08/12/11

Magia na diferença


No dia 5 de Dezembro comemorou-se o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Os progressos feitos no nosso país em relação às pessoas portadoras de deficiências foram enormes.
No que diz respeito à educação temos princípios, definições e leis sobre as diferenças. Desde a Constituição da República Portuguesa à Declaração de Salamanca, desde o direito de todos à educação, à cultura e às escolas inclusivas.
Mas na realidade nem tudo se passa assim tão facilmente. Eduardo Sá alerta para essas dificuldades:
É importante falarmos da escola com justeza. Porque são de menos as pessoas que, na escola, se surpreendem com magia. São de menos as histórias que as comovem. E são de menos os conhecimentos que as divertem, as remexem e as arrumam. É por isso que devemos dizer que não é verdade que a escola seja um lugar ameno e divertido onde caiba toda a gente: os cobardes e os audazes; os atinados e os rebeldes; os preguiçosos e os tenazes. (“Ir à Lua aprender”, 11-11-11, Pais e Filhos)
De facto, o desenvolvimento depende de muitos factores e a escola, o meio em que a criança passa grande tempo da sua vida, podia fazer muito mais pelas pessoas com diferenças. A inclusão é muito mais do que por a pessoa numa sala de aula com outros alunos. Porque
A integração é a nossa maneira de ouvir os outros.
A integração é uma acção recíproca, mútua, permanente".
(Han Fortmann)
A inclusão envolve a interacção entre pessoas. Pessoas que também elas estão em desenvolvimento. Porque o meu desenvolvimento faz parte do desenvolvimento do aluno. Como no poema de Walt Witman:
Era uma vez um menino a crescer dia após dia.
E a primeira coisa que viu nela o menino se tornou
E essa coisa ficou a ser parte dele todo o dia
            ou só por umas horas desse dia,
Ou então por muitos anos ou por um certo tempo
Por outro lado, no desenvolvimento, o afecto não deve nem pode ficar para o dia seguinte, nem pode ser intermitente, sob pena de por em risco a confiança básica entre as pessoas em interacção.
E podemos aprender que a “luta pela vida” é, para as pessoas diferentes, sempre mais difícil do que para os que não passam por essas dificuldades.
É por isso que as evidências não passam apenas pelos números frios dos resultados quantitativos mas também pelas evidências intangíveis da inclusão:
- há escolas  sensíveis ao acolhimento dos alunos com diferenças,
- há escolas que desenvolvem o mais possível os talentos e as forças de cada aluno,
- há escolas onde aprender a lidar com as emoções é tão importante como aprender a ler e a escrever,
- há escolas com muitos sorrisos e empatia...
E estas evidências fazem-nos pensar que se quisermos falar da escola com justeza, podemos virar "do avesso" as palavras de Eduardo Sá,
porque são muitas as pessoas que, na escola, se surpreendem com magia. São muitas as histórias que as comovem.
E são cada vez mais os que acham que a escola há-de ser um lugar ameno e divertido onde caiba toda a gente.
Não é, certamente, um objectivo fácil de atingir… Mas consegue-se com um pouco de magia. 

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