07/10/15

A mudança para uma sociedade de bem-estar

Não há democracia sem eleições livres mas devemos interrogar-nos para quê e para quem servem as eleições livres. Apenas para mudar ou continuar com os mesmos protagonistas políticos e ou mudar de políticas ou, ainda, para tudo isso, mas tendo em conta novas perspectivas da vida e do mundo, desde que elas respeitem os direitos do ser humano?
Em princípio, os cidadãos escolhem as propostas politicas que preferem para a sua vida na expectativa de que daí resultem melhorias para a sua vida, a vida dos cidadãos e dos países. 
Porém, isto não quer dizer, que muitas propostas não estejam completamente fora da realidade económica, social e psicológica das pessoas, que não haja propostas mais ou menos fossilizadas e tragam à memória alguns ditadores que fazem parte de períodos históricos de grande sofrimento para alguns países, que o espírito crítico ainda não foi capaz de desconstruir.
Podemos perguntar-nos até que ponto vai a cegueira ideológica, a negação da realidade, se depois de tudo o que se sabe hoje, não temos capacidade para ficarmos horrorizados com a história desses ditadores sejam da dita esquerda ou da dita direita.

Vota-se na continuidade ou na mudança. Num caso, a mudança pode ser a melhor opção, outras vezes a melhor opção é a continuidade.
Vivemos num tempo em que os antigos chavões deixaram de fazer sentido como, por exemplo, falar de crescimento sem se explicar que crescimento e para que o querem.
Na manhã de 5 de Outubro, depois das eleições do dia anterior, verificamos que a nossa vida vai continuar na mesma, independentemente de quem ganhou e quem perdeu... se bem que, em Portugal, todos ganhem sempre em todas as eleições.

A mudança é outra coisa e, se quisermos que haja mudança, têm que ser as pessoas a fazê-la. Ou seja, tendo ganho um partido ou outro, a pergunta a fazer é o que é que cada um de nós pode fazer por si próprio e pelo seu país.
Aquilo que está subjacente ao voto dos cidadãos é que da vontade colectiva possa vir mais bem-estar para as pessoas. Mas o que é o bem-estar ? Na realidade, o bem-estar pode ser definido por cinco elementos (Seligman):
Emoção positiva, da qual fazem parte a felicidade e a satisfação com a vida.
Envolvimento.
Significado, não apenas para si próprio as também para os outros.
Realização pessoal, êxito na vida.  
Relações positivas:  as outras pessoas são o melhor remédio para a pessoas poderem melhorar a sua vida. Sartre não tinha razão quando achava que o inferno eram os outros. 

Há uma diferença entre PIB (produto interno bruto) e bem-estar. O PIB é insuficiente para percebermos o que se passa na vida das pessoas. Se é verdade que até certo ponto quanto mais dinheiro mais satisfação com a vida também é verdade que, a partir da base de segurança dada pelo dinheiro, deixa de ser assim.
Não sendo o PIB o único indicador sério do estado de uma nação, esperemos que nas instituições democráticas, as políticas possam mudar no sentido de aumentar o bem-estar.

Como já se previa neste período pós-eleitoral seria crucial a capacidade de políticos inteligentes procurarem estabelecer compromissos nas respectivas instituições, designadamente no parlamento.
O bem-estar das pessoas não é de esquerda nem de direita. Será que para os eleitos o bem-estar vai ser o mais importante ? 

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