O título é já em si uma crítica favorável a esta revisão curricular porque a estrutura curricular que existe bem precisa de ser remendada.
Tem havido várias maneiras de fazer revisões da estrutura curricular. Numa classificação rápida, podemos resumir o que tem acontecido na educação nesta matéria:
- A demagógica, populista /basista
- A autoritária, porque sim e extra-terrestre
- A democrática e realista
A primeira foi no tempo de Guterres/Já não me lembro, ah ! Grilo/Benavente
A segunda no tempo de Sócrates/Rodrigues /Lemos
A terceira era bom que fosse a de Coelho/Crato/ Ainda não sei.
Crato sabe que é necessário mudar. Como nós sabemos. Mas há um problema: é que esta revisão ainda é pouco realista. No terreno as necessidades são outras. Principalmente depois dos desconcertos do governo anterior.
Crato vem de um pensamento anti-eduquês mas cria uma revisão que não deixa de dever ao pensamento eduquês. Porque é feita nos gabinetes sem conhecer as reais necessidades das escolas ou do terreno.
Diga-se que o problema não é apenas deste país nem deste sistema educativo. É de sistemas educativos de muitos países desenvolvidos. Como em França. Veja-se o que se diz no "Eduquês: um flagelo sem fronteiras".
Esta revisão é um reajustamento que se impunha no que diz respeito às ciências e às humanidades. No entanto, não se pode deixar de discordar no que diz respeito às artes. O problema está na questão das ciências mas não só. O problema está na cultura que também passa pelas artes: visuais, literárias, musicais e do espectáculo.
É nestas áreas que algumas personalidades se podem desenvolver porque são as áreas onde há maiores potencialidades divergentes para as crianças e jovens poderem realizar os seus sonhos. Por isso, esta revisão é importante mas é insuficiente de dois modos:
Primeiro, porque em si mesma continua a dar pouco relevo às artes e, em segundo lugar, porque era necessário fazer uma reforma do sistema e não apenas do currículo.
Com este currículo ou com outro os problemas vão manter-se e disso já temos aqui falado por várias vezes.
O que acontece aos alunos que não querem fazer o secundário: em que escolas, em que currículos se vão integrar?
O que acontece aos alunos que nem sequer se interessam pelo 3º ciclo?
O que acontece aos alunos com NEE ?
O que acontece à formação, às escolas profissionais, ao sistema de aprendizagem, à articulação educação/formação?
Não quero ir tão longe como Ramiro Marques, mas que há muito de verdade aqui, lá isso há.
Raramente estou de acordo com Daniel Sampaio no que se refere à educação. Mas está ali ao lado uma teoria das três escolas que mostra bem a preocupação que já havia nessa altura (1998).Talvez não três escolas mas três ou mais percursos podiam fazer sentido a partir do 7º ano. Os percursos seriam definidos pelo Ministério e o resto seria deixado à autonomia dos agrupamentos.
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