Augusto Cury (1, 2, 3) propõe dez técnicas para melhorar a escola, em “Pais brilhantes, professores fascinantes”(2003) que constituem “O projeto escola da vida”.
Para Cury este projecto pode “promover o sonho do construtivismo de Piaget, da arte de pensar de Vigotsky, das inteligências múltiplas de Gardner, da inteligência emocional de Goleman.” Eu acrescentaria a perspectiva de “felicidade e bem-estar”, de Seligman e o “desenho universal para a aprendizagem", de D. Rose, pelo menos…
Este projecto de escola conta, essencialmente, com o material humano: os professores, a sua formação e a mudança da cultura educacional.
O livro não é recente mas as técnicas propostas são perfeitamente actuais tendo em conta que as práticas pedagógicas raramente as integram.
Estas técnicas “objetivam a educação da emoção, a educação da auto-estima, o desenvolvimento da solidariedade, da tolerância, da segurança, do raciocínio esquemático, da capacidade de gerir os pensamentos nos focos de tensão, da habilidade de trabalhar perdas e frustrações. Enfim, formar pensadores.” São elas:
1. Música ambiente em sala de aula
2. Sentar em círculo ou em U
3. Exposição interrogada: a arte da interrogação
4. Exposição dialogada: a arte da pergunta
5. Ser contador de histórias
6. Humanizar o conhecimento
7. Humanizar o professor: cruzar a sua história
8. Educar a auto-estima: elogiar antes de criticar
9. Gerir os pensamentos e as emoções
10. Participar de projectos sociais
Estas técnicas têm dado resultado nas escolas e salas de aula onde são aplicadas. O que é interessante é que nenhuma delas precisa de grandes alterações ou de grandes acções de formação e, dito de outra maneira, todos os professores e educadores já têm alguma formação sobre elas.
O que pode ser novo é a sua aplicação porque, de facto, regra geral, não são aplicadas.. Nem as escolas tomam a iniciativa de as aplicar nem o sistema cria políticas educativas que torne fácil a sua aplicação.
Pelo contrário, assistimos nos últimos 20 anos, à medida que todos vamos acumulando queixas da escola, a um afastamento destas técnicas.
Assim :
Os programas das disciplinas merecem toda a atenção. Veja-se como, actualmente com o problema da não colocação de alguns professores, já se pede o corte dos programas.
Muitas escolas tiveram obras, outras são novas construções e o que acontece é que as as salas de aula foram desenhadas em muitas situações para 26 alunos o que quer dizer que quando as turmas têm mais alunos (até 30) não cabem praticamente na sala. Obviamente que qualquer disposição espacial que facilite a aprendizagem e a comunicação não é possível.
Geralmente, é usada na sala de aula, a "carteira bipessoal". Se há situações em que isso funciona há outras em que é fonte de conflito permanente entre alunos.
Para alunos com excesso de actividade em vez de ambiente calmo, com musica ambiente, para aliviar a síndroma do pensamento acelerado (SPA), não há música e as aulas passaram a ser de 90 minutos.
A diferença de estatutos das disciplinas foram levadas ao máximo não só com a realização de exames daquelas que são consideradas mais importantes, como foram reduzidos os tempos e apoios das outras.
Os modelos dos professore, dos produtores do conhecimento, dos cientistas, estão arredados dos conteúdos, e daí a dificuldade em os alunos seguirem comportamentos ou profissões. A modelagem dos alunos é feita, principalmente, pelos media.
Em vez de humanizar a sala de aula, tivemos a fase dos computadores "Magalhães" que foi, feliz e rapidamente ultrapassada, até porque se calhar já nenhum funciona.
“Os computadores podem informar os alunos, mas apenas os professores são capazes de formá-los.”
Muito se tem falado de emoção e de auto-estima, mas a prática quotidiana tem de continuar a “vacinar contra a discriminação, promover a solidariedade, resolver conflitos em sala de aula, filtrar estímulos estressantes, trabalhar perdas e frustrações.”
Não é estimulante da auto-estima, certamente, a possibilidade e voltar às “classes especiais”, para “colmatar dificuldades” como recentemente foi aprovado.
A escola
dos nossos sonhos - Projecto escola da vida – Técnicas
(Augusto
Cury)
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Técnica
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Objectivos
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1. Música
ambiente em sala de aula
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desacelerar
o pensamento, aliviar a ansiedade, melhorar a concentração, desenvolver o
prazer de aprender, educar a emoção.
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2. Sentar
em circulo ou em U
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desenvolver
a segurança, promover a educação participativa, melhorar a concentração,
diminuir conflitos em sala de aula, diminuir conversas paralelas.
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3. Exposição
interrogada: a arte da interrogação
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aliviar a SPA (síndroma do pensamento acelerado), reacender a motivação,
desenvolver o questionamento, enriquecer a interpretação de textos e
enunciados, abrir as janelas da inteligência.
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4. Exposição
dialogada: a arte da pergunta
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desenvolver
a consciência crítica, promover o debate de ideias, estimular a educação
participativa, superar a insegurança, debelar a timidez, melhorar a concentração.
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5. Ser
contador de histórias
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desenvolver
criatividade, educar a emoção, estimular a sabedoria, expandir a capacidade
de solução em situações de tensão, enriquecer a socialização
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6.
Humanizar o conhecimento
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estimular
a ousadia, promover a perspicácia, cultivar a criatividade, incentivar a
sabedoria, expandir a capacidade crítica, formar pensadores
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7. Humanizar
o professor: cruzar a sua história
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desenvolver
a socialização, estimular a afectividade, construir ponte produtiva nas
relações sociais, estimular a sabedoria, superar conflitos, valorizar o
"ser".
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8. Educar
a auto-estima: elogiar antes de criticar
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educar a emoção e a auto-estima, vacinar
contra a discriminação, promover a solidariedade, resolver conflitos em sala
de aula, filtrar estímulos stressantes, trabalhar perdas e frustrações.
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9. Gerir
os pensamentos e as emoções.
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resgatar a liderança do eu, resolver a SPA,
prevenir conflitos, proteger os solos da memória, promover a segurança,
desenvolver espírito empreendedor, proteger a emoção nos focos de tensão.
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10. Participar
de projectos sociais
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desenvolver
a responsabilidade social, promover a cidadania, cultivar a solidariedade, expandir
a capacidade de trabalhar em equipe, trabalhar os temas transversais: a
educação para a saúde, para a paz, para os direitos humanos.
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