23/06/15

Vendido ou...



Isto nunca existiu (MEMORANDO DE ENTENDIMENTO SOBRE AS CONDICIONALIDADES DE POLÍTICA ECONÓMICA), o governo não resultou de eleições democráticas, legitimamente não pode governar, nem sequer teve que executar o que outros assinaram a 17 de Maio de 2011?

Privatizações 
3.31. O Governo acelerará o programa de privatizações. O plano existente para o período que decorre até 2013 abrange transportes (Aeroportos de Portugal, TAP, e a CP Carga), energia (GALP, EDP, e REN), comunicações (Correios de Portugal), e seguros (Caixa Seguros), bem como uma série de empresas de menor dimensão. O plano tem como objectivo uma antecipação de receitas de cerca de 5,5 mil milhões de euros até ao final do programa, apenas com alienação parcial prevista para todas as empresas de maior dimensão. O Governo compromete‐se a ir ainda mais longe, prosseguindo uma alienação acelerada da totalidade das acções na EDP e na REN, e tem a expectativa que as condições do mercado venham a permitir a venda destas duas empresas, bem como da TAP, até ao final de 2011. O Governo identificará, na altura da segunda avaliação trimestral, duas grandes empresas adicionais para serem privatizadas até ao final de 2012. Será elaborado um plano actualizado de privatizações até Março de 2012. 3.32. Elaborar um inventário de bens, incluindo imóveis, detidos pelos municípios e pela administração regional, analisando a possibilidade da sua privatização. [T2‐2012]

- A faceta imobiliária da política, enquanto campanha eleitoral, talvez venda melhor que uma agência agitprop, talvez porque tenha direitos que os outros não têm para usar espaços onde pode afixar a sua propaganda, talvez porque são tanto ou mais arrojados que as Femen ou o Greenpeace, talvez...

Agir ou agitar? Gosto de agir, para agitar prefiro a culinária. Gera a maior confusão política quando não se distinguem. Porque do agir ao agitar fica a racionalidade. Sem ela, agir vira agitação.
É o "mestre" Mao Tse Tung que "ensina". No "livro vermelho", "Sobre a prática, sobre a relação entre o conhecimento e  prática -  a relação entre conhecer e agir", escreve assim:
A unidade de conhecimento e acção levarão “à transformação do mundo objectivo e também do mundo subjectivo de cada um”.
“O mundo objectivo a transformar inclui igualmente todos os adversários dessa etapa da transformação; eles devem no início passar pela etapa da transformação, pela coacção, depois do que poderão abordar a etapa da reeducação consciente”. (pag 25)
Sabemos o que aconteceu a seguir: a revolução cultural.

- "A acção, a única actividade que se exerce directamente entre os homens sem a mediação das coisas ou da matéria, corresponde à condição humana da pluralidade, ao facto de que homens e não o Homem, vivem na Terra e habitam o mundo. Todos os aspectos da condição humana têm alguma relação com a política; mas esta pluralidade é especificamente a condição - não apenas a conditio sine qua non, mas a conditio per quam - de toda a vida política. Assim, o idioma dos romanos - talvez o povo mais político que conhecemos - empregava como sinónimas as expressões «viver» e «estar entre os homens» (inter homines esse), ou «morrer» e «deixar de estar entre os homens» (inter homines esse desinere). Mas, na sua forma mais elementar, a condição humana da acção está implícita até mesmo no Génesis («macho e fêmea Ele criou-os), se entendermos que esta criação do homem diverge, em princípio, da outra segundo a qual Deus originalmente criou o Homem (adam), e não eles, de modo que a pluralidade dos seres humanos vem a ser o resultado da multiplicação. A acção seria um luxo desnecessário, uma caprichosa interferência com as leis gerais do comportamento, se os homens não passassem de repetições interminavelmente reproduzíveis do mesmo modelo, todas dotadas da mesma natureza e essência, tão previsíveis como a natureza e a essência de qualquer outra coisa. A pluralidade é a condição da acção humana pelo facto de sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que ninguém seja exactamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir".
Hannah Arendt, A condição humana, pag. 20

Nesta entrevista (Maria Flor Pedroso a Joana Amaral Dias, 14-6-2015) discordo de quase tudo, principalmente das ideias económicas, da visão daquilo que é público ou privado, da leitura sobre a presidência da república, da estratégia do medo, das loas aos sirizas, podemos... mas esta entrevista merece  atenção do poder actual ou futuro, em termos estratégicos: luta contra a corrupção; aprofundamento da democracia (inclui a revisão constitucional: redução dos deputados da assembleia da república, revisão da lei eleitoral ?);  necessidade de compromissos políticos; identificação do responsável da crise; sem clivagem esquerda/direita...
Lamentavelmente a agitação ("eu não me vendo") não deu lugar à possibilidade de se confirmar uma atitude anti-populista e anti-demagógica.
Mas ainda assim, "agir" tem particularidades que outras (ditas) esquerdas estão longe de entenderem.
(19/7/2015)


(Continua)

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