01/03/14

Lentos ou rápidos


Encontrar o ritmo certo para a progressão das aprendizagens de todos os alunos da turma não é fácil. É provavelmente até impossível.
Houve quem defendesse que o ritmo devia ser marcado pelo último. As consequências daqui resultantes têm efeitos na gestão dos programas que nunca serão dados na sua totalidade e na não preparação dos alunos para as avaliações.
Se a escola fosse tropa, acertava-se o passo pelo da frente. Mas não é.
Que fazer nestas circunstâncias, quando numa turma temos alunos tão diferentes? 

Quando os alunos são muito despachados, o professor apercebe-se das diferenças que há entre eles. Se erram muito ou pouco, por exemplo. Em todo o caso, como habitualmente, é necessário proceder a uma avaliação psicológica e diagnóstico diferencial.
No caso de não cometer erros, podemos estar na presença de uma criança com precocidade excepcional ou sobredotação.
Se assim for, deve-se proceder, se for caso disso, à aplicação de medidas educativas que passam pela evolução nos anos de escolaridade e ou na aplicação de um plano de apoio pedagógico (antes designado como plano de desenvolvimento).
Mas pode também ser um aluno que, na realização dos trabalhos escolares, comete muitos erros devido à sua velocidade e impulsividade. Também aqui é necessário proceder a uma avaliação psicológica.
Normalmente há também necessidade de aplicar medidas educativas e ou psicológicas como, por exemplo, a realização de exercícios de desenvolvimento da atenção, reflexividade e de demora forçada. Este plano ajuda os alunos a superar as dificuldades de atenção e de concentração, permite desenvolver a capacidade de adaptação da resposta, estimula o auto-controlo, a resolução de problemas, a discriminação, e, além disso, reduz a impulsividade.

Também pode acontecer como na fábula. Para baralhar tudo, há os que têm muitas capacidades mas acabam atrás dos outros. E, neste caso, ainda estamos na presença de outras situações psicológicas e educativas...

Podemos estar na presença de alunos com precocidade ou sobredotação mas com problemas comportamento e insucesso escolar, porque se desmotivam quer porque já sabem os conteúdos quer porque o que se passa na sala de aula é pouco estimulante. Então, passam a fazer-se notados pelos maus motivos.
É, aliás, mais fácil, ser referenciado um aluno destes porque se porta mal na sala de aula do que devido a alguma característica diferente em relação aos outros alunos. Por isso, o professor deve estar atento a outros sinais: vocabulário desenvolvido, criatividade e originalidade,  profundidade de conhecimentos, juízo crítico, capacidade de liderança ...

Infelizmente, no nosso país, não existe uma orientação sistemática para despiste destas situações. Há experiências que se vão fazendo em alguns pontos do país e por algumas associações vocacionadas para o apoio a estas crianças
Mas o despiste das crianças sobedotadas é meramente pontual e muitas vezes acontece, devido não à precocidade mas a problemas de comportamento.
Mesmo que fôssemos um país rico não nos podíamos dar ao luxo de desperdiçarmos estes talentos. Mas é o que estamos a fazer.

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