09/12/10

Um programa de governo

Maslow estabeleceu um conjunto de necessidades do ser humano que começam pelas necessidades relacionadas com a etologia e que são a base da sobrevivência individual e da espécie. Passam em seguida pela segurança, pela auto-estima e pela realização.
De facto o ser humano desenvolve-se ao longo da sua vida desde a concepção até à morte tendo em conta um conjunto de factores que devem estar presentes nesse processo.
A começar pelas necessidades biológicas ou básicas, tais como, a sede, a fome, o sono, a habitação, a protecção contra a dor, o desejo sexual, ou seja, as necessidades vitais para o organismo.
Vêm a seguir as necessidades de segurança, de sentimentos de protecção, de defesa perante eventuais situações de perigo e contra ameaças ambientais e as necessidades sociais e afectivas, tais como a participação, a amizade, o afecto, o amor, a aceitação por parte dos outros.
Quando as necessidades não estão suficientemente satisfeitas o indivíduo torna-se hostil e agressivo na relação interpessoal. Se estão satisfeitas, geram-se sentimentos de auto-confiança, de prestígio e facilitação das relações interpessoais.
As necessidades de estima, que estão intimamente relacionadas com o modo como o indivíduo se vê e avalia envolvem sentimentos de auto-apreciação, auto-confiança, necessidade de aprovação social, de respeito, prestígio e de consideração.
As necessidades de auto-realização estão relacionadas com a competência e o sucesso.
Parece evidente que a pessoa procura primeiro satisfazer as necessidades básicas (alimentação e habitação) antes de voltar o seu comportamento para a satisfação das necessidades de auto-realização. As necessidades de sobrevivência e de segurança devem ser satisfeitas para que uma necessidade de ordem mais elevada entre nas preocupações conscientes da pessoa.
Este conjunto de necessidades humanas podia ser um bom programa de governo. A estratégia passa por ter em conta o que são as necessidades básicas do indivíduo.
Não adianta vir para a comunicação social dizer que andamos tristes e o que é preciso é elevar a auto-estima dos portugueses quando as necessidades básicas não estão asseguradas. É uma espécie de insulto a quem passa dificuldades.
Se adoptássemos este programa de governo dispensávamos as grandes obras de fachada que podem aumentar a nossa reputação mas nos torna moralmente miseráveis face aos cidadãos sempre que é construída mais uma autoestrada desnecessária e mais pessoas entram na fase de não assegurarem as suas necessidades básicas.
Há discussões na nossa sociedade que só fazem sentido quando são significativas para as pessoas. O que quer dizer greve para um desempregado. O que significa auto-estima para uma pessoa que não tem alimentação nem habitação ?
Motivar as pessoas é encorajar o desenvolvimento dos seus recursos no sentido da competência e da autonomia.

Sem comentários:

Enviar um comentário