20/03/14

A nuvem por Juno



Novamente, a comunicação social traz notícias sobre estudos recentes, importantes e sugestivos, sobre a indisciplina na escola.
Um estudo da Associação Empresários pela inclusão social (EPIS) sobre bullying e ciberbullying, vem revelar que 62% das crianças responderam afirmativamente à pergunta ‘há bullying na tua escola?’.
É verdade que é “uma percentagem preocupante”. Mas uma coisa é ter conhecimento de que há bullying outra é ser vítima de bullying.
Além disso, como se diz no estudo, o ciberbulying é um fenómeno social e familiar e não apenas escolar. Diria mesmo que se passa em grande parte fora da escola.
Metade destes alunos não se recordam de ver ou ouvir nas escolas campanhas de prevenção. 
Mas também é verdade que há escolas onde esse fenómeno virou prevenção da moda,  as campanhas de prevenção nem sempre dão os resultados esperados. Pelo contrário. Veja-se o que se passa com o consumo de tabaco ou de bebidas alcoólicas em meio escolar.

O comentário de C. Fiolhais ao estudo de  M. Filomena Mónica, com o título de “O colapso da escola” (19/03/2014), conclui que nas “nas salas de aula é hoje, por vezes, muito difícil senão mesmo impossível ensinar e aprender.”
Na realidade, há uma degradação das condições educativas nas escolas. Mas há salas de aulas e escolas muito diferentes.
Sabemos que todos os dias, na escola, há conflitos, violências e agressões. Há gritos, choros, e desesperos. Há alunos perturbados, hiperactivos, agressivos, desmotivados … 
Muitas destas situações ficam dentro dos muros da escola. Porque a escola é capaz de resolver por si esses problemas. Grave é tentar ocultar estas situações.
Quando passam para fora da escola e há alarme social, metendo policia e ministério público trata-se de outro problema, não de indisciplina mas de violência e agressão. Em termos quantitativos podem ser poucos casos mas são sintoma suficiente para se perceber até que ponto a escola e os contextos que lhe dão origem podem estar doentes.
Muitos problemas da escola resultam dos encarregados de educação que são agressivos verbalmente e fisicamente para os professores. São pais que muitas vezes conflituam entre si, inclusive na presença dos filhos e dos professores.
Muitas outras perturbações passam-se fora da escola, mesmo que à porta da escola. Principalmente no secundário.
Mas os bons exemplos são a grande maioria dos casos. A minha experiência com turmas do 9º ano, de 30 alunos ou 20 alunos, garante que mais de 90 %  são alunos extraordinários. São gente com gente na frente que se respeita mutuamente.
É muito importante que se estude o interior da sala de aula porque "por dentro das coisas é que as coisas são".
A escola deve ser estudada, deve ser transparente, deve merecer as críticas e os aplausos dos cidadãos.
Mas há escolas e escolas. Há salas de aula e salas de aula, tanto nas escolas do estado como nas particulares. Por isso, é necessário uma mensagem de tranquilidade para os pais: na grande maioria das escolas e das salas de aula trabalha-se e estuda-se. Não se pode confundir a nuvem com Juno.

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