A avaliação, no ensino básico, no final do ano lectivo, vem pôr em evidência muitas das fragilidades do sistema educativo.
É a hora de debater a regulação das aprendizagens. E o que acontece no sistema de avaliação das aprendizagens é que essa regulação é feita muitas vezes através da repetência. No entanto, a repetência deve ser o último instrumento da regulação das aprendizagens e não o primeiro ou preferencial.
Os eternos esquecidos das nossas escolas e do sistema educativo são os alunos com dificuldades de aprendizagem. Estes alunos não são alunos NEE e não são alunos que façam a escolaridade sem sobressaltos. Não são ricos nem pobres, são remediados do ponto de vista das suas capacidades e recursos intelectuais. São personalidades às vezes com altas capacidades no campo das artes ou do desporto.
São alunos aos quais se aplicam classificações que muitas vezes são ofensivas que mais facilmente se integram nas categorias de preguiçosos, pouco trabalhadores, distraídos, só joga computador, futebol...
São, genericamente, crianças de meios familiares, sociais e ou culturalmente desfavorecidos que não têm poder reivindicativo ou estão culturalmente conformados com a sorte que lhes cabe resultante das dificuldades dos filhos.
Por outro lado, há quem não acredite em dificuldades de aprendizagem:
- há os que acham que é apenas um problema de leitura e escrita
- os que acham que um bom professor resolve
- os que acham que é tudo inventado pelos especialistas
- os que acham que os alunos são preguiçosos
- os que acham que com umas explicações se consegue
- os que acham que com uns medicamentos para a atenção, para "abrir" a memória, para ficar sossegado isso passa,
- os que acham que é imaturo e com a idade melhora…
São os alunos que se enquadram na média ou abaixo da média nas escalas de avaliação do desenvolvimento psicomotor ou cognitivo. São a maioria dos alunos.
É neste grupo que estão os candidatos às repetições, e em consequência ao abandono precoce da escolaridade. É normalmente o grupo esquecido do sistema educativo.
Sabemos que somos todos diferentes. Mas depois não levamos isso em conta.
Sabemos que do ponto de vista sensorial, das estratégias e das emoções somos todos diferentes mas em relação às aprendizagens têm que aprender da mesma forma e serem avaliados da mesma forma.
No sistema alguma coisa apesar de tudo tem vindo a mudar e essa mudança abre caminho para a escola do futuro.
No gráfico abaixo podemos identificar algumas respostas formais que se distribuem de acordo com o desenvolvimento cognitivo e que a escola já pode oferecer aos alunos que a frequentam.
Mas esta graduação é ainda mais específica se tivermos em conta a personalidade das pessoas, os estilos cognitivos, as emoções.
São estes alunos que vão ser, mais tarde, bons trabalhadores, úteis à sociedade e que merecem ter sucesso necessitando para isso de estratégias e respostas educativas cada vez mais diferenciadas de acordo com as suas capacidades e potencialidades.
A escola para todos deve ser também sucesso para todos.
A escola para todos deve ser também sucesso para todos.
Sem comentários:
Enviar um comentário