20/12/11

Natal é respeitar o próximo


A mentalidade de alguns portugueses (do português ?) não mudou grande coisa ao longo dos tempos.
A liberdade para muitos é fazer o que apetece. Continuamos a conviver com indivíduos que só sabem ameaçar os outros. É gente que anda por aí a fazer o que quer.
Não pagam o condomínio. E por que devem pagar se há outros que lhe põem o elevador a funcionar, lhe lavam as escadas, e eles podem passar à vontade?
Não pagam os impostos e põem o dinheiro nos offshores. E por que hão-se pagar se há outros que o fazem escrupulosamente ?
São indivíduos que estacionam em frente das portas de entrada dos outros. E por que não hão-de estacionar se as multas são só para alguns ?
E tudo o resto de que falava Alberto Pimenta, em 1995. E, mesmo que gostemos de ser o que somos, portugueses, como não havemos de concordar com ele ?
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Há um total desprezo do próximo, uma falta de noção dos direitos e deveres urbanos civilizacionais. Soube agora de um caso que se passa num prédio normal do centro da cidade. Há alguém que guarda a moto do filho de família no patamar entre o terceiro e o quarto andares e, quando lhe vão dizer que não o pode fazer, essa gente que é licenciada fecha a porta, dizendo: «A moto é minha, eu faço o que eu quero!» Tal e qual como o sapateiro que bate no filho e diz: «O filho é meu, eu faço o que quero!». É a sociedade do «salve-se quem puder». A maior parte das discussões que se geram em bichas, em lugares públicos onde se reclama um direito, resulta da falta de noção muito exacta que qualquer alemão, francês ou italiano tem dos seus direitos e deveres. Aqui é tudo uma
«questão particular». Passa a não ser uma sociedade organizada mas um clã.
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Enquanto a Europa é urbana e civilizada há muito tempo, em Portugal o crescimento faz-se por saltos muito grandes. Temos a ideia de que o progresso é deitar fora o que há e substituir pelo novo, o que mostra que não o conseguimos integrar. Em cada época, há elementos que definem o novo-riquismo.
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Na Segunda Guerra, houve o boom dos novos-ricos do volfrâmio e dizia-se que eles comiam a sardinha assada com pão-de-ló. Hoje continua e, apesar do novo-riquismo destes anos em que já somos europeus, basta por o pé para lá da fronteira para perceber que somos cada vez menos em termos culturais. Temos o mito das melhores praias, dos melhores vinhos, mas quanto tempo vão durar? Há terrenos próximos de Lisboa, na zona do Ribatejo, que estavam classificados para agricultura exclusivamente. Há três ou quatro anos saiu um decreto que permite utilizá-los para campos de golfe desde que sejam reconvertíveis. Daqui a 15 anos, comeremos bolas de golfe em vez de couves...
Há coisas que não custam dinheiro e que não têm a ver com a crise como ser educado e respeitar o próximo, por exemplo. 
Um bom Natal e que o Menino Jesus nos ajude a respeitar os outros!

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