15/12/10

Infortácticas: segredos e fugas de informação

WikiLeaks é uma organização transnacional sem fins lucrativos, sediada na Suécia. O site, lançado em Dezembro de 2006 foi mantido em segredo até Janeiro de 2007, e, em meados de Novembro de 2007, já continha mais de um milhão de documentos.
O seu director é o australiano Julian Assange, jornalista e ciberactivista.
Em Janeiro de 2010, a equipa da WikiLeaks era constituída por menos de dez pessoas, mas especula-se que a WikiLeaks conte com mais de mil voluntários.
A WikiLeaks já recebeu vários prémios para os novos media, como prémios da revista The Economist, em 2008, e um prémio da Amnistia Internacional, em 2009.
Mas qual é então o problema ? É que a Wikileaks tem vindo a publicar, com origem em fontes anónimas, documentos, fotos e informações confidenciais, que são fugas de informação de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis e que comprometem o poder.
Um dos assuntos que veio causar grande polémica foi a publicação de documentos secretos, sobre a guerra do Iraque e sobre a diplomacia americana.
Algo está a mudar na comunicação social e no poder da comunicação social.
No entanto, nada disto é novo. A diferença é que os novos poderes de que fala Toffler, e entre eles a detenção de informação, estão aí em força e podem servir-se de meios como a internet.
O secretismo foi sempre uma das tácticas do poder.
Em 1990, dizia Toffler, o Governo dos E. U. A. classifica como secretos cerca de 20 milhões de documentos por ano. Na sua maioria, dizem respeito a assuntos militares e diplomáticos ou a questões que poderiam embaraçar o funcionalismo.
Mas se isso parece pouco democrático e até hipócrita, em outros países é ainda pior. Há segredos para tudo: para as invenções, investigações, justiça,  indústria, estatísticas…
E porquê o segredo ? "Porque o segredo é um dos instrumentos habituais do poder repressivo e da corrupção."
Mas o segredo também tem aspectos positivos dado que não vivemos num mundo idílico mas neste mundo há também ditadores, pequenos ou grandes, narcopolíticos e teólogos armados … e os segredos são necessários para proteger a segurança principalmente a militar.
Os segredos dão origem à segunda infortáctica mais comum: a táctica da fuga guiada...
Diz Toffler, o problema dos segredos é que alguns segredos são guardados, mas outros fogem. Quando a fuga é involuntária trata-se apenas de um segredo ineficazmente guardado. Fugas deste género lançam os funcionários numa demência profunda.  Em contrapartida as fugas guiadas são mísseis informacionais conscientemente lançados e com alvos calculados com toda a precisão.
Há riscos, como diz Pacheco Pereira, como o risco de se tornar uma plataforma desejada para grandes operações de desinformação ou o risco que a protecção pessoal  pode correr com estas "revelações"...
Se forem tidos em conta estes riscos, podemos então dizer que o mundo está hoje mais transparente e mais seguro. O poder  tem mais explicações a dar e tem que ser menos abusivo.

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