10/06/10

Avaliação e construtivismo

Os resultados da avaliação escolar no final dos períodos lectivos, podem originar uma oportunidade para os pais dialogarem com os filhos.
A avaliação não deve incidir apenas nas aprendizagens escolares mas sendo a escola o local onde os filhos passam a maior parte do seu tempo, é nela que fazem as aprendizagens curriculares expressas e as aprendizagens do currículo oculto.
Os resultados nem sempre são positivos e temos que compreender que por trás de uma criança em dificuldade escolar estão outras dificuldades, reveladoras da personalidade infantil, às vezes mais difíceis de superar. A escola é reveladora da personalidade da criança, da sua maturidade, do seu desenvolvimento.
A criança com insucesso escolar é aquela que não se encontra em condições de superar sozinha com êxito as exigências da escola.
As dificuldades escolares pressupõem algo que está na sua origem e as suas consequências devem ser vistas de uma forma complementar e resolvidas de forma complementar, isto é, requerem uma intervenção pedagógica, didáctica e também, às vezes, uma intervenção terapêutica.
J. dos Santos fala de rotura ao referir a dificuldade que as pessoas têm em compreender a continuidade entre os conhecimentos adquiridos espontaneamente (educação espontânea, função maternal, “educação relacional”) antes da escola e os conhecimentos escolares. “Ensinar a ler e escrever, corresponde a um trabalho de descodificação, dificilmente compreensível para certas crianças com problemas afectivos ou vivendo em ambientes culturalmente desinteressados por este tipo de actividades".
Quem é responsável pelo insucesso ? Será o aluno o único responsável pelo seu insucesso? Serão os pais, a escola ?
Vivemos um tempo em que “ o sucesso é filho de todos mas o insucesso é órfão”. É necessário, por isso, que tanto o sucesso como o insucesso sejam da responsabilidade de todos.
Qual a parte do insucesso que me cabe? Qual a parte do insucesso que cabe ao ministério da educação ?
Se considerarmos o sucesso curricular, será possível pensar uma escola com 100 % de sucesso ? Não ficávamos todos desconfiados com uma escola dessas, que apenas trabalha para as estatísticas ?
Mas, por outro lado, não é para que todos os alunos tenham sucesso que a escola básica serve ? Se não, temos de aceitar que há-de haver sempre uma percentagem de insucesso, mais ou menos elevada ? E não será isso uma perversidade ?
Bethelheim referia que “não ter aproveitamento, não ter bons resultados escolares pode ser um processo inconsciente de fazer precisamente o contrário daquilo que queriam e ficaram cada vez mais perturbados por não conseguirem impedir-se de fazer coisas que conscientemente não queriam fazer”.
A "5 de Outubro" está muito longe das escolas mas estão igualmente longe das escolas aqueles que vêm falando de um disparate chamado “eduquês”.
                               

Sem comentários:

Enviar um comentário