05/01/12

Santos da casa (também) fazem milagres




O ano que terminou, 2011, foi o ano europeu do voluntariado mas a atitude voluntária nunca acaba.
O voluntariado supõe o apoio a pessoas em dificuldade que são assistidas através de uma presença humana, de uma relação positiva, do contributo de bens e serviços que ajudam as pessoas, muito para além dos apoios oficiais que o Estado pode proporcionar. O voluntariado exerce-se no jogo dos afectos que estimula a relação, mas caracteriza-se pela competência no que se dá. (Victor Feytor Pinto)
O voluntário é o individuo que de forma livre, desinteressada e responsável se compromete, de acordo com as suas aptidões próprias e no seu tempo livre, a realizar acções de voluntariado no âmbito de uma organização promotora. A qualidade do voluntário não pode, de qualquer forma, decorrer de relação de trabalho subordinado ou autónomo ou de qualquer relação de conteúdo patrimonial com a organização promotora, sem prejuízo de regimes especiais constantes da Lei. (Lei 71/98)
O voluntariado e o voluntário estão aqui bem definidos. No entanto, também os vejo de outra maneira: como voluntariado de proximidade e autónomo. E mais, enquanto atitude de ajuda às pessoas com necessidade de apoio e ou como ajuda para uma vida comunitária de qualidade.
Temos a tendência para olhar para o voluntariado como uma tarefa que se concretiza longe em termos geográficos ou longe em termos sociais, isto é, fazer qualquer coisa pelos mais desfavorecidos social e economicamente  ou fragilizados do ponto de vista afectivo.
No entanto, bem perto de nós há quem precise de ser apoiado e por isso é tão importante o voluntariado de proximidade e autónomo.
Há estruturas da comunidade importantes para o seu funcionamento e em que, normalmente, poucas pessoas estão dispostas a colaborar.
Exemplos não faltam.
Fazer parte da administração do condomínio, interessando-se pelos cuidados que são necessários para que as pessoas, as famílias possam viver melhor nas casas que habitam.
Ter iniciativa individual para integrar estruturas da comunidade ou criar núcleos autónomos para a ajuda alimentar, ajuda com roupa para as crianças (enxoval do bebé) …
Apoiar actividades para jovens (escutismo, actividades de tempos livres, lares).
Integrar a comissão de protecção de crianças e jovens (CPCJ) enquanto membro da comissão alargada (principalmente) da nossa cidade.
Fazer parte de uma associação de pais ou ser representante dos pais na turma.
Os pais estão sempre à espera que outros assumam estas tarefas e inventam todas as desculpas, o trabalho, a falta de tempo, falta de jeito, para não estarem onde é necessário "defender" os filhos.
Fazer parte de uma associação de apoio a idosos porque os nossos idosos precisam de nós, às vezes são os nossos pais ou nossos familiares…
Ajudar as crianças que são da nossa própria família. Os avós podem ficar com os netos durante algum tempo, podendo os pais realizar tarefas importantes e necessárias.
Tantas actividades da nossa vida quotidiana onde é possível fazer a diferença para uma vida com mais qualidade. Tão fácil e tão difícil.
A tendência é ajudar quem está longe e não vemos nem pensamos que podemos ser voluntários mesmo ao pé da porta, ajudar os nossos vizinhos, os nossos familiares tão necessitados como os outros que estão longe.
Podemos começar por aqui.
Porque santos de casa, ao contrário do que diz o ditado, também fazem milagres.

Sem comentários:

Enviar um comentário