18/09/13

Escola digital


microsoft-tablet1



Todos os anos, por esta altura, a escola fica sob os holofotes da sociedade. Isso é positivo. Também era bom que todas as instituições tivessem o escrutínio que tem a escola. Todas as críticas são, por isso, preciosas e têm que ser vistas e aproveitadas para introduzir melhorias no sistema educativo.
A escola iniciou mais um ano lectivo dentro daquilo que era de esperar. A grande maioria das escolas não apresenta problemas diferentes dos anos anteriores.
E há problemas que nunca mudam. São problemas psicológicas que embora dependentes de novas condições externas, fazem parte da própria dinâmica da vida das famílias, relativas à adaptação de cada aluno ou professor.
Estas escolas, em geral, não são notícia (good news no news).

Ao contrário, são notícia as escolas que têm problemas que, mesmo esses, são ampliados para se fazer crer que existe um caos instalado. Efectivamente, uma pequena percentagem de escolas têm problemas com o arranque do ano lectivo: falta de alguns professores, turmas com muitos alunos, escolas sem condições físicas, sem assistentes operacionais, sem técnicos... 
Mas a verdade é que o sistema funciona razoavelmente bem. Há que corrigir os erros  e compreender que os exageros, as informações falsas, parciais, deslocadas e contra-informações fazem  parte do processo de início do ano lectivo. 
Todos sabemos quem faz este papel todos os anos, quem toma a nuvem por Juno, e, por isso, não é de surpreender. 
A educação é um dos sectores governamentais que pela transparência, pela necessária lentidão de implantação das medidas, de médio e longo prazo, pela dificuldade da inclusão, apresenta mais dificuldades em agradar a toda a população. 

No meio deste ritual anual, eis que surge uma novidade positiva,que também foi notícia: alunos do 7.º ano do Agrupamento de Escolas de Cuba, vão deixar de ter livros e, em vez disso, terão "manuais digitais".
A iniciativa começou a ser pensada há dois anos na Direcção-Geral de Estabelecimentos Escolares (DGEE) - Direcção Regional de Serviços do Alentejo. Depois de avaliarem qual a melhor forma de acabar com os manuais e tentarem perceber as vantagens pedagógicas, seguiu-se a procura de parceiros. A Porto Editora com os livros digitais, a Fujitsu com os aparelhos e a Universidade Católica como instituição que vai monitorizar e avaliar a experiência permitiram dar gás ao projecto.
Esta iniciativa vem colocar em destaque, talvez, o mais importante de tudo isto que não diz apenas respeito aos "manuais digitais" mas à vida digital dos alunos. Neste grupo de alunos apenas um não tem facebook. 

H. Gardner, o teórico das inteligências múltiplas, em entrevista recente, interroga-se sobre a proliferação da informação na era digital. 
A internet, que percebe como um « caos geral », apresenta-nos um mundo onde vale tudo ? Neste caso, como ajuizar do que é verdade, do que é 
belo e do que está bem ? 
É por isso importante que a escola se ajuste à época digital em que vivemos. Mesmo que o objectivo principal continue a ser a alfabetização tem que ser mais do que isso: deve fornecer os instrumentos que permitam distinguir o que é verdadeiro do que é falso, de julgar sobre o que é a arte e o que é bom. Distinguir o que é inteligência colectiva do que é estupidez colectiva mesmo que apoiada com "gosto" por milhares de indivíduos.
Por isso, um currículo com "manuais digitais" deve incluir a educação para os valores da vida que, essa, não é virtual.


Actualizado - 24-9-2013

Outras referências:
Aula digital - da lousa ao tablet
A tecnologia serve como mediadora
Não basta ter acesso a tecnologia
Os eBooks que querem substituir os livros escolares

Sem comentários:

Enviar um comentário