12/09/11

Mundo maravilhoso

Tirada daqui

Enquanto estávamos de férias, vários acontecimentos violentos deram-nos a oportunidade de pensar sobre o que está a acontecer na nossa sociedade, como foi o que se passou na Noruega, Inglaterra, Líbia, Síria...
O ser humano continua a mostrar-nos facetas perturbadoras e, provavelmente, ainda não assistimos a tudo o que de mais violento pode fazer.
Será que podemos ser optimistas relativamente ao mundo em que queremos viver ?
Pelo menos, vivemos num tempo em que podemos compreender melhor o que se passa connosco e à nossa volta.
Muitos milhares de crianças e jovens vão iniciar o novo ano lectivo. Alguns pela primeira vez.
Este simples comportamento de ir a escola é em si mesmo um momento de esperança.
Porque o que está em jogo quando se vai à escola não é apenas a transmissão de conteúdos ligados à cultura. O que está em jogo diz respeito ao ser humano integral: É sobretudo a oportunidade de desenvolver e modificar o cérebro. O mundo da educação é este mundo maravilhoso que permite que se modifique o cérebro de cada criança. É disso que trata a escola embora alguns pais e educadores possam não ter consciência disso quando entregam o seu filho à responsabilidade do sistema educativo.
Face a um mundo violento, mesmo que os comportamentos violentos não sejam generalizados, com casos extremos e graves,  poderemos fazer alguma coisa ?
Temos de facto esta  grande vantagem de poder levar os filhos à escola. Mas será que a escola está virada para esta perspectiva ?  A escola já percebeu o papel fundamental que lhe cabe nesta modificação dos comportamentos e das emoções ?
Os decisores políticos oscilam entre a transmissão e a aquisição de conteúdos e a aquisição de equilíbrios emocionais.
No entanto, as coisas não estão assim separadas. Ao tornarmos as crianças mais inteligentes já estamos a melhorar o seu comportamento, reduzindo o risco da agressividade violenta, e a melhorar as suas respostas à frustração e à provocação.
Por outro lado, a escola tem um papel fundamental na prevenção dos maus tratos infantis que como sabemos, são indicados pelos investigadores como um factor determinante que leva mais tarde os jovens e os adultos à violência.
Por isso, prevenir os comportamentos de violência  começa na prevenção  dos maus tratos infantis.
O trabalho de socialização na família e na escola é igualmente importante para prevenir comportamentos violentos no futuro.
As condições politicas e sociais e dos valores educativos das escolas contam mas elas têm que ser vistas também na perspectivas das modificações cerebrais resultantes de factores a que não damos importância.
“O governo e a sociedade querem uma saída fácil, e uma saída fácil é dizer que todos estes  problemas (delinquência e psicopatia)  são económicos ou sociais”. (1)
Por cá temos os comentadores do costume que continuam a justificar com os factores sociais e económicos o que se passou na Noruega, Inglaterra...
Mas sabemos bem que a realidade é outra e mesmo nas sociedades mais desenvolvidas, mais equilibradas socialmente ou mesmo num mundo utópico existirão psicopatas, como nos casos referidos.
Também a história está cheia de situações dessas. Quando um psicopata atinge elevados cargos na sociedade, na policia, no exército… podemos prever grandes estragos como está a acontecer. Não é apenas uma questão política. 
A escola é o local onde, todos os dias, se trabalha na prevenção destas situações. Não há necessidade de recorrer a intervenções especiais ou projectos especiais. Tem que ser uma escola onde os professores percebam que estão realmente a modificar o cérebro das crianças a nível cognitivo e emocional.
É, por isso, à escola e aos professores que compete criar as bases para esse mundo maravilhoso em que queremos viver. Esta é a melhor forma de construir o futuro porque nesta, como noutras matérias, infelizmente, os resultados da recuperação dos  psicopatas não é satisfatório.

(1) Punset, E., (2006) - El alma está en el cerebro, Madrid: Santillana Ediciones Generales, S.L.

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