Podia ser a actualidade nacional: "o problema do sucesso dos alunos que entram na universidade", "o futuro das escolas rurais", "os novos directores", "a nova escola primária", "o recrutamento dos professores", "os alunos são felizes na escola ?" ...
Não é. É Outubro de 1990, em França. A agenda é a mesma vinte anos depois em Portugal.
A mesma ideia de passar as culpas: no 2º e 3º ciclo a culpa é do 1º ciclo, no secundário é do básico, e na universidade é do secundário. O cliché de que, hoje, os alunos não sabem ler, escrever, fazer contas, colocava-se há vinte anos noutros países. E se se pensasse em programas para apoiar os alunos, para apoiar os alunos que não podem pagar explicações ?
"Ajudar os alunos a ter sucesso, é possível. Em vez de acusar a preparação "insuficiente" ou o "mau" secundário destes jovens, algumas universidades - ainda pouco numerosas, é verdade - criaram dispositivos para melhorar sensivelmente as suas performances."(C. Bédarida).
Os planos de melhoria fazem sentido em qualquer nível de ensino. O que não faz sentido é avaliar e verificar as dificuldades e deixar que tudo continue na mesma ou com as mesmas soluções que, já se percebeu, não resultam. É "chover no molhado".
Boa tarde,
ResponderEliminarE o que acontece depois nas universidades é que temos alunos com imensas dificuldades nas competências da escrita (tendo em conta que ingressam em Terapia da Fala, torna-se um sério problema) e não temos condições para tentar colmatar essas dificuldades...
Se os ajudamos nas nossas horas de atendimento aos alunos, podemos ser acusadas de beneficiar este aluno em prol de outro, e que fazemos a papinha toda, e que na universidade não há educação especial, blá, blá, blá...
O que é certo é que os penalizamos nas provas de avaliação e esses alunos vão terminar o seu curso e vão integrar o mundo profissional, continuando a dar erros na escrita, depositando toda a fé nos correctores ortográficos do office, quando redigem um relatório clínico.
A questão não é de onde vem o problema. A questão é que já não me deixam resolver o problema.
Enfim...
Liliana Lucas.