Foi há 11 anos.
"A auto-imolação como duplo lugar de suicídio e homicídio leva-nos, obrigatoriamente, à questão de saber porque é que a união fatal a um ideal pode cegar no homem, no humano, o apelo à sobrevivência, a consciência da crueza do acto como se a alegria de um registo outro se pudesse contrapor a qualquer raciocínio, a qualquer outra meditação. Temos, portanto, aqui, o retrato agido de uma acção, movida pela crença omnipotente, a única mais forte do que a vida, e pela fusão com a própria crença."(C Amaral Dias, Um Psicanalista no Expresso do Ocidente "O dia que fez abalar o mundo").
Foi há 50 anos. Cantava-se o amor, de forma surpreendente:
Love, love me do
You know I love you
I'll always be true
So please, love me do
Whoa, love me do
Love, love me do
You know I love you
I'll always be true
So please, love me do
Oh, love me do
Someone to love
Somebody new
Someone to love
Someone like you
Há mais de dois mil e trezentos anos, num banquete, o tema era também o amor:
"Eis o que penso, Fedro, de Eros, o primeiro e o mais belo dos deuses, além disso autor, para os outros, de outras felicidades da mesma espécie; e o ritmo surge muito naturalmente na minha fala, para dizer que é ele quem produz:
a paz entre os humanos, a calma nas águas,
o silêncio dos ventos, o sono do cuidado.
É ele quem nos esvazia do estranho, nos enche de analogia, nos reúne como aqui mesmo em semelhantes sínodos; nas festas, nos coros, nos sacrifícios, faz-se o nosso guia; proporciona bom humor, expulsa o espírito melancólico; semeia a bondade; a maldade merece o seu ódio; favorável às pessoas de bem, digno do olhar dos sábios, maravilha os deuses. Quem não o tem aspira a ele; quem o tem gostaria de tê-lo mais; as delícias têm-no por pai, como o requinte, a vida doce, com as graças, o desejo e a paixão. Tem a preocupação do bem, não se preocupa com o mal. Com mágoa, medo, desejo, discurso, governa-nos, combate por nós e guarda-nos, entre todos o nosso salvador. É o ornamento dos deuses e dos homens, o melhor, o mais belo guia, que cada homem deve seguir, participando no hino que ele próprio entoa para encantar o espírito dos homens e dos deuses!" (Platão, O Banquete).
Evoluímos tão pouco!
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