04/05/19

A segurança do cidadão

1. É provável que mesmo os menos familiarizados com a Psicologia, já tenham lido ou tenham ouvido falar das necessidades humanas. Mas certamente todos sentimos a realidade dessas necessidades.
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Daqui
O psicólogo Abraham Maslow concebeu a motivação humana como um conjunto de necessidades  hierarquizadas que definem as necessidades básicas e outras necessidades do indivíduo  para ter uma vida plena.
De facto, o homem procura ao longo da sua via a autorrealização. Para isso, o indivíduo deve ter asseguradas as necessidades básicas.
Estas necessidades primordiais são as fisiológicas: ar, alimento, bebida, sono, calor, exercício, logo seguidas das necessidades de segurança: segurança, estabilidade, saúde, refúgio, dinheiro, emprego, e das necessidades  de amor e pertença: aceitação, amizade, intimidade, relação, e ainda de autoestima: sucesso, reconhecimento, respeito, competência. (O Livro da Psicologia, Abrahm Maslow, «O que um homem pode ser, deve sê-lo», págs. 138-139)

2. Como necessidade fundamental, a segurança do cidadão deve estar  garantida de forma a que o indivíduo possa desenvolver-se e ascender às necessidades de autorrealização.
Como podemos conseguir atingir este patamar?  Maslow “afirma que cada um de nós tem um propósito individual para si, para o qual está singularmente dotado e parte do caminho em direcçao à plenitude  consiste em identificar  e perseguir tal propósito.”
Portanto, não se trata apenas de vivermos numa sociedade que proporcione todas as necessidades básicas  ao individuo mas também de cada individuo procurar o propósito da sua vida e assim tudo poderá concorrer para atingir a autorrealização. Isto é, se podemos ser infelizes na mais segura das sociedades, isso não tira importância ao papel que as instituições do estado e da sociedade civil devem ter na protecção dos cidadãos.

3. Como sabemos, "A violência, nascida com a vida, acompanha o homem ao longo da sua história. Mas nenhum historiador é capaz de dizer como este fenómeno evoluiu ao longo dos séculos. Ao contrário,  as estatísticas, após uma data relativamente recente, permitem afirmar que a violência, considerada sobre todas as suas formas, aumenta." (Jean Voujour, La sécurité du citoyen, p. 3)
O que é contraditório é que o “meio económico, cada vez mais complexo pelo progresso técnico, assim como a elevação do nível de vida, fonte de multiplicação de bens, revela-se em parte responsável pela violência, incitando à agressão, facilitando o acidente, enquanto que ao mesmo tempo, a protecção eficaz dos bens e das pessoas é frequentemente negligenciada. Por conseguinte, a segurança tornou-se um dos maiores problemas da nossa sociedade." (idem, p. 3)
Por outro lado, numa altura em que  o terrorismo chegou à obscenidade dos últimos  tempos, a corrupção nunca foi tão avassaladora, as instituições do Estado devem assegurar a segurança no nosso quotidiano

4. Perante este problema, o governo minoritário de A. Costa, apresenta-se como a última versão pós 25 de Abril do "nós por cá todos bem", nega os  problemas graves, nega até que haja problemas, não reconhece a responsabilidade dos responsáveis governativos pelas cativações, principalmente na saúde, com as infindáveis listas de espera, o aumento da dívida, a procrastinação do investimento, o atraso nas pensões,  o amiguismo e o nepotismo, as falhas estruturais de combate aos incêndios, o roubo de armas, o tratamento dado aos professores* e aos técnicos especializados da educação (psicólogos, terapeutas, ILG...), aos enfermeiros, etc.
Assim, quem é que pode estar seguro ? 
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* Afinal havia um problema com os professores, criado no Parlamento por uma "coligação negativa". Este texto foi escrito antes de 3 de Maio, data da ameaça de demissão do governo pelo primeiro-ministro, ele próprio  à frente da mais longa "coligação negativa" que existiu neste país e a que Paulo Portas, eufemisticamente, deu o nome de "geringonça".

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