19/05/11

Inteligência política


Em geral, definimos a inteligência como a capacidade de adaptação à realidade, a novas realidades, a encontrar soluções para os diferentes problemas da vida, e a evitar a incoerência, a rigidez e a estagnação.
Mas haverá uma inteligência política ? Se há, qualquer pessoa possui esta inteligência ?
H. Gardner no seu livro Estruturas da Mente, de 1983, propõs a teoria das inteligências múltiplas onde descreve sete dimensões da inteligência: inteligência visual /espacial, musical, verbal, lógica/matemática, interpessoal, intrapessoal e corporal/cinestética.
Encontrou depois outras dimensões da inteligência: a inteligência naturalista e a inteligência existencialista.
Posteriormente, foram propostas outras inteligências. Ou seja, mais ou menos inteligências para todos os gostos.
Podemos, por isso, interrogar-nos se não existirá uma inteligência política. Mesmo que não haja uma inteligência especifica, podemos dizer, segundo a teoria de Gardner, que há uma inteligência mais relacionada com a inteligência política: a inteligência interpessoal.
As características deste tipo de inteligência são:
- a capacidade para compreender, interpretar os sentimentos, as motivações e as intenções dos outros.
- a capacidade de empatia e de interacção com outros
- a capacidade para motivar para objectivos comuns.
- a capacidade para se ser eficaz na gestão de conflitos.
São, portanto, um conjunto de competências sociais com vista à resolução de problemas.
Um profissional da política deverá ter esta inteligência interpessoal.
M. L. Pintasilgo falava de 3 dimensões do poder (pag. 61 a 63) que correspondem a capacidades que o político deverá ter:
- a capacidade de fixação de objectivos
- a resposta às exigências e várias formas de gestão
- a compreensão dos elementos de representação simbólica que estruturam a sociedade ao nível do poder.
Este terceiro aspecto, refere,“é um elemento-chave na mobilização da sociedade".
Então é fundamental para a definição de uma inteligência política, que o poder saiba encontrar os símbolos que, sendo enraizados na identidade nacional, apelem para os grandes desafios do nosso tempo, que não se podem resumir aos rituais desportivos
Citando Gonzague de Reynold, resume os elementos que fazem apelo à verdadeira inteligência política:
«Ver as coisas como elas são,
nas suas dimensões exactas
e nas relações que têm entre elas;
prever as consequências dos gestos que fazemos
e dos actos que praticamos;
possuir uma imaginação criadora.
ser capaz de criar e inovar:
tal é a inteligência política».

Nestes últimos anos, o poder político afastou-se desta inteligência política. Deixou de ver as coisas como elas são e não foi capaz de prever as consequências dos gestos que fez e dos actos que praticou.

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