É o lema do Conservatório de Música de Cascais. E é a realidade.
1 de Outubro é o dia mundial da música. A data foi instituída em 1975 pelo International Music Council, uma instituição fundada em 1949 pela UNESCO, que agrega vários organismos e individualidades do mundo da música.
A música interessa cada vez mais à ciência e à educação. Percebemos melhor as interacções entre música e cérebro e as implicações que elas podem ter nas emoções comportamentos, aprendizagens. Por isso a música é importante para a psicologia.
Porque gostamos tanto de música, como funciona a criatividade ? Jonah Lehrer revela como funciona a criatividade. No caso de Bob Dylan que ele levou apenas 15 minutos para escrever I and I, enquanto o cantor e compositor Leonard Cohen tinha levado dois anos para escrever Hallelujah ... O génio não viria de nenhuma parte mas era relativo ao funcionamento cerebral.
A música penetra no córtex auditivo e nela está implicado todo o nosso cérebro embora com funções distintas conforme as áreas.
O hemisfério esquerdo gera a percepção dos ritmos, a altura, a impressão de familiaridade e a identificação do obra ouvida.
O hemisfério direito tem um papel na percepção dos timbres e da melodia, a linha das notas altas e baixas criadas pela melodia.
As áreas motoras têm um papel quando se toca um instrumento ou se canta, o hipocampo uma das estruturas da memória, activa-se quando se ouve uma parte de uma peça familiar e os circuitos rítmicos do cerebelo intervém nos tempos. Obviamente, o cérebro e a música são indissociáveis...
É controverso se há diferenças funcionais cerebrais entre o cérebro de músicos e não músicos. A nível explicito os músicos tem estratégias de tratamento da música diferenciadas em relação aos não músicos mas o mesmo não acontece a nível implícito (automático).
O que parece certo é que todos temos recursos cerebrais para processar a música. É que quando ouvimos as músicas preferidas trazem consigo emoções. Isto acontece porque esta actividade se traduz por um aumento da dopamina, neurotransmissor que tem um papel no reforço do prazer e da motivação. Este prazer acontece por antecipação e durante a audição da música.
A música tem também particular importância no desenvolvimento da linguagem. É por isso que são tão importantes as canções de embalar e que as mães cantem para os seus filhos.
A música é uma modalidade de expressão e "pode-se estabelecer semelhanças entre a gramática e estrutura musical" (Marc Richelle).
Por isso a psicologia interessa-se pela música em diversos campos: na recepção musical, na memória e percepção, nos processos cognitivos e motores, nos processos criativos e socioculturais.
No entanto, contrasta, nas organizações de educação, com o desinteresse que se manifesta, fortemente, no início do ano lectivo, por disfuncionamentos que não têm justificação. Algumas escolas de artes, não apenas de música, ainda não iniciaram as suas actividades por falta de colocação de professores, entre outros problemas, como instalações degradadas, etc.
A responsabilidade não será apenas do ministério uma vez que há escolas que funcionam sem estes constrangimentos anuais, onde equipas de gestão sabem, atempadamente, resolver os problemas.
Mas, mais uma vez, se provou, este ano, que as artes são desinteressantes para os líderes do ME.
Há fundamento teórico e prático para desenvolver o campo das artes nos currículos. O que se passa com as turmas de música no ensino regular é bem a prova disso. Não será caso de constituir turmas onde a oferta fosse ainda de música mas também, por exemplo, de artes decorativas e performativas ?
Está bem, eu sei, os actuais e anteriores líderes da educação são... "mais bolos”, como diria o Herman. Mas já que não reorganizam a oferta educativa pelo menos mantenham o que está e resolvam esta instabilidade anual no domínio do ensino artístico.
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Baseado em "Pourquoi le cerveau aime la musique" e "Pourquoi la musique intéresse les psychologues", le cercle psy, nº 7.
Baseado em "Pourquoi le cerveau aime la musique" e "Pourquoi la musique intéresse les psychologues", le cercle psy, nº 7.
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