Tirada daqui
Enquanto
estávamos de férias, vários acontecimentos violentos deram-nos a
oportunidade de pensar sobre o que está a acontecer na nossa sociedade, como foi o que se passou na Noruega, Inglaterra, Líbia, Síria...
O
ser humano continua a mostrar-nos facetas perturbadoras e, provavelmente,
ainda não assistimos a tudo o que de mais violento pode fazer.
Será
que podemos ser optimistas relativamente ao mundo em que queremos viver ?
Pelo menos, vivemos
num tempo em que podemos compreender melhor o que se passa connosco e à nossa
volta.
Muitos
milhares de crianças e jovens vão iniciar o novo ano lectivo. Alguns pela
primeira vez.
Este
simples comportamento de ir a escola é em si mesmo um momento de esperança.
Porque
o que está em jogo quando se vai à escola não é apenas a transmissão de conteúdos
ligados à cultura. O
que está em jogo diz respeito ao ser humano integral: É sobretudo a oportunidade de
desenvolver e modificar o cérebro. O mundo
da educação é este mundo maravilhoso que permite que se modifique o cérebro de
cada criança. É
disso que trata a escola embora alguns pais e educadores possam não ter consciência
disso quando entregam o seu filho à responsabilidade do sistema educativo.
Face a um mundo violento, mesmo que os comportamentos violentos não sejam generalizados, com casos extremos e graves, poderemos fazer alguma coisa ?
Temos
de facto esta grande vantagem de poder
levar os filhos à escola. Mas será
que a escola está virada para esta perspectiva ? A escola já percebeu o
papel fundamental que lhe cabe nesta modificação dos comportamentos e das emoções ?
Os
decisores políticos oscilam entre a transmissão e a aquisição de conteúdos e a aquisição
de equilíbrios emocionais.
No
entanto, as coisas não estão assim separadas. Ao tornarmos as crianças mais
inteligentes já estamos a melhorar o seu comportamento, reduzindo o risco da
agressividade violenta, e a melhorar as suas respostas à frustração e à
provocação.
Por
outro lado, a escola tem um papel fundamental na prevenção dos maus tratos
infantis que como sabemos, são indicados pelos investigadores como um factor determinante
que leva mais tarde os jovens e os adultos à violência.
Por
isso, prevenir os comportamentos de violência começa na prevenção dos maus tratos infantis.
O
trabalho de socialização na família e na escola é igualmente importante para
prevenir comportamentos violentos no futuro.
As condições politicas e sociais e dos valores educativos
das escolas contam mas elas têm que ser vistas também na perspectivas das
modificações cerebrais resultantes de factores a que não damos importância.
“O
governo e a sociedade querem uma saída fácil, e uma saída fácil é dizer que
todos estes problemas (delinquência e
psicopatia) são económicos ou sociais”. (1)
Por cá temos os comentadores do costume que continuam a justificar com os factores sociais e económicos o que se passou na Noruega, Inglaterra...
Mas
sabemos bem que a realidade é outra e mesmo nas sociedades mais desenvolvidas, mais equilibradas
socialmente ou mesmo num mundo utópico existirão psicopatas, como nos casos referidos.
Também a história está cheia de situações dessas. Quando um psicopata atinge
elevados cargos na sociedade, na policia, no exército… podemos prever grandes
estragos como está a acontecer. Não é apenas uma questão política.
A
escola é o local onde, todos os dias, se trabalha na prevenção destas situações. Não há
necessidade de recorrer a intervenções especiais ou projectos especiais. Tem
que ser uma escola onde os professores percebam que estão realmente a modificar
o cérebro das crianças a nível cognitivo e emocional.
É,
por isso, à escola e aos professores que compete criar as bases para esse mundo
maravilhoso em que queremos viver. Esta é a melhor forma de construir o futuro porque nesta, como noutras matérias, infelizmente, os resultados da recuperação dos psicopatas não é satisfatório.
(1) Punset, E., (2006) - El alma está en el cerebro, Madrid: Santillana Ediciones Generales, S.L.
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