15/12/11

Quando as letras fazem sentido


A avaliação dos alunos, no final do 1º período, é um momento de reflexão para a escola, professores, pais e encarregados de educação.
A avaliação, para além dos grandes números das estatísticas, deve ter em conta os alunos em concreto.
Um particular cuidado deve ser posto em relação aos alunos que entraram para o primeiro ciclo porque é fundamental, nesta altura, saber se a criança se adaptou bem e se começou a fazer as aquisições da leitura escrita e cálculo.
Com frequência, é quando os pais se confrontam pela primeira vez com algumas dificuldades de comportamento ou de aprendizagem dos filhos, podendo surgir alguma desilusão face às expectativas dos pais.
Os problemas escolares são multifactoriais. Dependem da própria criança e de tudo o que está à sua volta: a comunidade em que vive, a família, a escola os professores.
A culpabilização ou a vitimização são uma simplificação. Temos pais que se culpam a si próprios ou culpam imediatamte a escola ou o professor.
Mas tudo na escola é muito mais complexo: a relação pedagógica é a interacção de duas pessoas que estão em desenvolvimento, o aluno e o professor, que trazem para a escola a narrativa familiar.
Por outro lado, alguns problemas escolares ainda não são compreendidos ou esclarecidos pela ciência e ainda não é fácil fazer o diagnóstico.
A ligeireza das avaliações pode fazer pensar que todo o problema se deve ao desinteresse do aluno pela escola ou que é preguiçoso, infantil e imaturo.
Está, certamente envolvida a responsabilidade do aluno, mas há que evitar tomar medidas à sorte que geram alguns dramas familiares:
O mais à mão, e o mais pernicioso, passa pela punição física,
As punições mais soft que hoje em dia são: retirar à criança a quinquilharia electrónica: computador, playstation, telemóvel, video…
A punição "pedagógica": horas intermináveis de “estudo” que levam ao desespero dos pais e da criança, transformam  o problema escolar no centro da vida familiar.
Ou então retirar actividades de que a criança gosta particularmente como praticar um determinado desporto ou outra actividade física, estar com os amigos, ir ao cinema
Já sabemos que estas atitudes não resolvem nem melhoram o problema e, por vezes, até o agravam.
Por isso, é preferível ir à raiz do problema.
A experiência diz-nos que nem todas os alunos aprendem da mesma maneira mas a metodologia é a mesma para todos. Por isso, convém saber se os métodos que estão a ser usados com aquela criança concreta são para ela os mais adequados ou não.
Quando se muda de método, podemos ficar perante uma criança motivada para quem as letras podem começar a fazer sentido e as coisas de que falamos podem estar simbolizadas num conjunto de letras, as coisas grandes em poucas letras e as coisas muito pequenas e invisíveis em palavras maiores.
Quando uma pessoa tem um problema de saúde ou outro qualquer o que é que fazemos? Ajudamos. Com as crianças não é assim. Com as crianças que têm um problema, castigamos.
É por isso que devemos mudar de método e de atitude. A família deve então cumprir o seu papel e agir ao contrário daquilo que é costume: ajudar em vez de castigar.

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