18/09/11

Mal-entendidos: défice cognitivo


Outro mal-entendido: O défice cognitivo e a classificação pela CIF.
1. Os critérios para a integração ou exclusão das NEE de alunos com deficiência mental e dificuldades de aprendizagem têm dado origem a dificuldades na elegibilidade dos alunos que devem ser abrangidos pela Educação Especial.
Estas dificuldades provam a existência de vários problemas de aplicação da CIF.
De facto, como já referi, tenho notado que há grandes discrepâncias no entendimento relativo à aplicação da CIF. Há de tudo, desde quem não tenha em conta a aplicação das categorias mais ajustadas (exclusões), dando origem a listagens intermináveis de capítulos, esquecendo o “core” para estabelecer um perfil de funcionalidade, como, aliás, refere Simeonson, até às interpretações mais ou menos “a olho” no que se refere principalmente ao primeiro qualificador…
2. Já aqui falámos dos critérios que em nosso entender devem ser levados em conta para um aluno ser considerado portador de NEE de tipo cognitivo (deficiência mental). A classificação deverá ser de   nível cognitivo  muito inferior (abrangendo a deficiência mental ligeira, moderada, grave e profunda).
No entanto, a tomada de decisão deve ter em conta também critérios de tipo adaptativo (Grossman), educativo e de personalidade.
3. Mas a deficiência mental não será uma verdade estatística e temporal (temporária)?
É uma realidade que assim é. E, por esse motivo, os instrumentos de avaliação têm que ser actualizados, periodicamente.
O efeito Flynn (o problema do QI crescente), manifesta a obsolescência dos testes.
Por outro lado, o que acontece é que as pessoas estão mais inteligentes. Por ex. na Holanda, em 1982, o QI médio era de 100, mas em 1952, seria de 79 *, isto é, a rondar a deficiência mental, se usássemos o mesmo teste. Por esse motivo, devem-se  usar apenas testes actualizados.
Quando assim é, a nossa experiência diz-nos que o aluno com défice cognitivo de nível muito inferior, deverá ser classificado nas funções intelectuais, dificilmente terá compreensão da leitura e escrita e o seu currículo deverá incidir sobre os aspectos funcionais da leitura e escrita, assim como do cálculo.
* Deary, I. J. (2006). A inteligência, V. N. Famalicão: Quasi Edições.

Sem comentários:

Enviar um comentário