, era a água e o fogo. O mar e o sol. O líquido indispensável à vida. O fogo, a experiência fascinante que se perde no tempo e que ainda hoje continua a ser uma experiência infantil.
Importante é procurarmos na água o nascimento de um ser que parte para a grande caminhada da vida levando sempre as memórias da infância. Como Eugénio de Andrade em CANÇÃO INFANTIL:

Era um amieiro.
Depois uma azenha.
E junto um ribeiro.

Tudo tão parado.
Que devia fazer?
Meti tudo no bolso
para os não perder

E também procurar no fogo aquilo que quebra o gelo. O fogo do diálogo. Que começa por ser o diálogo corporal e que se prolonga no diálogo musical.
Mozart, Brahms, Tchaikovsky, tão próximos de uma canção de embalar, que é a mais bonita canção de amor entre dois seres: mãe -filho.
A música está no corpo do bebé que é o seu primeiro instrumento; está nos primeiros esforços que faz para galrear e balbuciar. Ela é ritmo antes de ser melodia. E como se sabe, para um bebé a primeira melodia é a voz da mãe, voz doce que se confunde com a voz mais dura do pai ... e ambos cantando-lhe o seu amor.
A criança não precisa de compreender as palavras para se sentir calma e feliz.
Antes da invenção dos instrumentos, os efeitos do canto vocal foram explorados pelo homem para fins precisos: o acalmar das crianças agitadas é o mais espalhado pelo mundo.
A canção de embalar acompanha a voz com movimentos da cabeça ou das mãos … estímulos visuais, que sincronizados com o canto, contribuem para a indução da calma, e são ainda reforçados pelo balanço do berço, que assim aumenta o efeito hipnótico do canto dirigindo-se ao sistema somestésico da criança.
2. Depois uma pessoa é o pai e a mãe, a família. A autoridade dos pais como modelo e como responsabilidade.
A autoridade dos pais baseia-se na vida e no trabalho dos pais, a sua personalidade de cidadãos, o seu comportamento.
O trabalho paterno deve consistir em saber como vive, de que se interessa, do que gosta e o que quer o seu filho. Quais são os seus amigos, com quem joga, o que lê e como assimila o que lê. Qual a sua atitude face à escola, aos professores, quais são as suas dificuldades, como é o seu comportamento nas aulas.
A ajuda dos pais não deve ser inoportuna, enjoativa e fastidiosa mas deve ser responsável. É necessário que a criança às vezes resolva os seus problemas sozinha e que se habitue a ultrapassar dificuldades e resolver questões complicadas.
As férias de Verão podem ser um tempo para esta experiência educativa pois têm todos estes ingredientes : o mar, o sol, o pai e a mãe.

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